quarta-feira, 20 de abril de 2011

delirei nas palavras escritas de um livro que lia.

E me transportei para as minhas inquietações, viajei nelas, às vezes é necessária uma viagem... Fala-se muito no belo que existe na certeza; existe uma beleza mais sutil que existe na dúvida. A dúvida é profundamente sedutora. Os sofrimentos superficiais e os amores superficiais duram. Os amores e os sofrimentos profundos acabam morrendo devido à sua própria intensidade.
Na verdade aprendi a gostar de algumas coisas como estar atento a observação da natureza; meus pais nasceram no meio do mato como o leão, eu já nasci no meio da selva de pedra, o pior cresci e alimentei-me de concretos. Mas, e sempre tem um “mas”; fui educado nas raízes da solidariedade da justiça do bicho do mato dentro da selva de pedra; você sabe o bicho do mato não mata seu semelhante e convive com a natureza!

E, depois de adulto, aprendi e reaprendi alguns passos necessários para percorrer a caminhada, entre estes alguns podia revelar, outros podiam revelar-me, outros nem eu teria e nem poderia saber, se não este revelar-se seria um contra ponto ao que se espera dos homens/mulheres, numa sociedade que se pretende séria, para continuar não sendo.
Há momentos em que a pessoa se vê forçada a escolher entre viver a sua própria vida, plena e completa, ou então levar adiante uma existência falsa, infame conforme o mundo, em sua hipocrisia, exige, ou e se cativa ou se questiona a hipocrisia dentro de valores que nos formaram, mas aprendi com a história e particularmente com a psicologia que vivemos os nossos estereótipos que nos construíram e está construção vai muito longe de nós mesmos estão nas nossas raízes culturais e quando falamos culturais vão muitas e muitas explicações que nem caberia descrevê-las. Exemplo? Sabe o que é o querer, e onde mora o desejo?
A paixão que é natural do ser humano e a primeira forma de liberdade não consistem em livrar-se dela. –elas são necessárias e não dependem de nossa vontade, mas das leis da natureza humana eu disse humana.
Ser livre não será, portanto, escapar das leis, mas conhecendo tais leis, começar a deixar-se vencer apenas pelas paixões positivas.
A paixão, ela procura bens capazes de conservar, mas é guiada pela imaginação e não pelo intelecto. A imaginação apresenta os bens como conflitantes e contrários como o são o desejo, deixando-o numa situação desesperadora, incapaz de decidir-se por um objeto desejado.
Como temos nos movimentado, como nosso corpo tem acompanhado a nossa alma? É preciso vencer os obstáculos exteriores para dar sentido à existência plena. Será que conseguiremos, nós frágeis mortais e sem muitos conhecimentos e discernimentos. Por isso a burrice que a televisão prega é tão condicionada que o povo que não se vê! O que ocorre fora de nós como causa inadequada, porque independe de nossa ação ou mesmo dentro de nós e ficamos passivos. Seria preciso a sabedoria dos livros e a disciplina na educação, mas sem família? Onde anda a família?

Havia confusão na minha interpretação porque adulto e adultero foram palavras fortes e lembrei-me que um dos tios era execrado por todos da família nas conversas que eu ouvia desde ainda criança. Ouvia e desentendia, eu e as outras crianças ficamos adultas e alguns dos tios foram partindo, quando da partida do tio dito adultero, os que haviam ainda permanecido diziam com saudades de amores não vividos e nem compartilhados e que o adultero no seu velório foi tão cortejado, saudado e elogiado por tantos desconhecidos. Que até se consolaram de entender que o diabo não mora ao lado.

Podemos resistir a tudo menos as tentações.
O ciúme que é das mais extraordinárias causas de crimes da vida moderna, é uma emoção intimamente ligada ao nosso conceito de posse. Os bichos do mato não carregam estes conceitos, não foram aculturados para serem comprometidos com valores ideológicos do ser social.
É um fato incontestável que nas tribos de tipo comunista o ciúme é desconhecido.
Viver é a coisa mais rara no mundo. Muitas pessoas existem. Só isto.
Não há outro jeito de livrar-se de uma tentação a não ser sucumbindo a ela. Se você resistir, a sua alma adoecerá desejando aquelas coisas que lhe foram recusadas.

E os outros; aqueles que o criticavam talvez não tenham sido tão generosos quanto aquele que fora pelos familiares; criticado. Ter a capacidade de uma paixão e não tentar experimentá-la quer dizer tornar-se incompleto e limitado. A vida moderna pós capitalista com tantas atribulações onde se vive dentro da selva de pedra com estresse por todos os lados, parece que só o segredo faz ficar misterioso e maravilhoso até o mais banal se torna fascinante quando feita às escondidas. Não seria a necessidade de se equilibrar o real da fantasia? Neste capitalismo excludente e demente de tantos consumos pro nada a não ser para o purgatório de uma existência vazia?

Sei é pecado foi assim que fui educado, mas fazer o que? Se agora entendo que o dito pecador era por todos admirados o elogiavam e o queriam tão bem.
Ah! Nem sei por que estou escrevendo terapia, ou sei?
Mas o que o personagem da história que eu lia perguntou foi outra coisa não foi? Deixa me ver... Perguntou de flores. Fiquei confuso na história que lia a personagem é encantadora ela tem a beleza das flores. Esta revoltada com as minhas questões! Lembra que foi a revolta que levou a desobediência que pode ser considerada uma virtude. Foi com a desobediência que se realizou todo o progresso e isso é claro pra qualquer um que conheça um pouco de história!
Quando você acorda e vê que havia sonhado, porque a leitura nos faz viajar num sonho sem sono, e ai você se prepara para mais um dia de realidade e começa a pensar; e a leitura na verdade fez você lembrar-se da sua essência, que é o homem livre não é aquele que decide o que quer, como quer e onde quer. O homem livre é aquele que, conhecendo as leis na Natureza e as de seu corpo, não se deixa vencer pelo exterior, mas sabe dominá-lo.
Espinosa definira a essência humana pelo desejo.
O desejo do homem livre é o desejo no qual entre o ato de desejar e o objeto desejado, deixa de haver distancia para haver união. O desejo é a causalidade humana reproduzindo no plano dos modos a atividade divina como atividade imanente. Começará a lembrar de alguns momentos que tivera em algum lugar do passado, destes os mais recentes e escrevi para não se perder nas leituras:

Bem deixa dizer então. Aprendi às vezes que fui ao campo e fiquei a admirar, particularmente no período quando fazia meditação regularmente, fui reaprendendo a ser gente, gente está meio fora de moda, então fui reaprendendo porque como disse: meus pais assim me ensinaram, ainda não sou completamente, mas estou no caminho...

E ir ao campo junto e no meio dos poucos bichos e matas e flores que gestavam frutos. Frutos que nos alimenta e alimentos que estão sendo envenenados na plantação pra dar mais lucro, então, assim foi que reaprendi, e toda vez que vou fico como um zumbi observando, paro, medito, já não ligo se me estranham admirando o abrir de um botão em flor, refletindo sobre a semente, sobre a beleza do universo, sobre a beleza do ser, particularmente a beleza do feminino tanto fisicamente quanto no seu ser, e como é sagrado, determinadas situações e coisas.

Não acredito na existência de mulheres puritanas. Acho que não há uma única mulher no mundo que não se sentiria lisonjeada ao ser cortejada. Como se uma flor fosse! E é justamente isto que torna as mulheres tão fascinantes. Quem ama uma só vez na vida tem uma natureza superficial. O que alguns consideram lealdade e fidelidade para mim não passa de apatia devida ao habito e à falta de imaginação.
Ter segredos com as mulheres dos outros é um luxo necessário da vida moderna; é pelo menos o que contam certas pessoas bastante carecas para conhecerem o assunto. As mulheres feias são sempre ciumentas dos maridos; as bonitas nunca! Não tem tempo para isso. Estão ocupadas demais com o ciúme dos maridos das outras, quem disse isso foi Oscar Wilde, um cara pensante!

Quer coisa mais sagrada que o útero de uma fêmea. É lá um sacrário vivo que não se contempla, ou que poucos o fazem.
E passei a cultivar algumas orquídeas que comprava e ficava cuidando para ela sobreviver, porque sentia que ela sobrevivendo ficava bonita e quando uma delas morria, mas por eu ter feito de tudo para ela resistir, prestava mais atenção nas que ficaram e quando brotava uma raiz e depois uma flor sentia a energia que era uma resposta aos meus cuidados, estou aprendendo a viver, espero que ainda de tempo de ser gente.
Mesmo que muitas das coisas tenham que reaprender como, por exemplo, admirar quem tem valor, elogiar contemplar, mesmo que me digam alguns dos que pensam que pensam até os olhares que não se perdoam por serem incandescentes dos que se desejam adultos adúlteros.
Os bichos do mato, assim como eu. Estamos querendo ser respeitados.