segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Bertold Brecht

A Cruz de Giz
Eu sou uma criada. Eu tive um romanceCom um homem que era da SA.Um dia, antes de irEle me mostrou, sorrindo, como fazemPara pegar os insatisfeitos.Com um giz tirado do bolso do casacoEle fez uma pequena cruz na palma da mão.Ele contou que assim, e vestido à paisanaanda pelas repartições do trabalhoOnde os empregados fazem fila e xingamE xinga junto com eles, e fazendo issoEm sinal de aprovação e solidariedadeDá um tapinha nas costas do homem que xingaE este, marcado com a cruz brancaë apanhado pela SA. Nós rimos com isso.Andei com ele um ano, então descobriQue ele havia retirado dinheiroDa minha caderneta de poupança.Havia dito que a guardaria para mimPois os tempos eram incertos.Quando lhe tomei satisfações, ele jurouQue suas intenções eram honestas. Dizendo issoPôs a mão em meu ombro para me acalmar.Eu corri, aterrorizada. Em casaOlhei minhas costas no espelho, para verSe não havia uma cruz branca.

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