sexta-feira, 31 de julho de 2009


capa da Livro:
A CIDADE DOS MEUS
CONTOS,
CANTOS,
ENCATOS E
DESENCANTOS.



Fui ao sebo. Peguei um livro. Abri no prefácio fui lendo e me interessando, resolvi comprá-lo. Agora já em casa, resolvi que deveria ler, o tempo estava favorável, liguei o som nestas músicas sem letras que se ouvem só a melodia; som de violino, viola, violão, piano e La no fundo um sax misturado, e a leitura foram tomando conta, fui lendo direto e fui ficando agitado.
Descobri porque estava agitado. A pessoa que havia escrito o livro estava falando comigo, estava me contando algo que não sabia, fechei o livro e fiquei esperando um momento breve para continuar aquelas confidencias. Sabe quando terminei a leitura e guardei o livro, alguém queria ler emprestei não me devolveu fiquei chateado porque aquele livro tornou-se um amigo. E fez entender-me um pouquinho mais quem eu sou

terça-feira, 28 de julho de 2009

A violência se explica pela educação.(falta)


Como ensinar, se os alunos não se dispõe a aprender? Eles em suas casas já não brincam (a infância foi-lhes surrupiada) a sociedade de consumo fizeram deles pequenos consumidores... Já não se brinca mais, brincadeira é para a infância... As brincadeiras de roda, e tantas outras aprendidas e compartilhadas na construção da amizade e solidariedade; desaprenderam a compartilhar e desenraizar o egoísmo, seus pais frustrados, e diante do Deus televisão já não mais dá atenção, e compensam com presentes e com parabéns a você eles agora alunos não tem espaço físico e nem da alma, tudo está cronometrado pelas imagens tanto da TV quanto do computador, eles ficam desesperados para vir pra escola, quando estão de férias morrem de saudades da escola. Mas não é por causa do professor e nem do ESTUDAR, e sim, encontrar-se com os seus pares, está ansioso para conversar, brincar de alguma correria de alguma empatia de alguma zombaria, e até, pasmem, outro dia destes uma criança, adolescente de 10 anos diziam entre os seus "-estava convidando", seus coleguinhas para irem à sua casa, mas não deveriam esquecer a camisinha (...)
Na sala de aula: no dia a dia dos profissionais da educação:
Muitos dos alunos aqueles em "idade" de criança e os mais crescidos já em idade de compreender o que deveria ser uma escola estão tão perturbados emocionalmente que nem sequer fingem prestar atenção. É o quebra-quebra ainda não concretizado á caminho do caos

segunda-feira, 27 de julho de 2009

além do sexo...


Em nossa sociedade pornográfica todos os toques levam as mentes condicionadas ao sexo, tudo é sexo até pra vender sabonete tem que ter imagens insinuando a sexo. A verdade é que com tantos moralismos que carregamos na nossa formação ocidental. Os frutos não poderiam deixar de ser uma sociedade doente e carente por toques, por afetos. A mídia poderia mostrar em maior número de vezes pais abraçando filhos idosos sendo acariciados com ternura. Se os pais tivessem recebidos toques de caricias e também dado carícias nos seus filhos não haveria tantas confusões com relação às mãos que curam e as mãos que tocam para excitar.
Na sociedade de consumo descobriu-se que o sexo é importante, é uma dos motrizes que embalam as vendas. Tudo por dinheiro!
E, o ser humano tanto homens como mulheres querem, precisam e busca o afeto, os homens na sua maioria buscam inconscientemente; porque vivemos numa sociedade machista onde os valores são requentados.
Os homens que desejam o sexo com freqüência ou agem como se desejassem, percebem que o que necessitam é de afeto. Os homens que aprendem a apreciar os abraços, as caricias, os afagos, a proximidade, outras formas de comunicação terna. Para a mulher não adianta ter sexo com um monte de homens, a maioria deles não aprendeu a fazer carinhos, não toca, a menos que para excitar, e ela mulher quer mais que sexo e o homem na época mais moderna querem tudo por sexo, acaba fazendo algumas confusões com relação ao ser mulher que nem sempre pensa como ele o ser homem, e assim acaba na confusão esquecendo-se de agir como alguém que além de sexo, pensa!
Tocar com afeto nos aproxima tanto de outra pessoa que nos tornamos vulneráveis, mais dependentes emocionalmente e mais expostos a uma possível rejeição. Se uma mulher encontrar um homem terno que a abrace com ternura, é possível que se perda ou se enrosque em alguma teia. É tão bom um enrosco numa teia de aranha que até daria para fantasiar uma bela orquestra tocando uma sinfonia em noite de lua cheia!
Fazer amor é ser tocada assim imagina e deseja o ser mulher e o homem saber tocar faz com que aquela mulher se sinta tão amada, tão querida, tão exposta e vulnerável, tão acalentada e tão íntima que se chorar. Não se assuste; serão lágrimas de alegria.
Após o intercurso é tão importante o contato físico. Comecei a entender porque até homens feios são desejados e além da primeira acabam tendo maiores números de encontros... Ela havia dito numa certa conversa: todos os outros que havia feito sexo sempre após pulavam da cama a fim de lavar os odores e fluidos do sexo. É uma pena que hoje muitas mulheres estão tomando a dianteira e tendo comportamentos que foi do homem.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

VOCE ESTA FARTO DE QUE?







Alguém me perguntou qual o caminho certo? Fiquei assustado... caminho certo? Talvez sejam os atalhos!
Um dos caminhos que considero certo, porque sei, não haverá arrependimentos, será o das leituras. A leitura é uma grande companheira, está sempre presente nas nossas vidas, mas temos de procurá-la; ela não vem até nós! A leitura é amiga, ela é boa e companheira, ela é atenciosa, nos dá atenção, nos alegra nas horas tristes, compartilha com nós as horas alegres, mas temos de procurá-la, mas é orgulhosa, de um orgulho que nos faz respeitá-la e admirá-la.

alguma coisa esta fora da ordem


Talvez outra geração e não se vê nem uma luz que seja próxima, parece muito distante - que venha a reacender a luz da esperança nas mudanças de uma sociedade mais harmoniosa e solidária e o pior é que sonhei este sonho, se bem que lá atrás, e já se passaram alguns metros de desesperança que alguma coisa nos apraz. De fato estou ficando velho, já não é só o espelho que me acusa! Onde andará Maria Rita como diz uma canção do Vandré e eu pergunto onde andará Vandré que já não fez mais esta canção. E mais velho sei que sou quando bate uma saudade daqueles festivais onde as canções nos remetiam para algum futuro que nunca chegou. E lembrar-se de um show onde os estudantes pediam para a Mercedes Sosa cantar "que viva los Estudiantes" e não entendíamos, porque ela não atende e canta. No outro dia os jornais estampavam manchetes sobre o show e diziam que fora proibida pela censura de cantar esta melodia, e os caras eram tão burros de não ter proibido a apresentação da cantora porque havia tantas outras melodias mais instigantes como: La carta- letra de violeta parra. -Que letra e que melodia! Até hoje quando ouço fico em êxtase. E o cantor Victor Rara; assassinado no Chile tendo as mãos decepadas. Qual foi o seu pecado? Vejam hoje suas melodias. Vocês conhecem? Não? Então vou colocar alguns versinhos de suas canções, uma delas entre outras eu cantava para meu filho dormir e quem ler o meu livro vai lembrar-se deste detalhe, a outra foi que me incentivou a colocar o nome na filha.


La Carta, cantada por Mercedes Sosa.

Me mandaron una carta,
por el correo temprano,
en esa carta me dicen
que cayó preso mi hermano.
Y sin compasión con grillos
por las calles lo arrastraron.
Sí...
La carta dice el motivo,
que ha cometido Roberto,
haber apoyado el paro
que ya se había resuelto.
Si acaso esto es un motivo preso
voy también sargento.
Sí...
Yo que me encuentro tan lejos,
esperando una noticia,
me viene a decir en la carta
que en mi patria no hay justicia.
Los hambrientos piden pan,
los molesta la milicia.
Sí...
Habrase visto insolencia,
barbarie y alevosía, de presentar
el trabuco y matar a sangre fría.
Hay quien defensa no tiene con las
dos manos vacías.
Sí...
La carta que me mandaron
me pide contestación,
yo pido que se propale
por toda la población.
Que el león es un sanguinario
en toda generación.
Sí...

Por suerte tengo guitarra
y también tengo mi voz,
también tengo siete hermanos
fuera del que se engrilló.
Todos revolucionarios
con el favor de mi Dios.
Sí... Sí.


estas outras duas melodias é de Victor Rara.cantor chileno assassinado pela ditadura pinochet, sabe por que? PENSAVA!

Duerme, duerme, negrito,
que tu mama está en el campo
negrito.
Duerme, duerme, negrito,
que tu mama está en el campo,
negrito.
Te va a traer codornices para ti,
te va a traer mucha cosa para ti,
te va a traer carne de cerdo para ti,
te va a traer mucha cosa para ti.
Y si negro no se duerme
viene diablo blanco
y ¡zas!
le come la patita.

Duerme, duerme, negrito,
que tu mama está en el campo,
negrito.
Trabajando, trabajando duramente,
trabajando sí,
trabajando y no le pagan,
trabajando sí,
trabajando y va tosiendo,
trabajando sí,
trabajando y va de luto,
trabajando sí,
pa'l negrito chiquitito,
trabajando sí,
no le pagan sí,
duramente sí,
va tosiendo sí,
va de luto sí.

Duerme, duerme, negrito,
que tu mama está en el campo,
negrito.

Te recuerdo Amanda
la calle mojada
corriendo a la fabrica donde trabajaba Manuel

La sonrisa ancha, la lluvia en el pelo,
no importaba nada
ibas a encontrarte con el,
con el, con el, con el, con el

Son cinco minutos
la vida es eterna,
en cinco minutos

Suena la sirena,
de vuelta al trabajo
y tu caminando lo iluminas todo
los cinco minutos
te hacen florecer

Te recuerdo Amanda
la calle mojada
corriendo a la fabrica
donde trabajaba Manuel

La sonrisa ancha
la lluvia en el pelo
no importaba nada,
ibas a encontrarte con el,
con el, con el, con el, con el

Que partió a la sierra
que nunca hizo daño,
que partió a la sierra
y en cinco minutos,
quedó destrozado

Suenan las sirenas
de vuelta al trabajo
muchos no volvieron
tampoco Manuel

Te recuerdo Amanda,
la calle mojada
corriendo a la fábrica,
donde trabajaba Manuel.

Década de 1960 e 1970 vai demorar mais de um século para aparecer coisas semelhantes!Jovens nas ruas, a cultura nos poros e nas mentes, a arte em todos os cantos, e nas mais variadas formas.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

DOSTOIEVSKI



"Não consegui chegar a nada, nem mesmo tornar-me
mau: nem bom nem canalha nem honrado nem herói
nem inseto.
Agora, vou vivendo os meus dias em meu
canto, incintando-me a mim mesmo com o consolo raivoso
- que para nada serve - de que um homem inteligente não
pode, à sério, tornar-se algo, e de que somente os imbecis
o conseguem..."


In:"Memórias do Subsolo"Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio...

um pouco de tolstoi


A essencia de nós não esta na razão.
Que teria sido de mim, que teria sido da minha vida se não fossem essas crenças, se não soubesse que é preciso viver para Deus e não para as minhas necessidades? Teria roubado, teria matado, teria mentido. Nenhuma das principais alegrias da minha vida teria podido existir para mim". E por mais esforços mentais que fizesse, não conseguia ver-se a si próprio como o ser bestial que teria sido, caso não soubesse para que vivia. "Buscava resposta à minha pergunta. Mas o pensamento não me podia responder, pois o pensamento não pode medir-se com a pergunta. A própria vida se encarregou de me responder graças ao conhecimento do bem e do mal".

"E esse conhecimento não o adquiri através de coisa alguma, foi-me outorgado, como a todos os demais, visto que o não pude encontrar em parte alguma. De onde o soube? Porventura foi através do raciocínio que eu cheguei à conclusão de que é preciso amar o próximo e não lhe fazer mal? Disseram-me na infância e acreditei-o com alegria, pois trazia-o na alma. E quem o descobriu? A razão, não. A razão descobriu a luta pela existência e a lei, que exige que se eliminem todos quantos nos impedem de satisfazer os nossos desejos. Esta a dedução do raciocínio, que não pode descobrir que se deve amar o próximo, pois amar o próximo não é razoável".

Leon Tolstoi, in "Ana Karenina"
Instalámo-nos, portanto, na cidade. Aí toda a vida é suportável para as pessoas infelizes. Um homem pode viver cem anos na cidade, sem dar por que morreu e apodreceu há muito. Falta tempo para o exame de consciência. As ocupações, os negócios, os contactos sociais, a saúde, as doenças e a educação das crianças preenchem-nos o tempo. Tão depressa se tem de receber visitas e retribuí-las, como se tem de ir a um espectáculo, a uma exposição ou a uma conferência.
De facto, na cidade aparece a todo o momento uma celebridade, duas ou três ao mesmo tempo que não se pode deixar de perder. Tão depressa se tem de seguir um regime, tratar disto ou daquilo, como se tem de falar com os professores, os explicadores, as governantas. A vida torna-se assim completamente vazia.

Leon Tolstoi, in "a vida vazia na cidade”

A liberdade nunca é real. Se examinarmos um indivíduo isolado sem o relacionarmos com o que o rodeia, todos os seus actos nos parecem livres. Mas se virmos a mínima relação entre esse homem e quanto o rodeia, as suas relações com o homem que lhe fala, com o livro que lê, com o trabalho que está fazendo, inclusivamente com o ar que respira ou com a luz que banha os objectos à sua roda, verificamos que cada uma dessas circunstâncias exerce influência sobre ele e guia, pelo menos, uma parte da sua actividade. E quantas mais influências destas observamos mais diminui a ideia que fazemos da sua liberdade, aumentando a ideia que fazemos da necessidade a que está submetido.
(...) A gradação da liberdade e da necessidade maiores ou menores depende do lapso de tempo maior ou menor desde a realização do acto até à apreciação desse mesmo acto. Se examino um acto que pratiquei há um minuto em condições quase as mesmas em que me encontro actualmente, esse acto parece-me absolutamente livre. Mas se aprecio um acto realizado há um mês, ao encontrar-me em circunstâncias diferentes, a meu pesar, se não tivesse realizado esse acto, não existiriam muitas coisas inúteis, agradáveis e necessárias que derivam dele. Se me translado com a memória a um acto mais remoto, a um acto de há dez anos ou mesmo mais, então as suas consequências ainda se me apresentarão mais evidentes e ser-me-á difícil representar-me seja o que for, caso aquele acto remoto nunca tivesse existido.
Quanto mais retroceder na minha memória, ou, o que vem a dar na mesma, quanto mais projectar no futuro o meu juízo, tanto mais duvidosos me parecerão os meus raciocínios acerca da liberdade do acto realizado.

Leon Tolstoi, in 'Guerra e Paz'

Machado de Assis.












Abençoados os que possuem amigos,
os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!


Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

Johann Goethe.


Queres viver alegremente? Caminha com dois sacos, um para dares, outro para receberes.

A ingratidão é sempre uma forma de fraqueza. Nunca vi homens hábeis serem ingratos.


É muito mais fácil reconhecer o erro do que encontrar a verdade; aquele está na superfície e por isso é fácil erradicá-lo; esta repousa no fundo, e não é qualquer um que a pode investigar

Caetano Veloso


Não me venha falar
Na malícia de toda mulher
Cada um sabe a dor
E a delícia
De ser o que é...

Você diz a verdade
A verdade é o seu dom
De iludir
Como pode querer
Que a mulher
Vá viver sem mentir...
.

Pablo Neruda.


Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.

Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.

Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o amor passou.

Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.




Plena mulher, maçã carnal, lua quente,
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,
que obscura claridade se abre entre tuas colunas?
que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um so mel derrotados.
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,
e o fogo genital transformado em delícia
corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo noturno,
até ser e não ser senão na sombra de um raio.

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Milton Nascimento.


Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração

Paulo Cesar Pinheiro


A vida da gente é mistério
A estrada do tempo é segredo
O sonho perdido é espelho
O alento de tudo é canção
O fio do enredo é mentira
A história do mundo é brinquedo
O verso do samba é conselho
E tudo o que eu disse é ilusão

roberto carlos.


Você foi o maior dos meus casos
De todos os abraços o que eu nunca esqueci
Você foi dos amores que eu tive
O mais complicado e o mais simples pra mim.
Você foi o melhor dos meus erros
A mais estranha história que alguém já escreveu
E é por essas e outras que a minha saudade
Faz lembrar de tudo outra vez.
Você foi a mentira sincera
Brincadeira mais séria que me aconteceu
Você foi o caso mais antigo
O amor mais amigo que me apareceu
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim outra vez.
Esqueci de tentar te esquecer
Resolvi te querer por querer
Decidi te lembrar quantas vezes eu tenha vontade
Sem nada perder.
Você foi toda a felicidade
Você foi a maldade que só me fez bem
Você foi o melhor dos meus planos
E o pior dos enganos que eu pude fazer
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim outra vez.

Vinícius de Morais.



Soneto de Maior Amor

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

elvis presley.

Sempre em meu pensamento

Talvez eu não tenha te
tratado
Tão bem quanto deveria
Talvez eu não tenha te
amado
Com tanta frequência quanto poderia
Pequenas
coisas que eu deveria ter dito e feito
Eu simplesmente
nunca me dei ao trabalho

Você sempre estava em meus
pensamentos
Você sempre estava em meus pensamentos

Talvez eu não te abracei
Todos aqueles momentos
solitários
E eu acho que nunca te disse
Que sou muito
feliz por você ser minha
Se eu fiz você se sentir a segunda
melhor
Garota, eu sinto muito, eu estava cego

Você sempre estava em meus pensamentos
Você sempre estava
em meus pensamentos

Diga-me,
Diga-me que seu
doce amor não morreu
Me dê
Me dê mais uma chance
De te manter satisfeita, satisfeita

Pequenas
coisas
Que eu deveria ter dito e feito
Eu simplesmente
nunca me dei o trabalho
Você sempre estava em meus
pensamentos
Você sempre estava em meus pensamentos

Boby Marley


As vezes contruimos sonhos em grandes pessoas o tempo passa e descobrimos que grande eram os sonhos, eas pessoas pequenas demais para realiza- lo

Gonzaguinha.


Eu apenas queria que você soubesse Que aquela alegria ainda está comigo E que a minha ternura não ficou na estrada Não ficou no tempo presa na poeira Eu apenas queria que você soubesse Que esta menina hoje é uma mulher E que esta mulher é uma menina Que colheu seu fruto flor do seu carinho Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta Que hoje eu me gosto muito mais Porque me entendo muito mais também E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora É se respeitar na sua força e fé E se olhar bem fundo até o dedão do pé Eu apenas queira que você soubesse Que essa criança brinca nesta roda E não teme o corte de novas feridas Pois tem a saúde que aprendeu com a vida.

Friedrich Nietzsche.


Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.

O verdadeiro homem quer duas coisas: perigo e jogo. Por isso quer a mulher: o jogo mais perigoso.

As mulheres podem tornar-se facilmente amigas de um homem; mas, para manter essa amizade, torna-se indispensável o concurso de uma pequena antipatia física.
Friedrich Nietzsche. Não é só a razão, mas também a nossa consciência, que se submetem ao nosso instinto mais forte, ao tirano que habita em nós.

Charles Chaplin.


Pensamos demasiadamente
Sentimos muito pouco
Necessitamos mais de humildade
Que de máquinas.
Mais de bondade e ternura
Que de inteligência.
Sem isso,
A vida se tornará violenta e


Tudo se perderá.



Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.

Cora Coralina


O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.
Cora Coralina.

Mãe

Renovadora e reveladora do mundo
A humanidade se renova no teu ventre.
Cria teus filhos,
não os entregues à creche.
Creche é fria, impessoal.
Nunca será um lar
para teu filho.
Ele, pequenino, precisa de ti.
Não o desligues da tua força maternal.

Que pretendes, mulher?
Independência, igualdade de condições...
Empregos fora do lar?
És superior àqueles
que procuras imitar.
Tens o dom divino
de ser mãe
Em ti está presente a humanidade.

Mulher, não te deixes castrar.
Serás um animal somente de prazer
e às vezes nem mais isso.
Frígida, bloqueada, teu orgulho te faz calar.
Tumultuada, fingindo ser o que não és.
Roendo o teu osso negro da amargura.


Cora Coralina
Estas mãos

Olha para estas mãos
de mulher roceira,
esforçadas mãos cavouqueiras.

Pesadas, de falanges curtas,
sem trato e sem carinho.
Ossudas e grosseiras.

Mãos que jamais calçaram luvas.
Nunca para elas o brilho dos anéis.
Minha pequenina aliança.
Um dia o chamado heróico emocionante:
- Dei Ouro para o Bem de São Paulo.

Mãos que varreram e cozinharam.
Lavaram e estenderam
roupas nos varais.
Pouparam e remendaram.
Mãos domésticas e remendonas.

Íntimas da economia,
do arroz e do feijão
da sua casa.
Do tacho de cobre.
Da panela de barro.
Da acha de lenha.
Da cinza da fornalha.
Que encestavam o velho barreleiro
e faziam sabão.

Minhas mãos doceiras...
Jamais ociosas.
Fecundas. Imensas e ocupadas.
Mãos laboriosas.
Abertas sempre para dar,
ajudar, unir e abençoar.

Mãos de semeador...
Afeitas à sementeira do trabalho.
Minhas mãos raízes
procurando a terra.
Semeando sempre.
Jamais para elas
os júbilos da colheita.

Mãos tenazes e obtusas,
feridas na remoção de pedras e tropeços,
quebrando as arestas da vida.
Mãos alavancas
na escava de construções inconclusas.

Mãos pequenas e curtas de mulher
que nunca encontrou nada na vida.
Caminheira de uma longa estrada.
Sempre a caminhar.
Sozinha a procurar
o ângulo prometido,
a pedra rejeitada.

Adélia Prado


Dia

As galinhas com susto abrem o bico
e param daquele jeito imóvel
- ia dizer imoral -
as barbelas e as cristas envermelhadas,
só as artérias palpitando no pescoço.
Uma mulher espantada com sexo:
mas gostando mui



Entrevista

Um homem do mundo me perguntou:
o que você pensa do sexo?
Uma das maravilhas da criação eu respondi.
Ele ficou atrapalhado, porque confunde as coisas
e esperava que eu dissesse maldição,
só porque antes lhe confiara:
o destino do homem é a santidade.
A mulher que me perguntou cheia de ódio:
você raspa lá? Perguntou sorrindo,
achando que assim melhor me assassinava.
Magníficos são o cálice e a vara que ele contém,
peludo ou não.
Santo, santo, santo é o amor que vem de Deus,
não porque uso luva ou navalha.
Que pode contra ele o excremento?
Mesmo a rosa, que pode a seu favor?
Se "cobre a multidão dos pecados e é benigno,
como a morte duro, como o inferno tenaz",
descansa em teu amor, que bem estás.


Dia

As galinhas com susto abrem o bico
e param daquele jeito imóvel
- ia dizer imoral -
as barbelas e as cristas envermelhadas,
só as artérias palpitando no pescoço.
Uma mulher espantada com sexo:
mas gostando muito.

Adélia Prado

Entrevista

Um homem do mundo me perguntou:
o que você pensa do sexo?
Uma das maravilhas da criação eu respondi.
Ele ficou atrapalhado, porque confunde as coisas
e esperava que eu dissesse maldição,
só porque antes lhe confiara:
o destino do homem é a santidade.
A mulher que me perguntou cheia de ódio:
você raspa lá? Perguntou sorrindo,
achando que assim melhor me assassinava.
Magníficos são o cálice e a vara que ele contém,
peludo ou não.
Santo, santo, santo é o amor que vem de Deus,
não porque uso luva ou navalha.
Que pode contra ele o excremento?
Mesmo a rosa, que pode a seu favor?
Se "cobre a multidão dos pecados e é benigno,
como a morte duro, como o inferno tenaz",
descansa em teu amor, que bem estás.

Affonso Romano de Santa’Anna


A implosão da mentira ou o episódio do Riocentro
Fragmento 1
Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente.
Mentem
de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.
Mentem.
Mentem e calam. Mas suas frases
falam. E desfilam de tal modo nuas
que mesmo um cego pode ver
a verdade em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é difícil
e para alguns é cara e escura.
Mas não se chega à verdade
pela mentira, nem à democracia
pela ditadura.
Fragmento 2
Evidente/mente a crer
nos que me mentem
uma flor nasceu em Hiroshima
e em Auschwitz havia um circo
permanente. Mentem. Mentem caricaturalmente.
Mentem como a careca
mente ao pente,
mentem como a dentadura
mente ao dente,
mentem como a carroça
à besta em frente,
mentem como a doença
ao doente,
mentem clara/mente
como o espelho transparente.
Mentem deslavadamente,
como nenhuma lavadeira mente
ao ver a nódoa sobre o linho.
Mentem
com a cara limpa e nas mãos
o sangue quente.
Mentem
ardente/mente como um doente
em seus instantes de febre.
Mentem
fabulosa/mente como o caçador que quer passar
gato por lebre.
E nessa trilha de mentiras
a caça é que caça o caçador
com a armadilha.
E assim cada qual
mente industrial? mente,
mente partidária? mente,
mente incivil? mente,
mente tropical?mente,
mente incontinente?
mente,
mente hereditária?
mente,
mente, mente, mente.
E de tanto mentir tão brava/mente
constroem um país
de mentira
-diária/mente.
Fragmento 3
Mentem no passado. E no presente
passam a mentira a limpo. E no futuro
mentem novamente.
Mentem fazendo o sol girar
em torno à terra medieval/mente.
Por isto, desta vez, não é Galileu
quem mente.
mas o tribunal que o julga
herege/mente.
Mentem como se Colombo partin-
do do Ocidente para o Oriente
pudesse descobrir de mentira
um continente. Mentem desde Cabral, em calmaria,
viajando pelo avesso, iludindo a corrente
em curso, transformando a história do país
num acidente de percurso.
Fragmento 4
Tanta mentira assim industriada
me faz partir para o deserto
penitente/mente, ou me exilar
com Mozart musical/mente em harpas
e oboés, como um solista vegetal
que absorve a vida indiferente.
Penso nos animais que nunca mentem.
mesmo se têm um caçador à sua frente.
Penso nos pássaros
cuja verdade do canto nos toca
matinalmente.
Penso nas flores cuja verdade das cores escorre no mel
silvestremente. Penso no sol que morre diariamente
jorrando luz, embora
tenha a noite pela frente.
Fragmento 5
Página branca onde escrevo. Único espaço
de verdade que me resta. Onde transcrevo
o arroubo, a esperança, e onde tarde
ou cedo deposito meu espanto e medo.
Para tanta mentira só mesmo um poema
explosivo-conotativo
onde o advérbio e o adjetivo não mentem
ao substantivo
e a rima rebenta a frase
numa explosão da verdade. E a mentira repulsiva
se não explode pra fora
pra dentro explode
implosiva.

Thiago de Mello.


Memória da esperança

Na fogueira do que faço
por amor me queimo inteiro.
Mas simultâneo renasço
para ser barro do sonho
e artesão do que serei.
Do tempo que me devora
me nasce a fome de ser.
Minha força vem da frágil
flor ferida que se entreabre
resgatada pelo orvalho
da vida que já vivi.
Qual a flama que darei
para acender o caminho
da criança que vai chegar?
Não sei. Mas sei que já dança,
canção de luz e de sombra,
na memória da esperança.

secos e molhados






Fala

Secos e Molhados

Composição: João Ricardo

Eu não sei dizer
Nada por dizer
Então eu escuto
Se você disser
Tudo o que quiser
Então eu escuto
Fala

Se eu não entender
Não vou responder
Então eu escuto
Eu só vou falar
Na hora de falar
Então eu escuto
Fala

cora


Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncioDas Pedras
de Cora Coralina
Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.
Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.
Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida…
Quebrando pedras
e plantando flores.
Entre pedras que me esmagavam
Levantei a pedra rude
dos meus versos.

fernando pessoa


Entre O Sono E Sonho
de Fernando Pessoa
Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.
Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.
E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre -
Esse rio sem fim
Sossega, coração!


Não desesperes!
de Fernando Pessoa
Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme

f.gullar


Traduzir-se
de Ferreira Gullar
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
-que é uma questão
de vida ou morte-
será arte

florbela

O Meu Impossível
de Florbela Espanca
Minh’alma ardente é uma fogueira acesa,
É um brasido enorme a crepitar!
Ânsia de procurar sem encontrar
A chama onde queimar uma incerteza!
Tudo é vago e incompleto! E o que mais pesa
É nada ser perfeito. É deslumbrar
A noite tormentosa até cegar,
E tudo ser em vão! Deus, que tristeza!…
Aos meus irmãos na dor já disse tudo
E não me compreenderam!… Vão e mudo
Foi tudo o que entendi e o que pressinto…
Mas se eu pudesse a mágoa que em mim chora
Contar, não a chorava como agora,
Irmãos, não a sentia como a sinto!… Noite de Saudade
de Florbela Espanca
A noite vem pousando devagar
Sobre a terra, que inunda de amargura…
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura…
Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura…
E eu ouço a noite imensa soluçar!
E eu ouço soluçar a noite escura!
Porque és assim tão ’scura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó noite, em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho!
Saudade que eu nem sei donde me vem…
Talvez de ti, ó noite!… Ou de ninguém!…
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho

gregorio de barros


Original e Cópia
de Gregório de Matos
Se há de ver-vos quem há de retratar-vos
E é forçoso cegar quem chega a ver-vos,
Sem agravar meus olhos, e ofender-vos,
Não há de ser possível copiar-vos.
Com neve, e rosas quis assemelhar-vos,
Mas fora honrar as flores, e abater-vos;
Dois zéfiros por olhos quis fazer-vos;
Mas quando sonham eles de imitar-vos?
Vendo que a impossíveis me aparelho,
Desconfiei da minha tinta imprópria,
E a obra encomendei a vosso espelho.
Porque nele com luz, e cor mais própria
Sereis, se não me engana o meu conselho,
Pintor, pintura, original, e cópia

guilherme arantes


Meu Mundo e Nada Mais
de Guilherme Arantes
Quando eu fui ferido vi tudo mudar
Das verdades que eu sabia
Só sobraram restos e eu não esqueci
Toda aquela paz que eu tinha
Eu que tinha tudo hoje estou mudo, estou mudado
À meia-noite, à meia luz, pensando
Daria tudo por um modo de esquecer
Eu queria tanto estar no escuro do meu quarto
À meia-noite, à meia luz, sonhando
Daria tudo por meu mundo e nada mais
Não estou bem certo se ainda vou sorrir
Sem um traço de amargura
Como ser mais livre, como ser capaz
de enxergar um novo dia
Eu que tinha tudo hoje estou mudo, estou mudado
À meia-noite, à meia luz, pensando
Daria tudo por um modo de esquecer
Eu queria tanto estar no escuro do meu quarto
À meia-noite, à meia luz, sonhando
Daria tudo por meu mundo e nada mais

guimaraes


O Sono das Águas
de Guimarães Rosa
Há uma hora certa,
no meio da noite, uma hora morta,
em que a água dorme.
Todas as águas dormem:
no rio, na lagoa,
no açude, no brejão, nos olhos d’água,
nos grotões fundos
E quem ficar acordado,
na barranca, a noite inteira,
há de ouvir a cachoeira
parar a queda e o choro,
que a água foi dormir…
Águas claras, barrentas, sonolentas,
todas vão cochilar.
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas,
fios brancos, torrentes.
O orvalho sonha
nas placas da folhagem
e adormece.
Até a água fervida,
nos copos de cabeceira dos agonizantes…
Mas nem todas dormem, nessa hora
de torpor líquido e inocente.
Muitos hão de estar vigiando,
e chorando, a noite toda,
porque a água dos olhos
nunca tem sono…

hilda


Cantares do Sem-Nome e de Partidas.
de Hilda Hilst
I-Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.

manoel de barros


Manoel de Barros
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá, onde a criança diz:
eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
Funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta,
que é a voz
De fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio. O Silêncio

quintana


Mario Quintana
Há um grande silêncio que está sempre à escuta…
E a gente se põe a dizer inquietamente qualquer coisa,
qualquer coisa, seja o que for,
desde a corriqueira dúvida sobre se chove ou não chove hoje
até a tua dúvida metafísica, Hamleto!
E, por todo o sempre, enquanto a gente fala, fala, fala
o silêncio escuta…
e cala.

victor hugo


O Amor
de Victor Hugo
Pois que a beber me deste em taça transbordante,
E a fronte no teu colo eu tenho reclinado,
E respirei da tu’alma o hálito inebriante,
- Misterioso perfume à sombra derramado;
Visto que te escutei tanto segredo, tanto!
Que vem do coração, dos íntimos refolhos,
E tive o teu sorriso e enxuguei o teu pranto,
- A boca em minha boca e os olhos nos meus olhos;
Pois que um raio senti do teu astro, querida,
Dissipar-me da fronte as densas brumas frias,
Desde que vi cair na onda da minha vida
A pétala de rosa arrancada aos teus dias…
Posso agora dizer ao tempo, em seus rigores:
- Não envelheço, não! podeis correr, sem calma,
Levando na torrente as vossas murchas flores
Ninguém há de colher a flor que eu tenho n’alma!
Podeis com a asa bater, tentando, sem efeito,
A taça derramar em que me dessedento:
Do que cinzas em vós há mais fogo em meu peito;
E, em mim, há mais amor que em vós esquecimento

lispector




-A Lucidez Perigosa
de Clarice Lispector

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.
Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço.
Além do que:que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.
Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade -
essa clareza de realidade
é um risco.
Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve
para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.



Dá-me a Tua Mão
de Clarice Lispector

Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.
Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncioDas Pedras

um pouco de Drummond



A palavra mágica
de Carlos Drummond de Andrade

Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.
Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.


Ausência
de Carlos Drummond de Andrade

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


A Um Ausente
de Carlos Drummond de Andrade

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.


Os Ombros Suportam o Mundo
de Carlos Drummond de Andrade

Chega um tempo em que não se diz mais: meu
Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos
edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação


Confissão
de Carlos Drummond de Andrade

Não amei bastante meu semelhante,
não catei o verme nem curei a sarna.
Só proferi algumas palavras,
melodiosas, tarde, ao voltar da festa.
Dei sem dar e beijei sem beijo.
(Cego é talvez quem esconde os olhos
embaixo do catre.) E na meia-luz
tesouros fanam-se, os mais excelentes.
Do que restou, como compor um homem
e tudo que ele implica de suave,
de concordâncias vegetais, murmúrios
de riso, entrega, amor e piedade?
Não amei bastante sequer a mim mesmo,
contudo próximo. Não amei ninguém.
Salvo aquele pássaro – vinha azul e doido

não é do caetano mas ele canta.




Você Não Me Ensinou a Te Esquecer
de Caetano Veloso

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho

mas podem chamar de fernando pessoa



de Alberto Caeiro

E há poetas que são artistas
E trabalham nos seus versos
Como um carpinteiro nas tábuas!…
E há poetas que são artistas
E trabalham nos seus versos
Como um carpinteiro nas tábuas!…

Que triste não saber florir!
Ter que pôr verso sobre verso, como quem constrói um muro
E ver se está bem, e tirar se não está!…
Quando a única casa artística é a Terra toda
Que varia e está sempre bem e é sempre a mesma.

Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem respira,
E olho para as flores e sorrio…
Não sei se elas me compreendem
Nem sei eu as compreendo a elas,
Mas sei que a verdade está nelas e em mim
E na nossa comum divindade
De nos deixarmos ir e viver pela Terra
E levar ao solo pelas Estações contentes
E deixar que o vento cante para adormecermos
E não termos sonhos no nosso sono

adriana calcanhoto


Nada ficou no lugar
Eu quero quebrar essas xícaras
Eu vou enganar o diabo
Eu quero acordar sua família

Eu vou escrever no seu muro
E violentar o seu gosto
Eu quero roubar no seu jogo
Eu já arranhei os seus discos

Que é pra ver se volta
Que é pra ver se você vem
Que é pra ver se você olha
Pra mim

Nada ficou no lugar
Eu quero entregar suas mentiras
Eu vou invadir sua aula
Queria falar sua língua

Eu vou publicar seus segredos
Eu vou mergulhar sua guia
Eu vou derramar nos seus planos
O resto da minha alegria

Que é pra ver se você volta
Que é pra ver se você vem
Que é pra ver se você olha
Pra mim



Metade
de Adriana Calcanhotto

Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Eu perco a hora
Eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim
Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos
Eu estou ao meio
Onde será que você está agora? Há Poetas Que São Artistas

um pouco do chico o buarque e não da holanda-o maior compositor de todos os temos

Pedaço de Mim

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar
Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais
Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu
Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi
Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus

Almanaque

Ô menina vai ver nesse almanaque como é que isso tudo começou
Diz quem é que marcava o tique-taque e a ampulheta do tempo disparou
Se mamava de sabe lá que teta o primeiro bezerro que berrou
Me responde, por favor
Pra onde vai o meu amor
Quando o amor acaba
Quem penava no sol a vida inteira, como é que a moleira não rachou
Quem tapava esse sol com a peneira e quem foi que a peneira esfuracou
Quem pintou a bandeira brasileira que tinha tanto lápis de cor
Me responde por favor
Pra onde vai o meu amor
Quando o amor acaba
Diz quem foi que fez o primeiro teto que o projeto não desmoronou
Quem foi esse pedreiro, esse arquiteto, e o valente primeiro morador
Diz quem foi que inventou o analfabeto e ensinou o alfabeto ao professor
Me responde por favor
Pra onde vai o meu amor
Quando o amor acaba
Quem é que sabe o signo do capeta, o ascendente de Deus Nosso Senhor
Quem não fez a patente da espoleta explodir na gaveta do inventor
Quem tava no volante do planeta que o meu continente capotou
Me responde por favor
Pra onde vai o meu amor
Quando o amor acaba
Vê se tem no almanaque, essa menina, como é que termina um grande amor
Se adianta tomar uma aspirina ou se bate na quina aquela dor
Se é chover o ano inteiro chuva fina ou se é como cair o elevador
Me responde por favor
Pra que tudo começou
Quando tudo acaba
Choro Bandido
de Chico Buarque
Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
Os seus versos serão bons
Mesmo porque as notas eram surdas
Quando um deus sonso e ladrão
Fez das tripas a primeira lira
Que animou todos os sons
E daí nasceram as baladas
E os arroubos de bandidos como eu
Cantando assim:
Você nasceu para mim
Você nasceu para mim
Mesmo que você feche os ouvidos
E as janelas do vestido
Minha musa vai cair em tentação
Mesmo porque estou falando grego
Com sua imaginação
Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão
E eis que, menos sábios do que antes
Os seus lábios ofegantes
Hão de se entregar assim:
Me leve até o fim
Me leve até o fim
Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso
São bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo sendo errados os amantes
Seus amores serão bons

Gente Humilde

Tem certos dias em que eu penso em minha gente
E sinto assim todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece de repente
Como um desejo de eu viver sem me notar
Igual a como quando eu passo num subúrbio
Eu muito bem vindo de trem de algum lugar
E aí me dá como uma inveja dessa gente
Que vai em frente sem nem ter com quem contar
São casas simples com cadeiras na calçada
E na fachada escrito em cima que é um lar
Pela varanda flores tristes e baldias
Como a alegria que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza no meu peito
Feito um despeito de eu não ter como lutar
E eu que não creio, peço a Deus por minha gente
É gente humilde, que vontade de chorar
Roda-viva
de Chico Buarque
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo (etc.)
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a viola pra lá
Roda mundo (etc.)
O samba, a viola, a roseira
Um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a saudade pra lá
Roda mundo (etc.)

Retrato em Branco e Preto
de Chico Buarque, Tom Jobim
Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cór
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar, tanto pior
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto
E que no entanto
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retrato
Eu teimo em coleciona
Lá vou eu de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Pra lhe dizer que isso é pecado
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coraçãoO

Que Será Que Será

O que será que será
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Será que será
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho
O que será que será
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Está no dia-a-dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos, será que será
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido
O que será que será
Que todos os avisos não vão evitar
Porque todos os risos vão desafiar
Porque todos os sinos irão repicar
Porque todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o padre eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo

Construção

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acbou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado

Eu Te Amo
de Chico Buarque, Tom Jobim
Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armários embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica como que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partirMentiras

terça-feira, 21 de julho de 2009

revista caros amigos

Quem produz a comida é a mesma multinacional que produz o remédio. A comida é desnaturalizada, transgênica, produzida com agrotóxico, baseada no petróleo. O mais louco é que as empresas alimentarias e farmacológicas são as que fabricam armas para o imperialismo, como a Monsanto que fabricava Nalpam para despejar nos victcongues. São as mesmas que financiaram a derrubada de governos progressistas na América Latina como João Goulart e Salvador Allende. Texto Gilberto F. Vasconcellos - caros amigos.

Ao longo do século 20, a indústria automobilística moveu a economia mundial. Basta pensar no circuito do petróleo (combustíveis, pavimentação de vias, a vasta indústria de material de plástico). Ou na siderurgia, com todos os setores associados (autopeças, funilaria) A indústria automobilística também mobiliza as mais avançadas tecnologias empregadas nas linhas de montagem, em total sintonia com a robótica e a indústria bélica. Em 1941, logo após a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra, a GM mobilizou toda a sua linha de produção para a fabricação de tanques de guerra, blindados e peças para aviões. Jose Arbex jr. Caros amigos

quinta-feira, 16 de julho de 2009

ordem na desordem

Qual o fogo que arde mais que vulcão em chamas!
Chama, grite socorro! Apagá-lo ou não.
Ruge algum leão em algum lugar dentro de mim e é um turbilhão de assombros que vai tomando conta da situação.
São situações fora de controle. Controle venha; atender-me.
Nem sei se é o que sonhava sentir. Ah se pudesse gritar, e ser ouvido. Gritar, gritar no meio de tanto barulho. É a desordem. Desordem no congresso nacional. E existe alguma ordem fora daqueles dizeres da bandeira nacional? Por que polícia? Arrancaram-me o pouco que sobrou das economias e disseram: Imposto de Renda. Chame o ladrão.
O corpo fala a alma cala. É a insensatez ou a coragem, é a loucura ou destemor
Os comandos dizem cala. Não há ouvidos a escutar. Disseram justiça. Justiça só se for nos poemas de Bertolt Brecht. Será que o canto de Vandré, Victor Jara, serão sempre reverenciadas como uma necessidade premente.

sábado, 11 de julho de 2009

blogdotomze

http://tomze.blog.uol.com.br/

sexta-feira, 10 de julho de 2009

detomzeparamichaeljackson

AMADO MICHAEL
(Tom Zé)

Negro da luz que desbota branco
Tanto talento tormento tanto
Tanta afronta de pouca monta.

Eia! virtudes em farta ceia
Todo encanto que pode o canto
Toda fiança que adoça a dança.

Que deus nos furta vida tão curta?
Mundo lamenta: ele mal cinquenta!
A ninguém ilude essa bruxa rude.
Paroxismo desse Narciso
Que achou desgosto no próprio rosto
E apedrejou-se com faca e foice.

Avança a rua (uma dor que dança)
E em seus telhados mandibulados
Requebra os hinos do dançarino.
Niños, rapazes, se sentem azes
Herdeiros todos e seus parceiros
Revelam parque, porto e favela.

II

Da Grécia três te trouxeram Graças
Arcas repletas de belas artes
Arcas que deram ciúme às Parcas.

Que luz trarias tu, mitologia,
Para um tal desatino de destino
Que o espandongado toma por fado?

Porque o povo grego disse que
Se a hybris o herói consigo quis,
Se condiz ao lado dela ser feliz
Ele mesmo será pão e maldição
Enquanto gera para os olhos de Megera

quinta-feira, 9 de julho de 2009

"एला,MOLHADINHA




Um trovão aterrorizante nos surpreendeu, veio uma chuva inesperada e atrevida não tive tempo de escapar ileso, minha colega de trabalho pediu para acompanhá-la até sua casa, chegando ao prédio para que não se molhasse, perguntei deixa entrar?
Ela respondeu, não pode. Só até a portinha. Da portinha até lá dentro tem um belo espaço. Ela respondeu-me: Não. Foi um não meio assustada com a minha espontaneidade. meu marido não está, e se verem você na minha portinha querendo entrar, pode desconfiar. Então, deixe-me por aqui mesmo, ainda mais que, já estou toda molhadinha.
O pior é que não achava a chave, e como abrir a porta sem a chave? Ah que desespero para abrir aquela porta!
Nestas horas sem encontrar a chave, seria bem melhor se o marido já estivesse dormindo, por mais que ficasse irritado, em ter que levantar para me abrir a porta e ver que estava toda molhadinha, por mais que se irritasse não seria o pior, mas e agora se ele chegar e me encontrar na rua até tarde?
O que vai pensar... Vou dizer que meu amigo queria entrar, e eu disse que estava satisfeita em que deixasse só na portinha, será que ele vai entender-me? Vou pensar positivo ele vai ficar com pena de ver que fiquei a esperar e tenha também sentido um aluvião e vendo-me toda molhadinha queira ajudar a secar-me.

sexta-feira, 3 de julho de 2009