domingo, 15 de setembro de 2024

 Queria que os mochos não piassem com tanta amargura trazendo tanta tristeza aguilhoada no coração, limpar a mente, que mente de tentações e pudores

segunda-feira, 15 de julho de 2024

 

As religiões deveria ser para salvar as almas.

Só o amor ao próximo, nos aproxima desta salvação.

Amor ao próximo é a luta por uma vida melhor e mais digna para todos. A salvação passa pela opção pelos pobres.

O resto é resto.

 

sábado, 11 de abril de 2020

Perguntas de um Operário Letrado

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Índias
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas
Brecht 

quinta-feira, 28 de março de 2019


Um pouco da minha branda fervura
Onde você está? O que você está fazendo?
Desligou...
O que aconteceu, por que desligou?
Apagão. Apagou. Desligou-se. Agoniou-se.
Não escreva nota no jornal.
O real e a fantasia.
Ficou no meio da multidão, absolutamente só.
Só é o lugar comum de todos que pensam.
Que pensam? Quem pensa?
Pensar, pensar ficou vazio.
Vazio ficou o tempo.
O tempo?

O tempo que foi, mas, justamente, quando havia recebido uma baforada de sol.
Sol? 
Foi muito fugaz, passou, rodopiou na mente.
Mente? Quem mente?
Mente conturbada.
Passa.
Passar é o tudo; tudo mudo absurdo.
Nada do que foi será.
Será?
O que será já passou como a água do rio que faz não ser o mesmo quando passa.
Rio que não é mais rio, é apenas um desaguar de detritos fétidos, símbolo do caos que se anuncia à morte do belo nas águas cristalinas.
Quando passar, quando passou.
Matar saudade.
Matar saudade?
E como matar a saudade?
Saudade é ter vivido em algum lugar algum momento confortante.
Confortante não é estar desconfortado.
Confortante...
Ir mais adiante, é chegar atrasado.
Atrasei. 
Atrasei e senti o sentimento do bem e do mal, acredito que sim.
Acredita? O que é acreditar?
Acreditar pode mudar.
Plantei um pé de flor, dizem que pode dar capim.
Faz de conta que fui o primeiro.
Embrenhar-me nesta mata e enroscar em alguma teia e você pensa que estas coisas acontecem sempre? Sempre não existe.
Sempre é eterno e eterno é chatice, não se supera.
Possuir sem papel passado.
Tudo precisa de papel, tudo, até para respirar o ar poluído.
Documento. Passado?
Possuir naquela hora, não mais agora
Passado.
Possuir é lindo. Não me venha confundir. 
Possuir o lindo e saciar a sede.
Tem sede de quê? Fome de quê?
Fome lembra terra, terra plantação, comida, fome,
Reforma Agrária.
Reforma Agrária, este sonho não tem sido sonhado?
O tempo passou e você não teve o prazer de ver a terra plantada, alimento colhido, paz, alegria.
Agora caminha lento.
E cada vez mais lento. Velho é o outro, eu não sou espelho.
Espelho em que não me vejo por inteiro. A estrada, os passos que se fazem no caminhar. Ficou chovendo depois da chuva. Perdão pelo coração que desenhei. E que desenho bem feito, bem bolado. Esse coração que não quer bater, nem apanhar. Onde foi que parei? Qual o cruzamento? Nem tinha acostamento, muitos bancos, mas devia ter algum que me coubesse.
Lá fiquei, me desenhei, narrei  o extremo do ridículo, do meu ridículo.
Sou, mas quem não é?
Sem vontade de chorar, nem de rir. O choro foi um choro sonhado, passado, passou?
Parado no ar, no tempo, no vento, está todo mundo vendo, mas ninguém quer ver, é como tapar os olhos.
Dizem: para que ver, para que olhar? Faz horas e horas parado. 
O que estou fazendo aqui, feito alma penada? Ainda dá pra gastar aquela grana economizada. 
A saúde que pensava que cuidei quase se estragava numa rapidez volátil.
Faz horas que já passam; deste dia já passaram muitas noites, mas o dia não vem. 
Mas com bêbados olhos de lua! Fico na escuridão a apreciar a beleza, degustando estrela por estrela neste horizonte sem fim. Fim? Ai de mim!
Passa a vida inteira, a vida inteira passa. Só queria um ouvido. É que sempre quis ouvir a voz  amiga. Amigo/a. 
A minha paz está esquecida. 
A tarde chora, chorar é entristecedor? 
Entristecedor se tem a beleza do sol, do alvorecer?
Já deixou de acreditar que vai haver outro dia? Deve estar agoniado, deprimido. 
Não chores não, tarde. Preciso de você como abrigo. 
Tarde, mãe do sol, fique, nem sei por que eu peço.Nem sei pedir. 
A timidez que me fez. 
Assim  fui construído, doutrinado. 
Acho que me estranham, pensam que fiquei louco. 
De tanta compaixão pelos humanos! Quase morri.
Os incautos, inconseqüentes e inconscientes não sabem, não querem, e nem vão entender nada. 
Nada. Nadam contra o tempo e contra o vento à procura do quê? Do irracional, do desnatural. 
Animal domesticado, mesmo assim irracional. Oh! Deuses que construíram o humano demasiadamente humano! Como desvencilhar os pensamentos estereotipados em todos os tempos formando este momento? Nada do que foi será.
Será o nada este tudo que pensam e desconstrói o amanhã de manhã, antes do sol nascer. Nascer? 
É, de um novo dia. Dia? Busca, busca no silêncio da noite, já nem tenho segredos nem planos secretos, já clareou tudo, o sol está esquentando até os miolos dos bichos e das bichas. 
Ela pensa que pensa e que pensar já é tarde pra me enganar, ninguém ensinou a querer, só ensinou a esquecer, mas fica difícil quando os braços querem abraços, esquecer é desentristecer, e caminhando contra o vento e ela nem sabe que gosto de chopes gelados, mas nem tanto, e ela pensa só na televisão.
Que falta de atenção! Ligue-se e desligue e venha tomar uma aguardente pra esquentar esta fogueira lá no alto da colina, entre eleições importantes, queda da bolsa de valores, confusões capitalistas, eu fujo pro boteco, desesperadamente eu sei que não há saída. A única saída antes era o aeroporto, mas, e agora, nem aeroporto serve, e então?
Esse papo está qualquer coisa. Coisa deveria ser a resposta ao vento que bate forte. Forte, que meu espírito ganhe um novo brilho. Tempo, mantenha-me no seu círculo, meu sonho não é cinzas, apenas confusões, a ilusão de uma infinita beleza, alguma coisa está fora da ordem, estou de pé, mas sei que ainda vou sentar no lixo do consumo, tenho ânsias de vômito de tudo que me cerca, aperta e congestiona, cuspo o ódio da ideologia dominante que exclui meus iguais embaixo da ponte e mostra na mídia que está tudo bom, até apresentam o “show da fé” pra se salvar.
Quando penso que estamos preparados, vem a fúria da tempestade e arrebenta com tudo. E ficamos a olhar pro céu, pras nuvens e assustados meditamos aos anjos que nos dêem um pouco de suavidade neste nosso catastrófico viver de confusões; e pensávamos tudo ser apenas uma nebulosidade, que, tudo passaria... 

Mas qual o quê! Tonitruante momento jamais pensado antes, agora tenho que caminhar numa perfídia que jamais sonhei. Tem pena, tem! Tenho andando esvanecido pra que ninguém se assuste com os meus ajustes. Sou inóspito de mim mesmo.
De caminhar lancinante sigo buscando um acalanto pro meu pensamento. E eu, sem eira nem beira e já sem fôlego. Venha, com a naturalidade dos sábios, dos deuses, aplacar este poço sem fundo que me tornei de tanto ansiar pelo êxtase da fruta madura. Não sei o que havia naquela hora inimitável. Ouvi uma loba uivar. Assustei-me, nem de loba conhecia. Somos tantas coisas, que o desconhecido apavora. É preciso cuidar das florestas, caso contrário nem lobas nem contos de fadas teremos mais suavizados nas nossas fantasias. Depois daqueles sonhos não sonhados.
O saber viver não é com você, tarde, é comigo, eu tenho culpa de achar a tarde, no seu alvorecer, linda como uma mulher no cio, pecadoramente fogosa e radiante... Num paraíso de maçãs. Mas tenho que me suplantar, suavizando a ansiedade, e achar no escuro da noite o luar... Não devia ter despertado? Só porque mete medo? É a tarântula que envenenou neste oceano sem água.
Talvez seja pecado sonhar com a alegria. Os pêlos tremem ao vento ateu. Perder-se e reencontrar-se, este é o destino da vida. Mas, e se fiquei?  O ficar louco pode ser uma visita ao inferno para reconhecimento público.
É um contentar-se de incontente. Quando encontrar face a face é o medo? São tantos problemas que quero esquecer de contar as horas.  Será o tempo que anda correndo muito rápido?
Não grites ao vento, ele não vai querer  te escutar, estes ventos encanados te levam os pensamentos; desenlaça os calçados, pisa leve, psiu. Calmamente, desafogadamente, destranca-te e segue embriagado  pelo silêncio e chega de mansinho, sussurra ao meu ouvido, a vida é breve e o amor mais breve ainda.
A busca que fazemos na caminhada é consciente e inconsciente, o complemento ou continuidade daqueles valores alicerçados na personalidade, as carências de afetos, ou mesmo alguma fantasia não realizada e desejada e com o outro focalizado.
Andar pode ser um destino em si, andar aonde levam os passos.  Horas e silêncio, chove, chove, o dia passa, o tempo sem tempo. Tudo é calma, alma  e o vôo quebrado sem poder gritar pra não espantar o silêncio.
Aposentar? Entender que aqueles fios grisalhos na barba e nas costeletas. As cerdas grisalhas eram vanguardas de uma invasão implacável e fria. O reflexo no espelho ainda trazia a fronte careca exibindo uma calvície vergonhosa, do meu pai. É espelho ou cópia?
Não há como deter a marcha das horas, dos dias, dos anos... Somos a repetição dos nossos gêneses, para o bem e para o mal. Na evolução precisamos contribuir.
Chegou, entrou, nem a porta destravou. Olhou-me de frente com uma cara desesperada, que perdi o rumo, se é que alguma vez encontrei.
Vou escrevendo para reafirmar. Outro dia passava pela avenida e uma jovem parou-me e, com um papel na mão, disse-me: Jesus está voltando. Perguntei. Voltando... Aonde foi?  Ficou séria! E não foi educada para responder. Acho que estou deveras desentendido do real e da fantasia. Ninguém pode negar  que se separam no final.
A maioria não busca entender a política safada da exclusão social.
As palavras se afiguram poderosas, elas persuadem. O tempo devora, sem dar nada em troca. Subitamente a velhice. Então, amor ou prece? Insidiosos desejos, o que viestes fazer neste  meu esconderijo? Viestes enfatuar neste declarado mundo pequeno enclausurado de medos, fugindo das traições e fantasias! Não pode ser a insipidez já estava criada, habitada.
Às vezes assalta-me o terror de que se esteja gritando no deserto, o deserto de cada ser. Escrever  faz bem, e o poema é uma parábola, pode até ser uma descarga emotiva e é, e sempre foi para mim um grito no deserto, se é que sei o que penso que sei. E de que vale saber se ninguém está te ouvindo?
O tempo veio, calores intensos, sub-raças, desejos gananciosos, capitalismo, o clima transformando-se. Os donos do mundo devastando matas, abrindo espaço para plantar - plantar o quê? Pro povo comer? Qual o quê... Plantar para atender a sede de empresas multinacionais, interesses do capital, do combustível. E o mato foi devastado, mas não é perigoso as nascentes irem pro inferno, e todos os seres vivos ficarem sem água? Quem está preocupado? O capital não tem alma. Se acalme... Nada é pra já.
Em outros tempos, a vida era dificultosa de modernidade, mas feliz de convivências. Tá mudado. Ah! quem dera fosse o ontem hoje e o hoje nunca... Quem dera, oh! Mãe quem dera! É preciso acabar com este deserto da fome. Mas será? Se estão acabando com a mata em todos os recantos para atender os reclamos das grandes empresas estrangeiras e o povo na fila da fome e da miséria nem espera por reforma agrária; nem sabem sonhar, nasceram do choro de um pesadelo. Quem dera soubessem gritar: REFORMA AGRÁRIA já.
 “Esta terra em que estás com palmos medida, é a terra que querias ver dividida, não é terra grande pra tua carne pouca, mas é terra dada não se abre a boca” (Chico Buarque)
Passeio sem destino; sob meus passos, o tempo já me alcançou; percebi quando fui barbear-me diante do espelho. E quando quero dizer algo; olho no meu redor, todos falam pra não me ouvirem. Falam, ligam a televisão ou desligam e se escondem de ouvir o tempo. Não é a mim que não querem ouvir, eles têm medo do tempo. Riem que riem do presente, fazem chacotas com o passado, mal sabem os imbecis que a brevidade da vida não se mede com o tempo.
Não têm coragem de refletir, fogem do pensar. Enxergo tão profundamente em volta de mim, da vida e vejo que ninguém te acompanha a não ser o tempo. Tem se tornado companheiro. É ele, o tempo, que devora tudo pelas beiradas, roendo, corroendo, recortando e consumindo, nada do que foi será. Mundo indecifrável; correm, correm e nunca alcançam, pisam em pedras falsas, caminho pantanoso.
O homem pode se dar conta dos terríveis conflitos entre a vida que vive e os ideais inconscientes que mantém em seu âmago. O tempo passa não nos damos conta, morremos de saudade da nossa ausência, sabemos ou não dos nossos limites, das dores dos envolvimentos doentios com nós mesmos.
Nos finais de semana era o espaço para o lazer, as reuniões ou encontros familiares de uma forma mais intensa. E nesse dia, o de Domingo, procurava-se sair para algum passeio. Vestia-se a melhor roupa, calçava-se o melhor sapato, quando não era o único, e dizia-se para os amigos: Esta é a “roupa da missa”.
Quando criança, a inocência, é a melhor aspirina para qualquer mazela, ou desencanto, pena que a inocência a cada dia está mais curta na mente e vida das pessoas, das crianças, que estão ficando maduras cada vez mais cedo, perdendo o que é mais sagrado para sua vida e formação: a inocência.
Entre as crianças, o mais velho quer ser o mais esperto, faz “pouco caso” e o inocente nem liga, não sofre com a “gozação”, é excluído das brincadeiras pelos colegas por alguma razão, não se importa, fica chateado, acabrunhado, sem entender o que acontece ou se faz de desentendido, mesmo que a exclusão tenha sido por preconceitos dos mais variados: racial, social, físico, etc.
O inocente ainda é uma criança, não sofre, porque, como criança, não tem consciência dos valores adultos e vai somatizando toda a circunstância a sua volta e mais tarde, já adulta, saberá, ou não, se foi preterido, no jogo de futebol, nas brincadeiras, na fala do professor, etc.
Da infância poucas lembranças, às vezes uma ou outra tia lembra-o de algum fato acontecido, é sempre bom saber de coisas que aconteceram e devem estar marcadas no inconsciente. Poucas lembranças de brincar com os irmãos, talvez a diferença de idades seja uma justificativa, e também a maioria do tempo estavam ocupados em tarefas para ajudar a mãe, que muito teve de trabalhar e contribuir na sustentabilidade da família.
Lembrava-se do dia em que deixara de ser criança, nesse dia aprendeu que era um menino pobre e que os ricos ajudavam os ricos e ficavam mais ricos, e os pobres não tinham tempo para o lazer e o pensar na safadeza das classes sociais e ficavam mais pobres.
Antes de entrar na adolescência, arranjou um emprego. Trabalhava em um período e estudava no outro. Ficou adulto muito cedo, por isso até hoje, talvez não passe de uma mistura de Peter - Pan com Dom Quixote.
Começou a trabalhar bem cedo, ainda criança. Numa pequena fábrica, pertinho da rua em que morava. Ainda menino foi ao seminário e lá permaneceu durante um ano, guardava muitas recordações, ele sempre dizia que do seminário tinha boas lembranças e os acontecimentos do dia-a-dia do seminário foram importantes na formação de sua personalidade.
Quando foi ao seminário, estava um pouco fora da idade padrão. Parece que tudo que fazia estava sempre fora dos padrões. Talvez até possamos entender o porquê, não gostava das formalidades. Sempre dizia com irreverência: entrei na escola depois da idade comum. E a vida escolar sempre foi aos trancos e barrancos e algumas vezes truncada.
A única queixa dos tempos de seminário foi a pouca ou nenhuma preocupação dos responsáveis em saber lidar com a auto-estima dos alunos, talvez porque a maioria era de pais com boa situação financeira.
Quando da tomada de consciência sobre auto-estima, a vida se modifica da água pro vinho. Quando passa a entender-se,  começa automaticamente a se valorizar e se preocupar com que outros também tomem consciência dos problemas que cada um pode ter.
E quem escolhe a profissão de professor, psicólogo ou profissões que tenham que trabalhar com pessoas precisa ter este cuidado para lidar com este drama incrustado na maioria do povo oprimido e inconsciente dos seus reais problemas.
Ao voltar do seminário, foi tratado com indiferença pelos antigos colegas; foi aí, então, que resolveu procurar outra turma mais distante de sua casa, e era lá que se sentia mais à vontade, os novos amigos foram mais afetuosos e no novo grupo havia mais camaradagem, coisas que o distinguiam do tratamento que tivera dos antigos colegas de turma.
Logo começou a namorar, e a timidez, esta implacável companheira, foi outra descoberta: começa a lembrar-se de quantas chances de ter namoradas foram perdidas por conta de estar sempre taciturno, de não ter espelho, nem acreditar nos seus valores e dotes masculinos.
Junto com seus colegas, tomou uma bebida estimulante e foram ao baile e se sentiu encorajado a dançar e, dançando, pôde acreditar que daria para começar uma conversa e foi assim que tudo teve início. Uma dança aqui, outra acolá, e uma das garotas sempre dava uma olhada com um ar de convite, antes de a música recomeçar e foi assim que tudo começou naquele namoro.
Pensava: agora tenho uma namorada, não posso deixar escapar. E o tempo do namoro foi se passando meio conturbado, porque havia sempre a necessidade de ter de se provar alguma coisa, sentia alguns preconceitos por parte da família da namorada, ela também havia sido educada para o casamento, ela também, como ele, se agarrou nesse namoro como tábua de salvação e garantia de alguém próximo para dividir angústia, ansiedades e segredos. Daí com todas as turbulências o casamento.
Aqueles que tiveram poucas crises na verdade foram poupados do amadurecimento, como acontece quando os pais superprotegem seus filhos ou quando os professores não provocam o pensamento de seus alunos, apenas passam conhecimentos dogmatizados, desprovidos de significado. Quando a dificuldade vira desafio, abre-se uma janela para o crescimento. É aí que o mal vem para o bem, numa simbiose para o crescimento.
 Os males que acometem o homem funcionam como um espelho. Quando se mira nele, o homem vê sua verdadeira essência, que pode ser sua miséria ou sua grandeza, ou ambas. É uma agridoçura. Os momentos maus, de sofrimento são a melhor oportunidade que temos de entrar em contato real com nós mesmos. Aquilo que o ser humano tem de único se esconde naquilo que tem de inimaginável: o inconsciente; encontramos nela uma fonte profunda de renovação, crescimento, força e sabedoria. Temos uma capacidade especial para criar imagens simbólicas das fontes do inconsciente. As imagens do inconsciente penetram no nível do consciente por duas vias: sonhos e imaginação

Irineu do livro a cidade dos meus cantos,encantos e desencantos. 




terça-feira, 19 de fevereiro de 2019