segunda-feira, 21 de dezembro de 2009


Chegara o Natal e também dia do seu aniversário. Discutiram que presente lhe dar? Alguém sugeriu dar um Relógio, outro alguém uma corrente de ouro, perfume...
Não, já tinham muitos.
Alguém sugeriu lhe dar um livro. Livro não, falou a mais intima, ele já tem um.

Oh meu pai! por que eles não se descobrem na leitura. eu tenho um livro para sugerir QUEM EDUCA QUEM.e CIDADE DOS MEUS CONTOS,CANTOS,ENCANTOS E DESENCANTOS.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

NATAL E COPENHAGUE







Alma
precisa
de
calma,
de cultura.
O consumo me consome.
As energias precisam canalizar pro canto do equilibrio.
Chega de superfície.
A chuva vem chegando pra lavar tudo limpar o calor da poluição
não vale a pena somos filhos do mesmo pai.
Pai nosso.
As igrejas pregam só a fé.
Cristo pregava solidariedade com fé. Toda Bíblia é partilha.
Seus filhos nas ruas de São Paulo andam mulambentos com um cachorro ao lado. Encachaçados pra enganar a certeza.È NATAL.
O véu da noite que alumia na noite de lua cheia, o tempo passou ficaram a lembrança dos grilos na mesma orquestra com os sapos e, eu que sou urbano, achei que é covardia ou castigo viver na poluição.
É a arma armada na minha cara que aponta, quero a paz.
Refúgio é o que buscam na conferencia de Copenhague, mas eles estão surdos. São todos comandados pelo DEUS lucro.
Ele é que vai determinar o apocalipse.
O fim do mundo virá; nem pensem que é Deus o culpado.
Com 3cº a mais nos pólos os mares subirão 8 metros.
Os automóveis são dos maiores poluidores,
No Brasil a produção só aumenta.
O volume de lixo produzido já não cabe em nenhum lugar.
Onde havia RIOS agora 80% deles viraram esgotos.
Os alimentos 90% são trangênicos e também produzidos com herbicidas e agrotóxicos.
Carrossel sempre volta ao mesmo lugar. Onde estou?
Olha psiu!Não precisam quebrar a televisão e nem os computadores e nem uma outra máquina domesticadora das mentes e corações.
Mas é preciso ter disciplina.
Saber como, e o que usar.
Está todo mundo nu, com a mão no bolso, e se chover no sertão?
E as hidrelétricas que foram e continuam sendo construídas, não fale nada, mas depois destas construções: é só desequilíbrio. Do sul ao norte do leste ao oeste é tornados, enchentes, secas e carta de amor na telenovela pra condicionar as mentes, somos papel carbonos? Agora fale, grite, desentupa de tudo e alimente esperança sadia. Nada é pra. Mas, é bom não ficar parado.Se não pode vir um tiro no peito.

quero comer da sua comida

comigo vai tudo
azul ou cinza,
não sei.
orei da brincadeira orei na confusão.
E o nome sagrado Maria caminha na minhão mão.
Ja não tenho mais certeza na minha direção.
Se a mão que acaricia é a mesma que aponta o dedo em contra mão.
O bem que você fez, eu pensava o mal.
Hoje que entendo a direção sei que foi a música que precisava cantar.
Alma precisa de calma, de cultura. O consumo me consome.
As energias precisam canalisar pro canto do equilibrio.
Chega de superficie.
A chuva vem chegando pra lavar tudo limpar o calor da poluição
não vale a pena somos filhos domesmo pai.
pai nosso.
seus filhos nas ruas de são paulo andam mulambentos com um cachorro ao lado. encachaçados pra enganar a certeza.

arco-íris






Sob
o arco-íris
há um lugar.


Os pastores
acreditam e
foram procurar.
Vem senhor Jesus.
E ele vem.
Vamos refazer o caminho dos pastores onde dorme uma criança, vamos ver o que o senhor nos preparou. o caminho é o mesmo.
Quando a chuva tamborila na vidraça da janela eu olho o arco-íris. Vocês têm olhado?
Que a família comece e termine sabendo aonde vai.
E que os jovens entendam que a camisinha evita doenças, mas que o outro é mais que um troca-troca de luvas. E um lavar de púbis.
E que o homem seja apenas homem que esta é a graça do pai.
Que a mulher seja apenas mulher, porque assim estará sendo muito superior ao que o mercado a fantasia.
E que os filhos entendam os pais e a força do amor.
E que a sagrada família continue sendo o espelho, desfigurado no mercado de papai-noel.
Antes da televisão estas comemorações eram festas da família, festa cristã.
Hoje tudo é mercado. Lucro.
Parece até que o ser humano nasce apenas para produzir e consumir, assim tem sido as comemorações: Dia das mães, dos pais, dos namorados.
E o povo é estimulado a esquecer os anseios do seu espírito.
A preocupação com os bens materiais faz as pessoas distorcerem o sentido de sua dignidade e esquecem a importância da saúde, educação e da cultura;do convívio familiar e social. Esquecer os valores do espírito.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

devastação



Ela disse: passei a noite em pesadelos.
HOJE ao fazer uma caminhada, quando passava no parque com uma mata não muito crescida, passou uma cobra entre minhas pernas, quando entre um passo e outro.
Quase pisei em sua cabeça.
Acho que EU estava borboleteando, cantando, no canto da cigarra! E no cantar e no pensar; flutuei nos devaneios pra longe voei com uma gaivota que desenhava no ar brincando com vento como se fosse maestro dirigindo uma orquestra, tal a suavidade de seu voar.
Me ausentei um pouco de mim.
Pisei no chão firmente.
Fui caminhando passo a passo sentindo o calcanhar no chão subindo e descendo como se tivesse num ensaio de dança.
As aranhas se ausentaram ou foram devoradas não as encontrei.
Penso que é o veneno que andaram jogando por todo lado.
São tantas herbicidas, agrotóxicos que inventaram e jogam por todas as matas e plantações de todos os países e os hormonios nos bichos. Bichos criados para produzir leite e carne para o mercado. O mercado negocia: vende compra investe nas bolsas.
E o povo alimenta-se deste mercado na sobrevivencia da vida.
O povo precisa do alimento e o mercado, o lucro pelo lucro, amém. As doenças se espalham e esmigalham tantos sonhos,os hospitais não dão conta de tratar o cancer nos pobres. As matas e os bichos andam correndo risco de fuzilamentos, querem latifundios maiores para cuidar da plantação para especulação e não pensando na fome dos que morrem antes do tempo, transgenicos, é a solução? Quem disse. O fogo que arde devastando tudo é por causa do lucro.
O novo Deus que chegou e toma conta de tudo desde os condicionamentos dos que pensam que pensam até dos que não querem pensar.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

pai e mae








Pai e mãe,
ouro de minas,

Quem demonstrou a vida inteira ser um homem honrado torna honrada uma atitude que nos outros parecia duvidosa.
Pai e mãe.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

UMA DOSE DE PENSAMENTO




capa
do
livro
de
irineu xavier cotrim -








QUEM EDUCA QUEM
que ninguém lê.Mas eu continuo a escrever. Eu me leio...

O conhecimento baseia-se na informação que é adquirida somente através de fatos. Onde estão os fatos? Nos Livros. Onde estão os livros? Nas bibliotecas empoeiradas "de" falta de leitores.
Cada fato é um simples pedaço de informação. Informação...Eles pensam que pensam porque assistem a televisão e, nem sabem que estão mesmo é embotados de desinformação. Condicionados que são.
Palavra é arder no fogo dos vulcões e às vezes no fogo dos infernos, palavras que lemos e entendemos, bebemos da verdade embriagando-nos de um suave vinho. E o meu é do porto. Quer uma dose de leitura de pensamentos? Uma dose não vai te embebedar, embora às vezes faz um bem...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

lispector e eu







As imagens é um discurso do
Presidente Chileno
Salvador Allende.
Assassinado pela Ditadura de Pinochet - em 1973





Clarisse Lispector e Eu


O que é mais nítido de uma vida vazia é a pessoa que se levanta há mesma hora todos os dias tomam a rotina como uma divindade, toma a mesma condução, executa as mesmas tarefas na empresa, faz o mesmo percurso, almoça no mesmo local, levando assim uma existência rotineira, mecânica ano após ano. Pensa que pensa. E quando passa só vê urubu e imagina que é espelho!
A explosão de alguém, o enredo da novela, futebol, corpos sensuais pra vender sabonetes é para suprir a vontade recalcada, a monotonia da existência vazia. “o beijo da novela até faz chorar!”
Piedade não paralisa mais, piedade senhor, piedade!Libertam de opressivo peso estes insensatos neste áspero deserto de solidariedade e compaixão.
Nestes tempos nebulosos de globalização onde até alguns criminosos se tornam lideres religiosos e viram referencia nacional, e chegam a ser apontados e processados por lavagem de dinheiro e outros enroscos; voltam, se defendem e acusam o demônio para comoção dos fiéis, e põe fiel nisso...E, em todos os cantos do rincão nacional em lugares onde havia um cinema, teatro e até mesmo um boteco passam a ser uma nova igreja
É necessário, tudo mudo; absurdo, uma sociedade sem esperança não transforma e nem se transforma. A esperança deve ser sedimentada em valores morais éticos, famílias afiladas, onde Deus possa nos ouvir, a dor não consigo compreender e nos empurra para o abismo.

Uma sociedade sem esperança não transforma e nem se transforma. A esperança deve ser sedimentada em valores morais éticos, famílias afiladas. Familias? tem muita gente, querendo entender...
A pouca perspectiva de futuro para a maioria que se vê tentada a concorrência desleal que mais frustra do que promovem a esperança e solidariedade.
A esperança é um acompanhamento psíquico da vida e do crescimento. Quando desaparece, a vida termina, na realidade ou potencialmente.

A esperança passiva é uma forma de desesperança e impotência. Apenas anelos. Uma desesperança inconsciente, são alimentos prolixos que sustentam apenas a organização social e não justificam o bem e a alegria da vida consciente de cada ser.
Não vai dizer que não está entendendo!
Tudo passa. Tudo. Tudo mudo,absurdo, passa, passará, passarão. Passou um pássaro ou avião na minha imaginação. Um pássaro? Quem diria. Que medo ele tem, e nem sou mau assim!

Como tem crescido o número de ratos. Será por falta de gatos?
A ratoeira chegou; calma é só para criar expectativa de solução! Os ratos estão se reproduzindo como nunca. Não sobrará queijo sobre queijo. O congresso nacional que o diga.

O ser, o querer não é respeitado e sim o ter, ter, e ter. Mar de ratos, sombria de medo, época cética e egoísta; algumas vezes penso que a natureza humana une-se a natureza animal.
Corro a tapar os ouvidos, terrivelmente comovido com os sons cruentos.
A falta de consciência de nós mesmos faz com que sentimos individualmente incapazes. As nossas sombras não podem se sobrepor as nossas luzes!
Nada é por acaso, a mídia difunde o que é uma lavagem cerebral para todo o continente nacional, desmistificando a cultura regional. Que tristeza! O sonho é provocado por anseios infantis. E como tenho sonhado, fugindo desta realidade nua e crua de valores mudados.

Enquanto o sistema procura formar multiplicar consumistas, a educação empenha-se em formar cidadãos. Ainda é verdade? Ou anda tudo sem rumo?
Para o primeiro, o individuo é tanto mais capaz quanto mais competitivo e centrado nos próprios interesses. Para a educação, trata-se de formar pessoas solidárias altruístas, generosas. Cadê a educação?

Precisamos de uma revolução no nosso método educacional, para ensinar nós e aos nossos filhos a pensar, questionar e ter coragem de agir.

As pessoas vivem tão solitárias que as barreiras da decepção, do antagonismo, das disputas vão com tanta sede ao poço que matam o futuro com aquele presente de intensa paixão. Na sociedade ocidental e capitalista o amor passa a ser um fracasso.

Estes que no grupo se sentem protegidos individualmente estão perdidos na solidão. Há muita solidão na sociedade mercantil, busca-se o sucesso material para escamotear a solidão. A moda é outra forma de entender a conformidade, quanto maior o número de conformistas mais fáceis de controle social. Depois pensam que pensam... Como um povo livre... Na sociedade capitalista vive-se a mesmice, dai me vem o poema da Lispector. (Irineu Xavier Cotrim)

Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade. Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa. Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus. Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas. Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor. A nova vida. Tente.
Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações. Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida compre pão em outra padaria. Mude. Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano. (Clarice Lispector)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Brincando, brincando?










E eu o que diria
de minhas palavras,
contadas conta a gota, com frases, com letras, letradas, em versos ou em frases, e com certeza um pedaço do que deixo sair, brincando, com o que sinto, e com o que penso... O que mais temo de mim mesmo, a alma frágil vestida de armadura, onde os meus sentimentos são meus, onde as minhas ações, nem sempre me reflete naquilo que sou. O que mais primo, vive dentro do que guardo e acredito, mas o que faço, faço por vezes por que não me compete pedir compreensão, e até mesmo ilusão. Maior dor me causa o ter presenciado a miséria humana nos cantos da cidade, sem piedade e sem adornos. Nos rostos pedintes pedindo piedade e São Francsico nem aparece mais por aqui, o que vi foi uma polícia sedenta jogando bombas, espancando os miseráveis e desalojando de suas confiscadas moradias.
Compreensão não existe para mentes incompreensíveis... Jogadas, largadas, a não normalidade. Há um eu dentro de mim que chora, sente, ri, mas é tão intenso que o mundo não partilha.
Poderia até imitar o poeta "eu sou como a garça triste que morar a beira dos rios" Onde a minha maior prisão é pela liberdade de dizer quem sou, onde o mundo pareça tão grande, onde ele é tão pequeno. Sabe o que sinto o que penso, o que vejo e o que escuto, dói, porque eles não têm voz, a não ser dentro de mim. E eu que rezo o sermão da montanha

O fim de uma estação - faz parte do ciclo. Primavera, Verão, outono e Inverno. O fim sempre pode ser o começo. O tempo não para... O que é o tempo? Fim de ano e inicio de outro - o que significa?

meditação











Escutar o canto da fonte. Fazer a meditação; bacorejou na minha janela,
não sei se foi bom ou não.
O que sei é: as bicharadas vieram me visitar, fizeram uma arruaça e me deixaram refletindo no texto de Tobias.
Ainda não tenho resposta; estou meditando e buscando entender as metáforas sei que toda Bíblia é figurativa são contos do povo, portanto de uma época, com suas linguagens não é tão fácil entender É preciso um pouco de esclarecimentos sobre as linguagens de cada período, nos seminários para menores já se estudavam o latim, o frances, inglês e o grego, e hoje os que estudam teologia, já não tem mais estes conhecimentos imagina então estes que nem estudos têm e se dizem intérpretes da Bíblia...Estou meditando, querendo entender porque bacarejou na minha janela em plena tarde de inverno será para rimar com inferno? Estive em um dos crculos.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

encontros/sexo/sexo parte 5


Contradizem-se, só não conseguem o domínio dos seus órgãos, pois eles trabalham sempre, são independentes... Querem a razão, eles a paixão!...Desejos guardados... Ele dizia o que vinha aos pensamentos. Meu corpo vai tomando uma direção sempre transgredindo a razão. Minha viagem ao teu corpo continua... Em ritmos acelerados...

Venha ser carinhosa e delicada.
Impossível de ser à luz da lua que penetra nas frestas do seu ser.
E o mundo real que te ensinaram foi de onde escapou. Mas nunca o faças real. Que seus desejos são fantasias. De um mundo que não criou.
Despir lentamente... Mente que não sonhou.
É comum e normal que nos caminhos que traçaram sempre tiveram de renovar os obstáculos e, algumas vezes tomaram caminhos que deles foram desviados. A alegria é efêmera. Se olhares os acusam por alguma de suas imagens secretas desenhadas, surgirá em suas almas uma discórdia insuportável. Ao que a imaginação criara estava àquela construída com o tempo, mesmo na diferença tinha na intimidade reciprocidade.

ENCONTROS/PARTE 4











Sonho

ou


pesadelo
se deu mais ou menos assim:
O comércio fechou as portas, ficou sem energia elétrica, fiquei sem janelas.

Andava ele com umas idéias... Coisas instintos. Delírios... Que ficam guardados. Dizia Será que posso? Acompanhas-me? Beijos recheados de todos os desejos... Há o desconhecido nadando na obscuridade do seu mar, a vontade é de lançar-se na água, para refrescar a pele em brasa. Que arde de desejos...
Vai regando sua boca com suavidade, excitação. Percorre seus lábios. Induzindo-o a uma onda que os embala.

DESEJOS parte 3

O tempo e sua velocidade. Ela era de uma sensualidade de loucura gulosa de um luxo íntimo de mulher sensual de um perfume que o falo dele se ouriçava. Ele refugiando na sua falsa frieza o desejo daquela mulher, desses desejos tardios e tão violentos que crescem com a idade. São coisas anímicas.
“covarde sei que me podem chamar. Porque não calo no peito esta dor. Atire a primeira pedra, aquele que não sofreu por amor. Eu sei que vão censurar o meu proceder. eu sei mulher, que você mesma vai dizer. Que eu voltei pra me humilhar. É, mas não faz mal. Você pode até sorrir Perdão foi feito pra gente pedir” (Ataulfo Alves/Mario Lago).

ENCONTROS/SEXO parte 2



A linguagem simbólica é uma língua onde o mundo exterior é um símbolo do mundo interior, um símbolo de nossas almas e de nossas mentes, e se estamos enraizados destes valores que nos formaram nos alimentaram nos acalentaram então somos o que às vezes não gostaríamos que fosse. Mas a juventude é isso é romper grilhões e quebrar correntes, é questionar o velho para chegar ao novo, esta para se questionar, barrar, acabrunhar, abetumado é os velhos que não viveram estes abluir, este revolucionar da juventude. A velhice é anuviar a caminhada.
Guardaria as preocupações quando a burka fosse colocada, agora queria é estar viajando nos seus devaneios. Mas, não conseguia se tranqüilizar totalmente, entregava-se aos seus próprios pensamentos e preocupações, que não podia revelar para ninguém o que a alma abrigava uma semente destinada dualidade do seu ser, nestes embaraços por ora voluptudiosos e prolixos porque a dissimulação será aplicada somente quando estiver novamente vestida com sua bela burka!

ENCONTROS/DESEJOS parte 1


Há quanto tempo planejavam um encontro, para matar a saudade.
A saudade mata a gente, menina, ainda era bem moço, nem entedia bem este negócio do querer, do desejo...
Onde mora o desejo? Andava tateando, como cego no escuro. É bem além das montanhas, é pra lá do horizonte é ardiloso, tem suas manhas e se embarcas no seu barco ficaras navegando no escuro, mas isso é medo, medo de que? É melhor quedar-se e esquecer; então sonha e espera o amanhecer. Sonhar é tão bom, tão bom...
Queriam-se muito, tinham certeza. Tinham certeza? O que é a certeza? É derradeiro? Tens muito pra sonhar é bem moço, calma que nada é pra já!
Já estava era confundindo tudo, quem é que tem certeza de alguma coisa que atire a primeira pedra. Não vão sobrar pedras. Mas não se engane, e nem se dane, não vale nenhuma imolação, mais alguns passos e encontraras atalhos íngremes com pedregulhos escorregadios, mas necessários na caminhada para algum lugar.

Era um querer incomensurável. Incomensurável? É que não tem como medir, intenso.
Um desejo sem medida, desejos de cada silaba, gotinhas que molhavam a imaginação... Andavam embevecidos, cantarolavam todas as melodias que tocava no rádio. Até imaginava os passos de dança, é como dançar o baião... nem conseguia esvanecer os pensamentos e nem mesmo no trabalho

sexta-feira, 31 de julho de 2009


capa da Livro:
A CIDADE DOS MEUS
CONTOS,
CANTOS,
ENCATOS E
DESENCANTOS.



Fui ao sebo. Peguei um livro. Abri no prefácio fui lendo e me interessando, resolvi comprá-lo. Agora já em casa, resolvi que deveria ler, o tempo estava favorável, liguei o som nestas músicas sem letras que se ouvem só a melodia; som de violino, viola, violão, piano e La no fundo um sax misturado, e a leitura foram tomando conta, fui lendo direto e fui ficando agitado.
Descobri porque estava agitado. A pessoa que havia escrito o livro estava falando comigo, estava me contando algo que não sabia, fechei o livro e fiquei esperando um momento breve para continuar aquelas confidencias. Sabe quando terminei a leitura e guardei o livro, alguém queria ler emprestei não me devolveu fiquei chateado porque aquele livro tornou-se um amigo. E fez entender-me um pouquinho mais quem eu sou

terça-feira, 28 de julho de 2009

A violência se explica pela educação.(falta)


Como ensinar, se os alunos não se dispõe a aprender? Eles em suas casas já não brincam (a infância foi-lhes surrupiada) a sociedade de consumo fizeram deles pequenos consumidores... Já não se brinca mais, brincadeira é para a infância... As brincadeiras de roda, e tantas outras aprendidas e compartilhadas na construção da amizade e solidariedade; desaprenderam a compartilhar e desenraizar o egoísmo, seus pais frustrados, e diante do Deus televisão já não mais dá atenção, e compensam com presentes e com parabéns a você eles agora alunos não tem espaço físico e nem da alma, tudo está cronometrado pelas imagens tanto da TV quanto do computador, eles ficam desesperados para vir pra escola, quando estão de férias morrem de saudades da escola. Mas não é por causa do professor e nem do ESTUDAR, e sim, encontrar-se com os seus pares, está ansioso para conversar, brincar de alguma correria de alguma empatia de alguma zombaria, e até, pasmem, outro dia destes uma criança, adolescente de 10 anos diziam entre os seus "-estava convidando", seus coleguinhas para irem à sua casa, mas não deveriam esquecer a camisinha (...)
Na sala de aula: no dia a dia dos profissionais da educação:
Muitos dos alunos aqueles em "idade" de criança e os mais crescidos já em idade de compreender o que deveria ser uma escola estão tão perturbados emocionalmente que nem sequer fingem prestar atenção. É o quebra-quebra ainda não concretizado á caminho do caos

segunda-feira, 27 de julho de 2009

além do sexo...


Em nossa sociedade pornográfica todos os toques levam as mentes condicionadas ao sexo, tudo é sexo até pra vender sabonete tem que ter imagens insinuando a sexo. A verdade é que com tantos moralismos que carregamos na nossa formação ocidental. Os frutos não poderiam deixar de ser uma sociedade doente e carente por toques, por afetos. A mídia poderia mostrar em maior número de vezes pais abraçando filhos idosos sendo acariciados com ternura. Se os pais tivessem recebidos toques de caricias e também dado carícias nos seus filhos não haveria tantas confusões com relação às mãos que curam e as mãos que tocam para excitar.
Na sociedade de consumo descobriu-se que o sexo é importante, é uma dos motrizes que embalam as vendas. Tudo por dinheiro!
E, o ser humano tanto homens como mulheres querem, precisam e busca o afeto, os homens na sua maioria buscam inconscientemente; porque vivemos numa sociedade machista onde os valores são requentados.
Os homens que desejam o sexo com freqüência ou agem como se desejassem, percebem que o que necessitam é de afeto. Os homens que aprendem a apreciar os abraços, as caricias, os afagos, a proximidade, outras formas de comunicação terna. Para a mulher não adianta ter sexo com um monte de homens, a maioria deles não aprendeu a fazer carinhos, não toca, a menos que para excitar, e ela mulher quer mais que sexo e o homem na época mais moderna querem tudo por sexo, acaba fazendo algumas confusões com relação ao ser mulher que nem sempre pensa como ele o ser homem, e assim acaba na confusão esquecendo-se de agir como alguém que além de sexo, pensa!
Tocar com afeto nos aproxima tanto de outra pessoa que nos tornamos vulneráveis, mais dependentes emocionalmente e mais expostos a uma possível rejeição. Se uma mulher encontrar um homem terno que a abrace com ternura, é possível que se perda ou se enrosque em alguma teia. É tão bom um enrosco numa teia de aranha que até daria para fantasiar uma bela orquestra tocando uma sinfonia em noite de lua cheia!
Fazer amor é ser tocada assim imagina e deseja o ser mulher e o homem saber tocar faz com que aquela mulher se sinta tão amada, tão querida, tão exposta e vulnerável, tão acalentada e tão íntima que se chorar. Não se assuste; serão lágrimas de alegria.
Após o intercurso é tão importante o contato físico. Comecei a entender porque até homens feios são desejados e além da primeira acabam tendo maiores números de encontros... Ela havia dito numa certa conversa: todos os outros que havia feito sexo sempre após pulavam da cama a fim de lavar os odores e fluidos do sexo. É uma pena que hoje muitas mulheres estão tomando a dianteira e tendo comportamentos que foi do homem.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

VOCE ESTA FARTO DE QUE?







Alguém me perguntou qual o caminho certo? Fiquei assustado... caminho certo? Talvez sejam os atalhos!
Um dos caminhos que considero certo, porque sei, não haverá arrependimentos, será o das leituras. A leitura é uma grande companheira, está sempre presente nas nossas vidas, mas temos de procurá-la; ela não vem até nós! A leitura é amiga, ela é boa e companheira, ela é atenciosa, nos dá atenção, nos alegra nas horas tristes, compartilha com nós as horas alegres, mas temos de procurá-la, mas é orgulhosa, de um orgulho que nos faz respeitá-la e admirá-la.

alguma coisa esta fora da ordem


Talvez outra geração e não se vê nem uma luz que seja próxima, parece muito distante - que venha a reacender a luz da esperança nas mudanças de uma sociedade mais harmoniosa e solidária e o pior é que sonhei este sonho, se bem que lá atrás, e já se passaram alguns metros de desesperança que alguma coisa nos apraz. De fato estou ficando velho, já não é só o espelho que me acusa! Onde andará Maria Rita como diz uma canção do Vandré e eu pergunto onde andará Vandré que já não fez mais esta canção. E mais velho sei que sou quando bate uma saudade daqueles festivais onde as canções nos remetiam para algum futuro que nunca chegou. E lembrar-se de um show onde os estudantes pediam para a Mercedes Sosa cantar "que viva los Estudiantes" e não entendíamos, porque ela não atende e canta. No outro dia os jornais estampavam manchetes sobre o show e diziam que fora proibida pela censura de cantar esta melodia, e os caras eram tão burros de não ter proibido a apresentação da cantora porque havia tantas outras melodias mais instigantes como: La carta- letra de violeta parra. -Que letra e que melodia! Até hoje quando ouço fico em êxtase. E o cantor Victor Rara; assassinado no Chile tendo as mãos decepadas. Qual foi o seu pecado? Vejam hoje suas melodias. Vocês conhecem? Não? Então vou colocar alguns versinhos de suas canções, uma delas entre outras eu cantava para meu filho dormir e quem ler o meu livro vai lembrar-se deste detalhe, a outra foi que me incentivou a colocar o nome na filha.


La Carta, cantada por Mercedes Sosa.

Me mandaron una carta,
por el correo temprano,
en esa carta me dicen
que cayó preso mi hermano.
Y sin compasión con grillos
por las calles lo arrastraron.
Sí...
La carta dice el motivo,
que ha cometido Roberto,
haber apoyado el paro
que ya se había resuelto.
Si acaso esto es un motivo preso
voy también sargento.
Sí...
Yo que me encuentro tan lejos,
esperando una noticia,
me viene a decir en la carta
que en mi patria no hay justicia.
Los hambrientos piden pan,
los molesta la milicia.
Sí...
Habrase visto insolencia,
barbarie y alevosía, de presentar
el trabuco y matar a sangre fría.
Hay quien defensa no tiene con las
dos manos vacías.
Sí...
La carta que me mandaron
me pide contestación,
yo pido que se propale
por toda la población.
Que el león es un sanguinario
en toda generación.
Sí...

Por suerte tengo guitarra
y también tengo mi voz,
también tengo siete hermanos
fuera del que se engrilló.
Todos revolucionarios
con el favor de mi Dios.
Sí... Sí.


estas outras duas melodias é de Victor Rara.cantor chileno assassinado pela ditadura pinochet, sabe por que? PENSAVA!

Duerme, duerme, negrito,
que tu mama está en el campo
negrito.
Duerme, duerme, negrito,
que tu mama está en el campo,
negrito.
Te va a traer codornices para ti,
te va a traer mucha cosa para ti,
te va a traer carne de cerdo para ti,
te va a traer mucha cosa para ti.
Y si negro no se duerme
viene diablo blanco
y ¡zas!
le come la patita.

Duerme, duerme, negrito,
que tu mama está en el campo,
negrito.
Trabajando, trabajando duramente,
trabajando sí,
trabajando y no le pagan,
trabajando sí,
trabajando y va tosiendo,
trabajando sí,
trabajando y va de luto,
trabajando sí,
pa'l negrito chiquitito,
trabajando sí,
no le pagan sí,
duramente sí,
va tosiendo sí,
va de luto sí.

Duerme, duerme, negrito,
que tu mama está en el campo,
negrito.

Te recuerdo Amanda
la calle mojada
corriendo a la fabrica donde trabajaba Manuel

La sonrisa ancha, la lluvia en el pelo,
no importaba nada
ibas a encontrarte con el,
con el, con el, con el, con el

Son cinco minutos
la vida es eterna,
en cinco minutos

Suena la sirena,
de vuelta al trabajo
y tu caminando lo iluminas todo
los cinco minutos
te hacen florecer

Te recuerdo Amanda
la calle mojada
corriendo a la fabrica
donde trabajaba Manuel

La sonrisa ancha
la lluvia en el pelo
no importaba nada,
ibas a encontrarte con el,
con el, con el, con el, con el

Que partió a la sierra
que nunca hizo daño,
que partió a la sierra
y en cinco minutos,
quedó destrozado

Suenan las sirenas
de vuelta al trabajo
muchos no volvieron
tampoco Manuel

Te recuerdo Amanda,
la calle mojada
corriendo a la fábrica,
donde trabajaba Manuel.

Década de 1960 e 1970 vai demorar mais de um século para aparecer coisas semelhantes!Jovens nas ruas, a cultura nos poros e nas mentes, a arte em todos os cantos, e nas mais variadas formas.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

DOSTOIEVSKI



"Não consegui chegar a nada, nem mesmo tornar-me
mau: nem bom nem canalha nem honrado nem herói
nem inseto.
Agora, vou vivendo os meus dias em meu
canto, incintando-me a mim mesmo com o consolo raivoso
- que para nada serve - de que um homem inteligente não
pode, à sério, tornar-se algo, e de que somente os imbecis
o conseguem..."


In:"Memórias do Subsolo"Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio...

um pouco de tolstoi


A essencia de nós não esta na razão.
Que teria sido de mim, que teria sido da minha vida se não fossem essas crenças, se não soubesse que é preciso viver para Deus e não para as minhas necessidades? Teria roubado, teria matado, teria mentido. Nenhuma das principais alegrias da minha vida teria podido existir para mim". E por mais esforços mentais que fizesse, não conseguia ver-se a si próprio como o ser bestial que teria sido, caso não soubesse para que vivia. "Buscava resposta à minha pergunta. Mas o pensamento não me podia responder, pois o pensamento não pode medir-se com a pergunta. A própria vida se encarregou de me responder graças ao conhecimento do bem e do mal".

"E esse conhecimento não o adquiri através de coisa alguma, foi-me outorgado, como a todos os demais, visto que o não pude encontrar em parte alguma. De onde o soube? Porventura foi através do raciocínio que eu cheguei à conclusão de que é preciso amar o próximo e não lhe fazer mal? Disseram-me na infância e acreditei-o com alegria, pois trazia-o na alma. E quem o descobriu? A razão, não. A razão descobriu a luta pela existência e a lei, que exige que se eliminem todos quantos nos impedem de satisfazer os nossos desejos. Esta a dedução do raciocínio, que não pode descobrir que se deve amar o próximo, pois amar o próximo não é razoável".

Leon Tolstoi, in "Ana Karenina"
Instalámo-nos, portanto, na cidade. Aí toda a vida é suportável para as pessoas infelizes. Um homem pode viver cem anos na cidade, sem dar por que morreu e apodreceu há muito. Falta tempo para o exame de consciência. As ocupações, os negócios, os contactos sociais, a saúde, as doenças e a educação das crianças preenchem-nos o tempo. Tão depressa se tem de receber visitas e retribuí-las, como se tem de ir a um espectáculo, a uma exposição ou a uma conferência.
De facto, na cidade aparece a todo o momento uma celebridade, duas ou três ao mesmo tempo que não se pode deixar de perder. Tão depressa se tem de seguir um regime, tratar disto ou daquilo, como se tem de falar com os professores, os explicadores, as governantas. A vida torna-se assim completamente vazia.

Leon Tolstoi, in "a vida vazia na cidade”

A liberdade nunca é real. Se examinarmos um indivíduo isolado sem o relacionarmos com o que o rodeia, todos os seus actos nos parecem livres. Mas se virmos a mínima relação entre esse homem e quanto o rodeia, as suas relações com o homem que lhe fala, com o livro que lê, com o trabalho que está fazendo, inclusivamente com o ar que respira ou com a luz que banha os objectos à sua roda, verificamos que cada uma dessas circunstâncias exerce influência sobre ele e guia, pelo menos, uma parte da sua actividade. E quantas mais influências destas observamos mais diminui a ideia que fazemos da sua liberdade, aumentando a ideia que fazemos da necessidade a que está submetido.
(...) A gradação da liberdade e da necessidade maiores ou menores depende do lapso de tempo maior ou menor desde a realização do acto até à apreciação desse mesmo acto. Se examino um acto que pratiquei há um minuto em condições quase as mesmas em que me encontro actualmente, esse acto parece-me absolutamente livre. Mas se aprecio um acto realizado há um mês, ao encontrar-me em circunstâncias diferentes, a meu pesar, se não tivesse realizado esse acto, não existiriam muitas coisas inúteis, agradáveis e necessárias que derivam dele. Se me translado com a memória a um acto mais remoto, a um acto de há dez anos ou mesmo mais, então as suas consequências ainda se me apresentarão mais evidentes e ser-me-á difícil representar-me seja o que for, caso aquele acto remoto nunca tivesse existido.
Quanto mais retroceder na minha memória, ou, o que vem a dar na mesma, quanto mais projectar no futuro o meu juízo, tanto mais duvidosos me parecerão os meus raciocínios acerca da liberdade do acto realizado.

Leon Tolstoi, in 'Guerra e Paz'

Machado de Assis.












Abençoados os que possuem amigos,
os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!


Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

Johann Goethe.


Queres viver alegremente? Caminha com dois sacos, um para dares, outro para receberes.

A ingratidão é sempre uma forma de fraqueza. Nunca vi homens hábeis serem ingratos.


É muito mais fácil reconhecer o erro do que encontrar a verdade; aquele está na superfície e por isso é fácil erradicá-lo; esta repousa no fundo, e não é qualquer um que a pode investigar

Caetano Veloso


Não me venha falar
Na malícia de toda mulher
Cada um sabe a dor
E a delícia
De ser o que é...

Você diz a verdade
A verdade é o seu dom
De iludir
Como pode querer
Que a mulher
Vá viver sem mentir...
.

Pablo Neruda.


Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.

Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.

Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o amor passou.

Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.




Plena mulher, maçã carnal, lua quente,
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,
que obscura claridade se abre entre tuas colunas?
que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um so mel derrotados.
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,
e o fogo genital transformado em delícia
corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo noturno,
até ser e não ser senão na sombra de um raio.

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Milton Nascimento.


Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração

Paulo Cesar Pinheiro


A vida da gente é mistério
A estrada do tempo é segredo
O sonho perdido é espelho
O alento de tudo é canção
O fio do enredo é mentira
A história do mundo é brinquedo
O verso do samba é conselho
E tudo o que eu disse é ilusão

roberto carlos.


Você foi o maior dos meus casos
De todos os abraços o que eu nunca esqueci
Você foi dos amores que eu tive
O mais complicado e o mais simples pra mim.
Você foi o melhor dos meus erros
A mais estranha história que alguém já escreveu
E é por essas e outras que a minha saudade
Faz lembrar de tudo outra vez.
Você foi a mentira sincera
Brincadeira mais séria que me aconteceu
Você foi o caso mais antigo
O amor mais amigo que me apareceu
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim outra vez.
Esqueci de tentar te esquecer
Resolvi te querer por querer
Decidi te lembrar quantas vezes eu tenha vontade
Sem nada perder.
Você foi toda a felicidade
Você foi a maldade que só me fez bem
Você foi o melhor dos meus planos
E o pior dos enganos que eu pude fazer
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim outra vez.

Vinícius de Morais.



Soneto de Maior Amor

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

elvis presley.

Sempre em meu pensamento

Talvez eu não tenha te
tratado
Tão bem quanto deveria
Talvez eu não tenha te
amado
Com tanta frequência quanto poderia
Pequenas
coisas que eu deveria ter dito e feito
Eu simplesmente
nunca me dei ao trabalho

Você sempre estava em meus
pensamentos
Você sempre estava em meus pensamentos

Talvez eu não te abracei
Todos aqueles momentos
solitários
E eu acho que nunca te disse
Que sou muito
feliz por você ser minha
Se eu fiz você se sentir a segunda
melhor
Garota, eu sinto muito, eu estava cego

Você sempre estava em meus pensamentos
Você sempre estava
em meus pensamentos

Diga-me,
Diga-me que seu
doce amor não morreu
Me dê
Me dê mais uma chance
De te manter satisfeita, satisfeita

Pequenas
coisas
Que eu deveria ter dito e feito
Eu simplesmente
nunca me dei o trabalho
Você sempre estava em meus
pensamentos
Você sempre estava em meus pensamentos

Boby Marley


As vezes contruimos sonhos em grandes pessoas o tempo passa e descobrimos que grande eram os sonhos, eas pessoas pequenas demais para realiza- lo

Gonzaguinha.


Eu apenas queria que você soubesse Que aquela alegria ainda está comigo E que a minha ternura não ficou na estrada Não ficou no tempo presa na poeira Eu apenas queria que você soubesse Que esta menina hoje é uma mulher E que esta mulher é uma menina Que colheu seu fruto flor do seu carinho Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta Que hoje eu me gosto muito mais Porque me entendo muito mais também E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora É se respeitar na sua força e fé E se olhar bem fundo até o dedão do pé Eu apenas queira que você soubesse Que essa criança brinca nesta roda E não teme o corte de novas feridas Pois tem a saúde que aprendeu com a vida.

Friedrich Nietzsche.


Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.

O verdadeiro homem quer duas coisas: perigo e jogo. Por isso quer a mulher: o jogo mais perigoso.

As mulheres podem tornar-se facilmente amigas de um homem; mas, para manter essa amizade, torna-se indispensável o concurso de uma pequena antipatia física.
Friedrich Nietzsche. Não é só a razão, mas também a nossa consciência, que se submetem ao nosso instinto mais forte, ao tirano que habita em nós.

Charles Chaplin.


Pensamos demasiadamente
Sentimos muito pouco
Necessitamos mais de humildade
Que de máquinas.
Mais de bondade e ternura
Que de inteligência.
Sem isso,
A vida se tornará violenta e


Tudo se perderá.



Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.

Cora Coralina


O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.
Cora Coralina.

Mãe

Renovadora e reveladora do mundo
A humanidade se renova no teu ventre.
Cria teus filhos,
não os entregues à creche.
Creche é fria, impessoal.
Nunca será um lar
para teu filho.
Ele, pequenino, precisa de ti.
Não o desligues da tua força maternal.

Que pretendes, mulher?
Independência, igualdade de condições...
Empregos fora do lar?
És superior àqueles
que procuras imitar.
Tens o dom divino
de ser mãe
Em ti está presente a humanidade.

Mulher, não te deixes castrar.
Serás um animal somente de prazer
e às vezes nem mais isso.
Frígida, bloqueada, teu orgulho te faz calar.
Tumultuada, fingindo ser o que não és.
Roendo o teu osso negro da amargura.


Cora Coralina
Estas mãos

Olha para estas mãos
de mulher roceira,
esforçadas mãos cavouqueiras.

Pesadas, de falanges curtas,
sem trato e sem carinho.
Ossudas e grosseiras.

Mãos que jamais calçaram luvas.
Nunca para elas o brilho dos anéis.
Minha pequenina aliança.
Um dia o chamado heróico emocionante:
- Dei Ouro para o Bem de São Paulo.

Mãos que varreram e cozinharam.
Lavaram e estenderam
roupas nos varais.
Pouparam e remendaram.
Mãos domésticas e remendonas.

Íntimas da economia,
do arroz e do feijão
da sua casa.
Do tacho de cobre.
Da panela de barro.
Da acha de lenha.
Da cinza da fornalha.
Que encestavam o velho barreleiro
e faziam sabão.

Minhas mãos doceiras...
Jamais ociosas.
Fecundas. Imensas e ocupadas.
Mãos laboriosas.
Abertas sempre para dar,
ajudar, unir e abençoar.

Mãos de semeador...
Afeitas à sementeira do trabalho.
Minhas mãos raízes
procurando a terra.
Semeando sempre.
Jamais para elas
os júbilos da colheita.

Mãos tenazes e obtusas,
feridas na remoção de pedras e tropeços,
quebrando as arestas da vida.
Mãos alavancas
na escava de construções inconclusas.

Mãos pequenas e curtas de mulher
que nunca encontrou nada na vida.
Caminheira de uma longa estrada.
Sempre a caminhar.
Sozinha a procurar
o ângulo prometido,
a pedra rejeitada.

Adélia Prado


Dia

As galinhas com susto abrem o bico
e param daquele jeito imóvel
- ia dizer imoral -
as barbelas e as cristas envermelhadas,
só as artérias palpitando no pescoço.
Uma mulher espantada com sexo:
mas gostando mui



Entrevista

Um homem do mundo me perguntou:
o que você pensa do sexo?
Uma das maravilhas da criação eu respondi.
Ele ficou atrapalhado, porque confunde as coisas
e esperava que eu dissesse maldição,
só porque antes lhe confiara:
o destino do homem é a santidade.
A mulher que me perguntou cheia de ódio:
você raspa lá? Perguntou sorrindo,
achando que assim melhor me assassinava.
Magníficos são o cálice e a vara que ele contém,
peludo ou não.
Santo, santo, santo é o amor que vem de Deus,
não porque uso luva ou navalha.
Que pode contra ele o excremento?
Mesmo a rosa, que pode a seu favor?
Se "cobre a multidão dos pecados e é benigno,
como a morte duro, como o inferno tenaz",
descansa em teu amor, que bem estás.


Dia

As galinhas com susto abrem o bico
e param daquele jeito imóvel
- ia dizer imoral -
as barbelas e as cristas envermelhadas,
só as artérias palpitando no pescoço.
Uma mulher espantada com sexo:
mas gostando muito.

Adélia Prado

Entrevista

Um homem do mundo me perguntou:
o que você pensa do sexo?
Uma das maravilhas da criação eu respondi.
Ele ficou atrapalhado, porque confunde as coisas
e esperava que eu dissesse maldição,
só porque antes lhe confiara:
o destino do homem é a santidade.
A mulher que me perguntou cheia de ódio:
você raspa lá? Perguntou sorrindo,
achando que assim melhor me assassinava.
Magníficos são o cálice e a vara que ele contém,
peludo ou não.
Santo, santo, santo é o amor que vem de Deus,
não porque uso luva ou navalha.
Que pode contra ele o excremento?
Mesmo a rosa, que pode a seu favor?
Se "cobre a multidão dos pecados e é benigno,
como a morte duro, como o inferno tenaz",
descansa em teu amor, que bem estás.

Affonso Romano de Santa’Anna


A implosão da mentira ou o episódio do Riocentro
Fragmento 1
Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente.
Mentem
de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.
Mentem.
Mentem e calam. Mas suas frases
falam. E desfilam de tal modo nuas
que mesmo um cego pode ver
a verdade em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é difícil
e para alguns é cara e escura.
Mas não se chega à verdade
pela mentira, nem à democracia
pela ditadura.
Fragmento 2
Evidente/mente a crer
nos que me mentem
uma flor nasceu em Hiroshima
e em Auschwitz havia um circo
permanente. Mentem. Mentem caricaturalmente.
Mentem como a careca
mente ao pente,
mentem como a dentadura
mente ao dente,
mentem como a carroça
à besta em frente,
mentem como a doença
ao doente,
mentem clara/mente
como o espelho transparente.
Mentem deslavadamente,
como nenhuma lavadeira mente
ao ver a nódoa sobre o linho.
Mentem
com a cara limpa e nas mãos
o sangue quente.
Mentem
ardente/mente como um doente
em seus instantes de febre.
Mentem
fabulosa/mente como o caçador que quer passar
gato por lebre.
E nessa trilha de mentiras
a caça é que caça o caçador
com a armadilha.
E assim cada qual
mente industrial? mente,
mente partidária? mente,
mente incivil? mente,
mente tropical?mente,
mente incontinente?
mente,
mente hereditária?
mente,
mente, mente, mente.
E de tanto mentir tão brava/mente
constroem um país
de mentira
-diária/mente.
Fragmento 3
Mentem no passado. E no presente
passam a mentira a limpo. E no futuro
mentem novamente.
Mentem fazendo o sol girar
em torno à terra medieval/mente.
Por isto, desta vez, não é Galileu
quem mente.
mas o tribunal que o julga
herege/mente.
Mentem como se Colombo partin-
do do Ocidente para o Oriente
pudesse descobrir de mentira
um continente. Mentem desde Cabral, em calmaria,
viajando pelo avesso, iludindo a corrente
em curso, transformando a história do país
num acidente de percurso.
Fragmento 4
Tanta mentira assim industriada
me faz partir para o deserto
penitente/mente, ou me exilar
com Mozart musical/mente em harpas
e oboés, como um solista vegetal
que absorve a vida indiferente.
Penso nos animais que nunca mentem.
mesmo se têm um caçador à sua frente.
Penso nos pássaros
cuja verdade do canto nos toca
matinalmente.
Penso nas flores cuja verdade das cores escorre no mel
silvestremente. Penso no sol que morre diariamente
jorrando luz, embora
tenha a noite pela frente.
Fragmento 5
Página branca onde escrevo. Único espaço
de verdade que me resta. Onde transcrevo
o arroubo, a esperança, e onde tarde
ou cedo deposito meu espanto e medo.
Para tanta mentira só mesmo um poema
explosivo-conotativo
onde o advérbio e o adjetivo não mentem
ao substantivo
e a rima rebenta a frase
numa explosão da verdade. E a mentira repulsiva
se não explode pra fora
pra dentro explode
implosiva.

Thiago de Mello.


Memória da esperança

Na fogueira do que faço
por amor me queimo inteiro.
Mas simultâneo renasço
para ser barro do sonho
e artesão do que serei.
Do tempo que me devora
me nasce a fome de ser.
Minha força vem da frágil
flor ferida que se entreabre
resgatada pelo orvalho
da vida que já vivi.
Qual a flama que darei
para acender o caminho
da criança que vai chegar?
Não sei. Mas sei que já dança,
canção de luz e de sombra,
na memória da esperança.

secos e molhados






Fala

Secos e Molhados

Composição: João Ricardo

Eu não sei dizer
Nada por dizer
Então eu escuto
Se você disser
Tudo o que quiser
Então eu escuto
Fala

Se eu não entender
Não vou responder
Então eu escuto
Eu só vou falar
Na hora de falar
Então eu escuto
Fala

cora


Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncioDas Pedras
de Cora Coralina
Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.
Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.
Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida…
Quebrando pedras
e plantando flores.
Entre pedras que me esmagavam
Levantei a pedra rude
dos meus versos.

fernando pessoa


Entre O Sono E Sonho
de Fernando Pessoa
Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.
Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.
E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre -
Esse rio sem fim
Sossega, coração!


Não desesperes!
de Fernando Pessoa
Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme

f.gullar


Traduzir-se
de Ferreira Gullar
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
-que é uma questão
de vida ou morte-
será arte

florbela

O Meu Impossível
de Florbela Espanca
Minh’alma ardente é uma fogueira acesa,
É um brasido enorme a crepitar!
Ânsia de procurar sem encontrar
A chama onde queimar uma incerteza!
Tudo é vago e incompleto! E o que mais pesa
É nada ser perfeito. É deslumbrar
A noite tormentosa até cegar,
E tudo ser em vão! Deus, que tristeza!…
Aos meus irmãos na dor já disse tudo
E não me compreenderam!… Vão e mudo
Foi tudo o que entendi e o que pressinto…
Mas se eu pudesse a mágoa que em mim chora
Contar, não a chorava como agora,
Irmãos, não a sentia como a sinto!… Noite de Saudade
de Florbela Espanca
A noite vem pousando devagar
Sobre a terra, que inunda de amargura…
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura…
Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura…
E eu ouço a noite imensa soluçar!
E eu ouço soluçar a noite escura!
Porque és assim tão ’scura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó noite, em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho!
Saudade que eu nem sei donde me vem…
Talvez de ti, ó noite!… Ou de ninguém!…
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho

gregorio de barros


Original e Cópia
de Gregório de Matos
Se há de ver-vos quem há de retratar-vos
E é forçoso cegar quem chega a ver-vos,
Sem agravar meus olhos, e ofender-vos,
Não há de ser possível copiar-vos.
Com neve, e rosas quis assemelhar-vos,
Mas fora honrar as flores, e abater-vos;
Dois zéfiros por olhos quis fazer-vos;
Mas quando sonham eles de imitar-vos?
Vendo que a impossíveis me aparelho,
Desconfiei da minha tinta imprópria,
E a obra encomendei a vosso espelho.
Porque nele com luz, e cor mais própria
Sereis, se não me engana o meu conselho,
Pintor, pintura, original, e cópia

guilherme arantes


Meu Mundo e Nada Mais
de Guilherme Arantes
Quando eu fui ferido vi tudo mudar
Das verdades que eu sabia
Só sobraram restos e eu não esqueci
Toda aquela paz que eu tinha
Eu que tinha tudo hoje estou mudo, estou mudado
À meia-noite, à meia luz, pensando
Daria tudo por um modo de esquecer
Eu queria tanto estar no escuro do meu quarto
À meia-noite, à meia luz, sonhando
Daria tudo por meu mundo e nada mais
Não estou bem certo se ainda vou sorrir
Sem um traço de amargura
Como ser mais livre, como ser capaz
de enxergar um novo dia
Eu que tinha tudo hoje estou mudo, estou mudado
À meia-noite, à meia luz, pensando
Daria tudo por um modo de esquecer
Eu queria tanto estar no escuro do meu quarto
À meia-noite, à meia luz, sonhando
Daria tudo por meu mundo e nada mais

guimaraes


O Sono das Águas
de Guimarães Rosa
Há uma hora certa,
no meio da noite, uma hora morta,
em que a água dorme.
Todas as águas dormem:
no rio, na lagoa,
no açude, no brejão, nos olhos d’água,
nos grotões fundos
E quem ficar acordado,
na barranca, a noite inteira,
há de ouvir a cachoeira
parar a queda e o choro,
que a água foi dormir…
Águas claras, barrentas, sonolentas,
todas vão cochilar.
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas,
fios brancos, torrentes.
O orvalho sonha
nas placas da folhagem
e adormece.
Até a água fervida,
nos copos de cabeceira dos agonizantes…
Mas nem todas dormem, nessa hora
de torpor líquido e inocente.
Muitos hão de estar vigiando,
e chorando, a noite toda,
porque a água dos olhos
nunca tem sono…

hilda


Cantares do Sem-Nome e de Partidas.
de Hilda Hilst
I-Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.

manoel de barros


Manoel de Barros
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá, onde a criança diz:
eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
Funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta,
que é a voz
De fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio. O Silêncio

quintana


Mario Quintana
Há um grande silêncio que está sempre à escuta…
E a gente se põe a dizer inquietamente qualquer coisa,
qualquer coisa, seja o que for,
desde a corriqueira dúvida sobre se chove ou não chove hoje
até a tua dúvida metafísica, Hamleto!
E, por todo o sempre, enquanto a gente fala, fala, fala
o silêncio escuta…
e cala.

victor hugo


O Amor
de Victor Hugo
Pois que a beber me deste em taça transbordante,
E a fronte no teu colo eu tenho reclinado,
E respirei da tu’alma o hálito inebriante,
- Misterioso perfume à sombra derramado;
Visto que te escutei tanto segredo, tanto!
Que vem do coração, dos íntimos refolhos,
E tive o teu sorriso e enxuguei o teu pranto,
- A boca em minha boca e os olhos nos meus olhos;
Pois que um raio senti do teu astro, querida,
Dissipar-me da fronte as densas brumas frias,
Desde que vi cair na onda da minha vida
A pétala de rosa arrancada aos teus dias…
Posso agora dizer ao tempo, em seus rigores:
- Não envelheço, não! podeis correr, sem calma,
Levando na torrente as vossas murchas flores
Ninguém há de colher a flor que eu tenho n’alma!
Podeis com a asa bater, tentando, sem efeito,
A taça derramar em que me dessedento:
Do que cinzas em vós há mais fogo em meu peito;
E, em mim, há mais amor que em vós esquecimento

lispector




-A Lucidez Perigosa
de Clarice Lispector

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.
Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço.
Além do que:que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.
Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade -
essa clareza de realidade
é um risco.
Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve
para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.



Dá-me a Tua Mão
de Clarice Lispector

Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.
Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncioDas Pedras