sábado, 21 de janeiro de 2012

Contra capa do livro que escrevinhei: Cidade dos meus contos, cantos encantos e desencantos.



Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã; o dia de amanhã terá suas preocupações próprias. Mateus 6-14.
E se de repente, a gente não sentisse a dor que a gente finge. E se, de repente a gente distraísse o ferro do suplicio. Chico Buarque.
São Paulo quanta dor há no lobrigar que te vejo uma são Paulo meu amor, com todo defeito te carrego no meu peito. Tom Zé.
São Paulo tem socorro, tem liberdade, tem bom retiro, tem esperança, tem augusta, aurora, largo dos aflitos, consolação. Gente do norte, nordeste, aqui no sudeste, batalhando neste mundaréu que só cresce. Venha até são Paulo viver a beira do estresse. Itamar Assumpção
São Paulo do turismo é encantador, furtivo. Venha pra são Paulo que não mostra na TV; é indizível, venha ver o rio tiete, Paraisópolis, monóxido de carbono misturando na selva de pedra é um tugúrio das mazelas. Está tudo organizado pra não se pensar. Não temos tempo. É só trabalhar. Muito pão e circo, cachaça no bar, futebol pra aplaudir, um crime pra comentar, carnaval pra distrair, novelas pra sonhar, aleluias e testemunhos pros desencantos espantar este viver na perfídia. Entendi: a ideologia de classe. Não nos deixam pensar; raivoso com o poder que tenta nos controlar fico enternecido com meus iguais. A cria palavra que quer dizer tudo. Palavra que muda, palavra que é dócil feita de luz e encantamento, minha criatura quer ser poesia misturando letras que invento do meu pensamento, não é literatura, mas pode ser moldura que vá habitar o coração. Enquanto o tempo passa rápido o estresse me fez embevecido. Fechei os olhos infatigado e descansei dos pensamentos anímico. Vieram as palavras anteriores ao entendimento. E compus estas lancilantes palavras assim batizadas. A cidade dos meus contos, cantos encantos e desencantos.

Fantasia Chico Buarque
E se, de repenteA gente não sentisseA dor que a gente fingeE senteSe, de repenteA gente distraísseO ferro do suplícioAo som de uma cançãoEntão, eu te convidariaPra uma fantasiaDo meu violão
Canta, canta uma esperançaCanta, canta uma alegriaCanta maisRevirando a noiteRevelando o dia Noite e dia, noite e diaCanta a canção do homemCanta a canção da vidaCanta maisTrabalhando a terra Entornando o vinhoCanta, canta, canta, cantaCanta a canção do gozoCanta a canção da graçaCanta maisPreparando a tintaEnfeitando a praçaCanta, canta, canta, cantaCanta a canção de glóriaCanta a santa melodiaCanta maisRevirando a noiteRevelando o diaTom Zé
São, São Paulo quanta dorSão, São Paulo meu amor
São oito milhões de habitantesDe todo canto em açãoQue se agridem cortesmente Morrendo a todo vaporE amando com todo ódio Se odeiam com todo amorSão oito milhões de habitantesAglomerada solidãoPor mil chaminés e carros Caseados à prestaçãoPorém com todo defeitoTe carrego no meu peito
São, São Paulo quanta dorSão, São Paulo meu amor
Salvai-nos por caridadePecadoras invadiram Todo centro da cidade Armadas de rouge e batom Dando vivas ao bom humorNum atentado contra o pudorA família protegidaUm palavrão reprimidoUm pregador que condena Uma bomba por quinzenaPorém com todo defeitoTe carrego no meu peito
São, São Paulo quanta dorSão, São Paulo meu amor
Santo Antonio foi demitido Dos Ministros de cupidoArmados da eletrônica Casam pela TV Crescem flores de concretoCéu aberto ninguém vêEm Brasília é veraneioNo Rio é banho de marO país todo de férias Aqui é só trabalharPorém com todo defeitoTe carrego no meu peitoSão, São Paulo quanta dorSão, São Paulo meu amorSão, São Paulo quanta dorSão, São Paulo meu amorSão, São Paulo meu amor.
Noite e dia, noite e dia.
Venha Até São Paulo Itamar Assumpção
 

Venha até São Paulo São Paulo tem Socorro, tem Liberdade, tem Bom Retiro,Tem Esperança, tem gente e mais gente, cabe,Invade, São Paulo tem muitos santos espalhadosPelo Estado, tem São Judas, São Caetano, SantoAndré, tem São Bernardo, tem São Miguel, SãoVicente, do outro lado tem São Carlos, tem santoQue nem me lembro, São João Clímaco, Santo AmaroE a Capital São Paulo, tem o largo de São Bento noCentro e no litoral tem Santos. Há santas tambémÉ claro, Santa Efigênia, Santana, Santa Cecília,Tem Santa Clara...Venha até São Paulo ver o que é bom pra tosseVenha até São Paulo dance e pule o rock and rushEntre no meu carro vamos ao Largo do AroucheLiberdade é bairro mas é como Japão fosseVenha nesse embalo concrete fax telexIgreja Praça da Sé faça logo sua preceQuem vem pra São Paulo meu bem jamais esqueceNão tem intervalo tudo depressa aconteceNão tem intervaloVai e vem e tchan e tchun e eta sobe desceGente do Nordeste, do Norte aqui no SudesteBatalhando nesse mundaréu de mundo que só cresceSó careceVenha até São Paulo relaxar ficar relaxTire um xerox admire um triplexVenha até São Paulo viver à beira do stressFuligem catarro assaltos no dia dez