Nenhum conto de fadas por si só faz justiça à riqueza de todas as imagens que dão corpo aos processos interiores mais complexos, mas uma história pouco conhecida dos Irmãos Grimm, intitulada “ a Rainha Abelha”, pode ilustrar a luta simbólica da integração da personalidade contra a desintegração caótica. A abelha é uma imagem particularmente adequada para os dois aspectos opostos de nossa natureza, pois a criança sabe que a abelha produz o doce mel, mas também pode picar dolorosamente. Sabe também que a abelha trabalha duro para realizar suas propensões positivas, colhendo o pólen com o qual produz o mel.
Em “ A Rainha Abelha”, os dois filhos mais velhos de um rei partem em busca de aventura e levam uma vida tão desregrada e dissoluta que nunca mais retornam ao lar. Em resumo, levam uma existência dominada pelo id, sem qualquer consideração pelas exigências da realidade ou pelas demandas justificadas e as críticas do superego. O terceiro e mais jovem dos filhos, chamado Simplório, parte em busca e, graças à persistência, é bem sucedido. Mas eles zombam do fato de ele achar que, na sua simplicidade, poderá se sair na vida melhor do que eles, que são supostamente muito mais espertos. Superficialmente, os dois irmãos estão certos: à medida que a história se desenrola, Simplório se revela tão incapaz quanto eles de exercer controle sobre a vida, representada pelas tarefas difíceis que eles todos são solicitados a executar - exceto pelo fato de que se revela capaz de apelar em auxilio próprio para seus recursos interiores, representados pelos animais adjuvantes.
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