quinta-feira, 26 de julho de 2012

terça-feira, 10 de julho de 2012

não coma veneno





O jogo de desinformação que interessa a toda a indústria alimentícia. A alimentação, assim como a saúde, é um grande negócio. Dois terços de todos os alimentos processados industrialmente contêm algum derivado da soja em sua composição. É só conferir os rótulos. A lecitina de soja atua como emulsificante. A farinha de soja aumenta a “vida de prateleira” de uma série de produtos. O óleo de soja é usado amplamente pela indústria de alimentos. A indústria da soja é enorme e poderosa.


E como se fabrica a proteína de soja?
Em primeiro lugar, retira-se da soja moída o seu óleo e o seu carboidrato, através de solventes químicos e alta temperatura. Em seguida, mistura-se uma solução alcalina para separar as fibras. Logo após, submete-se a um processo de precipitação e separação utilizando um banho ácido. Por último, vem um processo de neutralização através de uma solução alcalina. Segue-se uma secagem a altas temperaturas e à redução do produto a um pó. Este produto, altamente manipulado, possui seu valor nutricional totalmente comprometido. As vitaminas se vão, mas os inibidores da tripsina permanecem firmes e fortes! (Rackis JJ et al: The USDA trypsin inhibitor study. I. Background, objectives and procedural details. Qual Plant Foods Hum Nutr, volume 35, pág. 232).

Não existe nenhuma lei no mundo que obrigue os alimentos à base de soja a exibirem, nos rótulos, a quantidade de inibidores da tripsina. Também não existe nenhuma lei padronizando as quantidades máximas deste produto. Que conveniente!
O povo nunca ouviu falar nos antinutrientes e inibidores da tripsina dos alimentos de soja.
A proteína texturizada de soja (proteína texturizada vegetal, carne de soja) possui um agravante: a adição de glutamato monossódico, no intuito de neutralizar o sabor de grão e criar um sabor de carne.
Alguns pesquisadores acreditam que o grande aumento das taxas de câncer de pâncreas e fígado, na África, se deve à introdução de produtos de soja naquela região. (Katz SH: Food and Biocultural Evolution: A Model for the Investigation of Modern Nutritional Problems. Nutritional Anthropology, Alan R. Liss Inc., 1987 pág. 50).
Compre apenas se neles estiver escrito “Fermentação Natural”, e se NÃO contiverem produtos como glutamato monossódico e outros ingredientes artificiais.

POEMAS DE BERTOLD BRECHT







A Cruz de Giz

Eu sou uma criada.
Eu tive um romance Com um homem que era da SA.
Um dia, antes de ir ele me mostrou, sorrindo, como fazem para pegar os insatisfeitos.
Com um giz tirado do bolso do casaco ele fez uma pequena cruz na palma da mão.
Ele contou que assim, e vestido à paisana anda pelas repartições do trabalho. Onde os empregados fazem fila e xingam.
E xinga junto com eles, e fazendo isso Em sinal de aprovação e solidariedade. Dá um tapinha nas costas do homem que xinga
E este, marcado com a cruz branca é apanhado pela SA. Nós rimos com isso. Andei com ele um ano, então descobri que ele havia retirado dinheiro da minha caderneta de poupança. Havia dito que a guardaria para mim. Pois os tempos eram incertos. Quando lhe tomei satisfações, ele jurou que suas intenções eram honestas. Dizendo isso, pôs a mão em meu ombro para me acalmar. Eu corri, aterrorizada. Em casa Olhei minhas costas no espelho, para ver Se não havia uma cruz branca.

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A Exceção e a Regra

Estranhem o que não for estranho.
Tomem por inexplicável o habitual.
Sintam-se perplexos ante o cotidiano.
Tratem de achar um remédio para o abuso
Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra.

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A Fumaça

A pequena casa entre árvores no lago.
Do telhado sobe fumaça
Sem ela
Quão tristes seriam
Casa, árvores e lago.

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A Máscara Do Mal

Em minha parede há uma escultura de madeira japonesa
Máscara de um demônio mau, coberta de esmalte dourado.
Compreensivo observo
As veias dilatadas da fronte, indicando
Como é cansativo ser mal
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A Minha Mãe

Quando ela acabou, foi colocada na terra
Flores nascem, borboletas esvoejam por cima...
Ela, leve, não fez pressão sobre a terra
Quanta dor foi preciso para que ficasse tão leve!
...
Acredite Apenas

Acredite apenas no que seus olhos vêem e seus ouvidos
Ouvem!
Também não acredite no que seus olhos vêem e seus
Ouvidos ouvem!
Saiba também que não crer algo significa algo crer!
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A Troca da Roda

Estou sentado á beira da estrada,
o condutor muda a roda.
Não me agrada o lugar de onde venho.
Não me agrada o lugar para onde vou.
Por que olho a troca da roda com impaciência?
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As Boas Ações

Esmagar sempre o próximo não acaba por cansar?
Invejar provoca um esforço que inchas as veias da fronte.
A mão que se estende naturalmente dá e recebe com a mesma facilidade.
Mas a mão que agarra com avidez rapidamente endurece.
Ah! que delicioso é dar!
Ser generoso que bela tentação!
Uma boa palavra brota suavemente como um suspiro de felicidade!
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Aos que virão depois de nós

Eu vivo em tempos sombrios.
Uma linguagem sem malícia é sinal de estupidez, uma testa sem rugas é sinal de indiferença.
Aquele que ainda ri é porque ainda não recebeu a terrível notícia.
Que tempos são esses, quando falar sobre flores é quase um crime.
Pois significa silenciar sobre tanta injustiça?
Aquele que cruza tranqüilamente a rua já está então inacessível aos amigos que se encontram necessitados?
É verdade: eu ainda ganho o bastante para viver.
Mas acreditem: é por acaso. Nado do que eu faço
Dá-me o direito de comer quando eu tenho fome.
Por acaso estou sendo poupado.
(Se a minha sorte me deixa estou perdido!)
Dizem-me: come e bebe!
Fica feliz por teres o que tens!
Mas como é que posso comer e beber, se a comida que eu como, eu tiro de quem tem fome? se o copo de água que eu bebo, faz falta a quem tem sede?
Mas apesar disso, eu continuo comendo e bebendo.
Eu queria ser um sábio.
Nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria:
Manter-se afastado dos problemas do mundo e sem medo passar o tempo que se tem para
viver na terra;
Seguir seu caminho sem violência, pagar o mal com o bem, não satisfazer os desejos, mas esquecê-los.
Sabedoria é isso!
Mas eu não consigo agir assim.
É verdade, eu vivo em tempos sombrios!
Eu vim para a cidade no tempo da desordem, quando a fome reinava.
Eu vim para o convívio dos homens no tempo da revolta e me revoltei ao lado deles.
Assim se passou o tempo que me foi dado viver sobre a terra.
Eu comi o meu pão no meio das batalhas, deitei-me entre os assassinos para dormir,
Fiz amor sem muita atenção e não tive paciência com a natureza.
Assim se passou o tempo que me foi dado viver sobre a terra.
Vocês, que vão emergir das ondas em que nós perecemos, pensem, quando falarem das nossas fraquezas, nos tempos sombrios de que vocês tiveram a sorte de escapar.
Nós existíamos através da luta de classes, mudando mais seguidamente de países que de sapatos, desesperados! quando só havia injustiça e não havia revolta.
Nós sabemos: o ódio contra a baixeza também endurece os rostos!
A cólera contra a injustiça faz a voz ficar rouca! Infelizmente, nós, que queríamos preparar o caminho para a
amizade, não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos.
Mas vocês, quando chegar o tempo em que o homem seja amigo do homem, pensem em nós
com um pouco de compreensão.

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Como Bem Sei

Como bem sei
Os impuros viajam para o inferno
Através do céu inteiro.
São levados em carruagens transparentes:
Isto embaixo de vocês, lhe dizem
É o céu.
Eu sei que lhes dizem isso
Pois imagino
Que justamente entre eles
Há muitos que não o reconheceriam, pois eles
Precisamente
Imaginavam-no mais radiante

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Da Sedução Dos Anjos

Anjos seduzem-se: nunca ou a matar.
Puxa-o só para dentro de casa e mete-lhe a língua na boca e os dedos sem frete
Por baixo da saia até se molhar
Vira-o contra a parede, ergue-lhe a saia
E fode-o. Se gemer, algo crispado
Segura-o bem, fá-lo vir-se em dobrado
Para que do choque no fim te não caia.
Exorta-o a que agite bem o cú
Manda-o tocar-te os guizos atrevido
Diz que ousar na queda lhe é permitido
Desde que entre o céu e a terra flutue –
Mas não o olhes na cara enquanto fodes
E as asas, rapaz, não lhas amarrotes.

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Das Elegias De Buckow

Viesse um vento
Eu poderia alçar vela.
Faltasse vela
Faria uma de pano e pau.

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De Que Serve A Bondade

De que serve a bondade
Se os bons são imediatamente liquidados,ou são liquidados
Aqueles para os quais eles são bons?
De que serve a liberdade
Se os livres têm que viver entre os não-livres?
De que serve a razão
Se somente a desrazão consegue o alimento de que todos necessitam?
Em vez de serem apenas bons,esforcem-se
Para criar um estado de coisas que torne possível a bondade
Ou melhor:que a torne supérflua!
Em vez de serem apenas livres,esforcem-se
Para criar um estado de coisas que liberte a todos
E também o amor à liberdade
Torne supérfluo!
Em vez de serem apenas razoáveis,esforcem-se
Para criar um estado de coisas que torne a desrazão de um indivíduo
Um mau negócio.

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Elogio da Dialética

A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.
Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.
Só a força os garante.
Tudo ficará como está.
Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.
No mercado da exploração se diz em voz alta:
Agora acaba de começar:
E entre os oprimidos muitos dizem:
Não se realizará jamais o que queremos!
O que ainda vive não diga: jamais!
O seguro não é seguro. Como está não ficará.
Quando os dominadores falarem  falarão também os dominados.
Quem se atreve a dizer: jamais?
De quem depende a continuação desse domínio?
De quem depende a sua destruição?
Igualmente de nós.
Os caídos que se levantem!
Os que estão perdidos que lutem!
Quem reconhece a situação como pode calar-se?
Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.
E o "hoje" nascerá do "jamais".

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Elogio do Revolucionário

Quando aumenta a repressão, muitos desanimam.
Mas a coragem dele aumenta.
Organiza sua luta pelo salário, pelo pão e pela conquista do poder.
Interroga a propriedade:
De onde vens?
Pergunta a cada idéia:
Serves a quem?
Ali onde todos calam, ele fala
E onde reina a opressão e se acusa o destino, ele cita os nomes.
À mesa onde ele se senta se senta a insatisfação.
À comida sabe mal e a sala se torna estreita.
Aonde o vai a revolta e de onde o expulsam persiste a agitação.

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Epístola Sobre O Suicídio

Matar-se
É coisa banal.
Pode-se conversar com a lavadeira sobre isso.
Discutir com um amigo os prós e os contras.
Um certo pathos, que atrai
Deve ser evitado.
Embora isto não precise absolutamente ser um dogma.
Mas melhor me parece, porém
Uma pequena mentira como de costume:
Você está cheio de trocar a roupa de cama, ou melhor
Ainda:
Sua mulher foi infiel
(Isto funciona com aqueles que ficam surpresos com
essas coisas
E não é muito impressionante.)
De qualquer modo
Não deve parecer
Que a pessoa dava
Importância demais a si mesmo

...



Epitáfio Para Gorki

Aqui jaz
O enviado dos bairros da miséria
O que descreveu os atormentadores do povo
E aqueles que os combateram
O que foi educado nas ruas
O de baixa extração
Que ajudou a abolir o sistema de Alto a Baixo
O mestre do povo
Que aprendeu com o povo.

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Esse Desemprego!

Meus senhores, é mesmo um problema
Esse desemprego!
Com satisfação acolhemos
Toda oportunidade
De discutir a questão.
Quando queiram os senhores! A todo momento!
Pois o desemprego é para o povo
Um enfraquecimento.
Para nós é inexplicável
Tanto desemprego.
Algo realmente lamentável
Que só traz desassossego.
Mas não se deve na verdade
Dizer que é inexplicável
Pois pode ser fatal
Dificilmente nos pode trazer
A confiança das massas
Para nós imprescindível.
É preciso que nos deixem valer
Pois seria mais que temível
Permitir ao caos vencer
Num tempo tão pouco esclarecido!
Algo assim não se pode conceber
Com esse desemprego!
Ou qual a sua opinião?
Só nos pode convir
Esta opinião: o problema
Assim como veio, deve sumir.
Mas a questão é: nosso desemprego
Não será solucionado
Enquanto os senhores não
Ficarem desempregados!

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Eu Sempre Pensei

E eu sempre pensei: as mais simples palavras
Devem bastar.Quando eu disser como e
O coracao de cada um ficara dilacerado.
Que sucumbiras se nao te defenderes
Isso logo veras.

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Expulso Por Bom Motivo

Eu cresci como filho
De gente abastada. Meus pais
Me colocaram um colarinho, e me educaram
No hábito de ser servido
E me ensinaram a dar ordens. Mas quando
Já crescido, olhei em torno de mim
Não me agradaram as pessoas da minha classe e me juntei
À gente pequena.
Assim
Eles criaram um traidor, ensinaram-lhe
Suas artes, e ele
Denuncia-os ao inimigo.
Sim, eu conto seus segredos. Fico
Entre o povo e explico
Como eles trapaceiam, e digo o que virá, pois
Estou instruído em seus planos.
O latim de seus clérigos corruptos
Traduzo palavra por palavra em linguagem comum,
Então
Ele se revela uma farsa. Tomo
A balança da sua justiça e mostro
Os pesos falsos. E os seus informantes relatam
Que me encontro entre os despossuídos, quando
Tramam a revolta.
Eles me advertiram e me tomaram
O que ganhei com meu trabalho. E quando me corrigi
Eles foram me caçar, mas
Em minha casa
Encontraram apenas escritos que expunham
Suas tramas contra o povo. Então
Enviaram uma ordem de prisão
Acusando-me de ter ideias baixas, isto é
As ideias da gente baixa.
Aonde vou sou marcado
Aos olhos dos possuidores.
Mas os despossuídos
Leem a ordem de prisão
E me oferecem abrigo. Você, dizem
Foi expulso por bom motivo.
...

Ferro
No sonho esta noite
Vi um grande temporal.
Ele atingiu os andaimes
Curvou a viga feita
A de ferro.
Mas o que era de madeira
Dobrou-se e ficou.
...




Jamais Te Amei Tanto

Jamais te amei tanto, ma soeur
Como ao te deixar naquele pôr do sol
O bosque me engoliu, o bosque azul, ma soeur
Sobre o qual sempre ficavam as estrelas pálidas
No Oeste.
Eu ri bem pouco, não ri, ma soeur
Eu que brincava ao encontro do destino negro -
Enquanto os rostos atrás de mim lentamente
Iam desaparecendo no anoitecer do bosque azul.
Tudo foi belo nessa tarde única, ma soeur
Jamais igual, antes ou depois -
É verdade que me ficaram apenas os pássaros
Que à noite sentem fome no negro céu.
..

Lendo Horácio

Mesmo o diluvio
Não durou eternamente.
Veio o momento em que
As águas negras baixaram.
Sim, mas quão poucos
Sobreviveram!
.

..Louvor ao Estudo
Estuda o elementar: para aqueles cuja hora chegou não é nunca demasiado tarde.
Estuda o abc. Não basta, mas
Estuda. Não te canses.
Começa. Tens de saber tudo.
Estás chamado a ser um dirigente.
Frequente a escola, desamparado!
Persegue o saber, morto de frio!
Empunha o livro, faminto! É uma arma!
Estás chamado á ser um dirigente.
Não temas perguntar, companheiro!
Não te deixes convencer!
Compreende tudo por ti mesmo.
O que não sabes por ti, não o sabes.
Confere a conta. Tens de pagá-la.
Aponta com teu dedo a cada coisa e pergunta: "Que é isto? e como é?”
Estás chamado a ser um dirigente
...

Na Guerra Muitas Coisas Crescerão

Ficarão maiores As propriedades dos que possuem
E a miséria dos que não possuem
As falas do guia*
E o silêncio dos guiados.
*Führer

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Nada É Impossível De Mudar

Desconfiai do mais trivial,  na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.





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Não Necessito De Pedra Tumular

Não necessito de pedra tumular, mas
Se necessitarem de uma para mim
Gostaria que nela estivesse:
Ele fez sugestões
Nos as aceitamos.
Por tal inscrição
Estaríamos todos honrados.

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No Muro Estava Escrito Com Giz:

Eles querem a guerra.
Quem escreveu
Já caiu.
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No Segundo Ano De Minha Fuga

No segundo ano de minha fuga
Li em um jornal, em língua estrangeira
Que eu havia perdido minha cidadania.
Não fiquei triste nem alegre
Ao ver meu nome entre muitos outros
Bons e maus.
A sina dos que fugiam não me pareceu pior
Do que a sina dos que ficavam.
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O Maneta No Bosque

Banhado de suor ele se curva
Para pegar o graveto.Os mosquitos
Espanta com um movimento de cabeça.Com os joelhos
Amarra a lenha com dificuldade.Gemendo
Se apruma,ergue a mão
Para ver se chove.A mão erguida
Do temido Guarda SS.

...
O Nascido Depois

Eu confesso: eu
Não tenho esperança.
Os cegos falam de uma saída. Eu
Vejo.
Após os erros terem sido usados
Como última companhia, à nossa frente
Senta-se o Nada.




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O Vosso Tanque General, É Um Carro Forte

Derruba uma floresta esmaga cem
Homens,
Mas tem um defeito
- Precisa de um motorista
O vosso bombardeiro, general
É poderoso:
Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga que um elefante
Mas tem um defeito
- Precisa de um piloto.
O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar
...

Os Esperançosos

Pelo que esperam?
Que os surdos se deixem convencer
E que os insaciáveis
Lhes devolvam algo?
Os lobos os alimentarão, em vez de devorá-los!
Por amizade
Os tigres convidarão
A lhes arrancarem os dentes!
É por isso que esperam!
...

Os maus e os bons

"Os maus temem tuas garras
Os bons se alegram de tua graca.
Algo assim Gostaria de ouvir
Do meu verso."
...

Para Ler De Manhã E À Noite

Aquele que amo
Disse-me
Que precisa de mim.
Por isso
Cuido de mim
Olho meu caminho
E receio ser morta
Por uma só gota de chuva.
...

Perguntas De Um Operário Que Lê.

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilônia, tantas vezes destruída,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou as Índias
Sozinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?
Em cada página uma vitoria.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas histórias
Quantas perguntas
...




Poesia do Exílio

Nos tempos sombrios se cantará também?
Também se cantará sobre os tempos sombrios.
...

Precisamos De Você.

Aprende - lê nos olhos,
lê nos olhos - aprende a ler jornais, aprende: a verdade pensa com tua cabeça.
Faça perguntas sem medo não te convenças sozinho, mas vejas com teus olhos.
Se não descobriu por si na verdade não descobriu.
Confere tudo ponto por ponto - afinal você faz parte de tudo, também vai no barco, "aí pagar o pato, vai
pegar no leme um dia.
Aponte o dedo, pergunta que é isso? Como foi parar aí? Por que?
Você faz parte de tudo.
Aprende, não perde nada das discussões, do silêncio.
Esteja sempre aprendendo por nós e por você.
Você não será ouvinte diante da discussão, não será cogumelo de sombras e bastidores, não será cenário para nossa ação
...

Privatizado Bertold Brecht

"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar.
É da empresa privada o seu passo em frente,  seu pão e seu salário. E agora não contente querem  privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence."

...
Quem Não Sabe De Ajuda Bertold Brecht

Como pode a voz que vem das casas
Ser a da justiça
Se os pátios estão desabrigados?
Como pode não ser um embusteiro aquele que
Ensina os famintos outras coisas
Que não a maneira de abolir a fome?
Quem não dá o pão ao faminto
Quer a violência
Quem na canoa não tem
Lugar para os que se afogam
Não tem compaixão.
Quem não sabe de ajuda
Que cale.
...



Quem Se Defende

Quem se defende porque lhe tiram o ar
Ao lhe apertar a garganta,para este ha um paragrafo
Que diz: ele agiu em legitima defesa.Mas
O mesmo paragrafo silencia
Quando voces se defendem porque lhes tiram o pao.
E no entanto morre quem nao come,e quem nao come o suficiente
Morre lentamente.Durante os anos todos em que morre
Nao lhe e permitido se defender.

...





Sobre A Violência

A corrente impetuosa é chamada de violenta
Mas o leito do rio que a contem
Ninguem chama de violento.
A tempestade que faz dobrar as betulas
E tida como violenta
E a tempetasde que faz dobrar
Os dorsos dos operarios na rua?
...

Soube

Soube que
Nas praças dizem de mim que durmo mal
Meus inimigos, dizem, já estão assentando casa
Minhas mulheres põem seus vestidos bons
Em minha ante-sala esperam pessoas
Conhecidas como amigas dos infelizes.
Logo
Ouvirão que não como mais
Mas uso novos ternos
Mas o pior é: eu mesmo
Observo que me tornei
Mais duro com as pessoas.
...
Também o Céu Bertold Brecht

Também o céu às vezes desmorona
E as estrelas caem sobre a terra
Esmagando-a com todos nós.
Isto pode ser amanhã.
...
Tempos Sombrios Bertold Brecht

Realmente, vivemos tempos sombrios!
A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas denota insensibilidade. Aquele que ri ainda não recebeu a terrível notícia que está para chegar.
Que tempos são estes, em que é quase um delito falar de coisas inocentes, pois implica em silenciar sobre tantos horrores.

...

Se os Tubarões Fossem Homens - Bertold Brecht

Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentís com os peixes pequenos. Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais. Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim de que não moressem antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.

Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a guela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. Aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos. Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência. Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista. E denunciaria imediatamente os tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.

Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre si a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que, entre os peixinhos e outros tubarões existem gigantescas diferenças. Eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.

Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, haveria belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas guelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nas quais se poderia brincar magnificamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelas dos tubarões.A música seria tão bela, tão bela, que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra na frente, entrariam em massa para as guelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos. Também haveria uma religião ali.

Se os tubarões fossem homens, eles ensinariam essa religião. E só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida. Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões, pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar. E os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiros da construção de caixas e assim por diante. Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.

aprendendo a viver!

Quem é que já aprendeu a viver, que atire a primeira pedra.


É preciso saber viver já dizia o compositor.

E quem sabe? Mas pode-se, e deve-se, esperar uma palavra um alento, um diálogo.

Estamos sempre em busca deste encontro. –O encontro do saber viver.

–vocês podem imaginar o imbróglio que é ter que tomar decisões que envolvem o saber viver. Mas qual o que, as soluções só podem partir dos envolvidos, os sábios só se tornaram sábios porque tiveram que aprender na caminhada a sabedoria. Mas a saudades mata a gente e saudades prementes, pode bagunçar o entendimento o coração da gente.

Não somos donos nem do nosso próprio destino.

o dialogo franco e sincero e peçam aos querubins que ajudem e compartilhem desse calvário que é a decisão a tomar.

O bambu chinês.







Depois de plantada a semente do bambu chinês, não se vê nada por aproximadamente 5 anos – exceto um diminuto broto. Todo crescimento é subterrâneo; uma complexa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra, está sendo construída. Então, ao final do 5° ano, o bambu chinês cresce até atingir a altura de 25 metros.

Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês. Você trabalha investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento e, às vezes, não vê nada por semanas, meses ou anos. Mas, se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu 5° ano chegará; com ele virão mudanças que você jamais esperava.

Lembre-se que é preciso muita ousadia para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita profundidade para agarrar-se ao chão.

Para refletir!






Um famoso palestrante começou um seminário numa sala com 200 pessoas, segurando uma nota de R$100,00.
Ele perguntou: "Quem de vocês quer esta nota de R$100,00?" Todos ergueram a mão...
Então ele disse: "Darei esta nota a um de vocês esta noite, mas primeiro, deixem-me fazer isto..."
Aí, ele amassou totalmente a nota. E pergunto outra vez: "Quem ai quer esta nota”?
As mãos continuavam erguidas...
E continuou: "E se eu fizer isso... “Deixou a nota cair ao chão, começou a pisá-la e esfregá-la”. Depois, pegou a nota, agora já imunda e amassada e perguntou: E agora? Quem ainda vai querer esta nota de $100,00?”.
Todas as mãos voltaram a se erguer. O palestrante voltou-se para a plateia e disse que tinha ensinado uma lição... Não importa o que eu faça com o dinheiro, vocês continuarão a querer esta nota, porque ela não perde o valor. Esta situação também acontece com a gente... Muitas vezes, em nossas vidas, somos amassados, pisoteados e ficamos nos sentindo sem importância. Mas, não importa...
Jamais perderemos o nosso valor. Sujos ou limpos, amassados ou inteiros, magros ou gordos, altos ou baixos, nada disso importa! Nada disso altera a importância que temos! Preço de nossas vidas, não é pelo que aparentamos ser, mas pelo que fizemos e sabemos!
Agora reflita bem e procure responder a estas perguntas:

1 - Nomeie as 5 pessoas mais ricas do mundo.
2 - Nomeie as 5 últimas vencedoras do concurso Miss Universo.
3 - Nomeie 10 vencedores do prêmio Nobel.
4 - Nomeie os 5 últimos vencedores do prêmio Oscar, como melhores atores ou atrizes. Como Vai? Mal né? Difícil de lembrar?
Não se preocupe. Ninguém de nós se lembra dos melhores de ontem. Os aplausos vão-se embora! Os troféus ficam cheios de pó!
Os vencedores são esquecidos! Agora responda a estas perguntas:
1 - Nomeie 3 professores que te ajudaram na tua verdadeira formação.
2 - Nomeie 3 amigos que já te ajudaram nos momentos difíceis.
3 - Pense em algumas pessoas que te fizeram sentir alguém especial.
4 - Nomeie 5 pessoas com quem transcorres o teu tempo. Como vai? Melhor não é verdade? As pessoas que marcam a nossa vida não são as que têm as melhores credenciais, com mais dinheiro, ou os melhores prêmios... São aquelas que se preocupam com você, que cuidam de você, aquelas que de algum modo estão contigo. Reflita um momento. A vida é muito curta!
Você, em que lista está? Não sabe?... Permita-me te dar uma ajuda...
Você não está entre os famosos, mas está entre aqueles que eu me lembro com carinho para mandar esta mensagem.

Os males que acometem o homem funcionam como um espelho. Quando se mira nele, este vê sua verdadeira essência, que pode ser sua miséria ou sua grandeza, ou ambas. Os momentos maus, de sofrimento, são a melhor oportunidade de que temos de entrar em contato real conosco mesmos. KIERKEGAARD – Filósofo afirma que as infelicidades que o homem encontra pelo caminho o fazem aproximar-se de si mesmo e, ao invés de extinguir-se, ele se refaz, torna-se um novo ser, melhor e mais forte.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Ode aos bandidos honestos - fausto wolf.- revista bundas n-56

Em notícia sobre Gogol, escreveu Merimée: “sou dos que apreciam demais os bandidos embora não deseje encontrá-los no meu caminho. A meu malgrado, a energia desses homens em luta contra uma sociedade inteira, arranca-me uma admiração de que me envergonho”.
Como ele, sempre tive grande admiração por esses indivíduos. Não falo dos burros, ignorantes, miseráveis, desesperados que assaltam ônibus, táxis ou velhinhos aposentados. Esses com suas vítimas, me inspiram piedade e são produtos do III mundo. Falo de homens que não aceitaram o contrato social ao qual foram condenados e que, embora em grande desvantagem.

Se admiro os bandidos corajosos na tradição de Robin Hood, François Villon, Raffles e Arséne Lupin, desde menino nutro o maior desprezo pelos bandidos ricos e covardes, os que roubam o povo; em síntese, os banqueiros. Lá em casa, nos anos quarenta, meu pai, meus dois irmãos e eu trabalhávamos para juntar dinheiro a fim de podermos comprar uma casa própria, sonho que só se realizou depois de vinte anos, quando eu já era jornalista. Todo fim de mês, via meu pai voltar triste, quase chorando do banco, pois os juros haviam aumentado e poupáramos muito menos do que havíamos imaginado.

No III Mundo e no Salve lindo em particular, os banqueiro não são considerados bandidos. Podemos vê - nos elegantes, bem falantes, simpáticos, sorridentes em qualquer reunião da alta sociedade e, entretanto, são os maiores bandidos do país. Esses marginais não marginalizados, depois de assegurarem vida mansíssima para os tetranetos que ainda não nasceram, declaram falência. Nessa ocasião, mediante propinas equivalentes a 500 anos de salário mínimo de um trabalhador, recebem dinheiro do Banco Central, o que nos transforma num povo inteiramente a mercê de bandidos. Como? Ora, além de roubarem diretamente o nosso dinheiro ainda o roubam indiretamente através do que o governo nos rouba nos impostos para dar a eles, que não pagam impostos. Coisa de bordel de luxo.

Abro as principais revistas do país e vejo páginas e mais páginas de propaganda informando o quanto os banqueiros nos querem bem e o quanto precisamos deles. No dia seguinte as mesmas revistas me informam que os mesmos banqueiros foram à falência, embora continuem sendo os homens mais ricos do país. E o mais incrível é que o dinheiro gasto com a publicidade também é nosso, sabia muito bem, como eu, a resposta. O homem que assalta, arrisca a vida; o homem que funda, rouba a vida de todos. Está aí O globo que não me deixa mentir: “Bancos são os maiores sonegadores do país.” Só no ano passado nos roubaram 2 Bilhões 400 milhões de reais. Não contentes com toda essa roubalheira, os bandidos descobriram que graças aos cheques pré-datados as pessoas não estão mais fazendo uso dos seus cartões de credito. Por isso, inconstitucionalmente, só nos venderão os talões (segundo Millor Fernandes, os livros mais caros do mundo: 4,50 reais), de dez cheques depois que todos tiveram batido no caixa. Bandidos, ladrões, sonegadores, estão todos em liberdade. Se eu não declarar o que recebi por esse artigo, logo a polícia virá me buscar. Calmons de Sá, Pintos, Fragas, Cros, Grossis, setúbais, Lópeis, Bozannos, parabéns.

Seria injusto se dissesse que jamais ganhei dinheiro com ladrões. Quando o senador Estevão foi cassado e em seguida preso, propus bolão aos companheiros de chope no bunda de fora: um litro de White Horse para quem acertasse quanto tempo ele ficaria na cadeia. Os bêbados ainda acreditam na Justiça. Escrevi 24 horas e ganhei. Metade dos bancários do país foi despedida e a outra metade não recebe aumento a cinco anos. Quer acabar com a violência? Prenda os banqueiros, mas isso, não pode, não é?

Nasrudin sempre escolhe errado.

Eis uma de suas histórias;
Todos os dias. Nasrundim ia esmolar na feira e as pessoas adoravam vê-lo fazendo o papel de tolo, com o seguinte truque:
Mostravam a ele duas moedas, uma valendo 10 vezes mais que a outra. Nasrunim sempre escolhia a menor. A história correu pelo condado. Dia após dia, grupos de homens e mulheres mostravam as duas moedas... E Nasrundim sempre ficava com a menor.
Até que apareceu um senhor generoso, cansado de ver Nasrundim sendo ridicularizado daquela maneira. Chamando-o a um canto da praça, disse: -Sempre que te oferecerem duas moedas, escolha a maior. Assim terá mais dinheiro e não Serpa considerado idiota pelos outros.
-O senhor parece ter razão – respondeu Nasrundim. Mas se eu escolher a moeda maior, as pessoas vão deixar de me oferecer dinheiro para provar que sou mais idiota que elas. O senhor não sabe quanto dinheiro já ganhei, usando este truque.

Moral da história
Muitas vezes, precisamos agir como se fossemos tolos, deixando que pensem que não sabemos o que estamos fazendo. A vida nos possibilita usar esse “truque” para que alcancemos nossos objetivos sem sermos interrompidos por pessoas que se sentem incomodadas com nossos méritos e se acham espertas demais para “permitir” que nos demos bem sem que nada façam para atrapalhar.

Dica
Você é quem dita as regras! Se você acredita em si mesmo e sabe o que quer, mesmo que as regras sociais, familiares ou de quem quer que seja lhe repitam que você esta errado, continue o seu caminho. Porque ninguém melhor do que nós mesmos pra sabermos o que é certo para nós ou o que é loucura. Mesmo porque, a loucura nem sempre é prejudicial... Os demasiadamente certos perdem grandes oportunidades de inovar!

Vamos bater um papo


Eu, você, nós, vós, todos temos problemas, uns sabem resolver melhor e assim parecem que não os têm. Na verdade sabem combater os demônios, e fica a impressão que os diabinhos não existem para todos.
A verdade é que precisamos sempre buscar o equilíbrio. Tão necessário. Depois do temporal vem a bonança, e diante do temporal não temos visão para olhar além dos reflexos dos raios que cortam o horizonte.
Quando estamos ou entramos em crise, nada nos consola, sofremos nos desesperamos.
– sempre foi dito em versos e prosa – ingratidão é dos maiores “males” que se pode sentir e acometer. Gratidão é das maiores virtudes que a educação pode ir lapidando. E quando o coração pede alma. Há razão que a própria razão desconhece!
Comecei a escrever esta mensagem, pensando em comunicar os meus sentimentos de solidariedade nesses momentos difíceis em que somente os dignos são fortes. Que sejamos iluminados, para podermos caminhar neste turbilhão que é a vida. Fiquei pensando e fui procurar algumas palavras na bíblia para acalentá-los e também acalentar a mim. Eis o que encontrei:

Jó-30
"Tentam atrapalhar meus pés. Abrem diante de mim o caminho de sua desgraça.
Cortam minha vereda para me perder.Trabalham para minha ruína.
O pavor me invade.Minha esperança é varrida como se fosse pelo vento.
Minha felicidade passa como uma nuvem.Os dias de aflição me dominaram".

Matheus 11-28
"Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei".

Humanidade que, afinal, como cada um de nós, só se faz, fazendo-se.




Revista Caros Amigos, um baiano de Jequié, Lauro Xavier Neto, professor de educação física, concordou plenamente comigo, mas André Luiz Gomes de Araçariguama, SP, supõe que esporte nunca mata. Ao ler as duas críticas lembrei-me, de uma entrevista que concedi ao programa Sem Censura, onde defendi a mesma tese: esporte mata. Nesse mesmo dia foi entrevistado também o cantor Morais Moreira, tendo ele afirmado que não existe baiano burro. De fato, sempre morei aqui no Sudeste, mas já convivi com centenas de baianos e nunca notei deficiência em nenhum deles.

A afirmativa do outro caro leitor merece explicação. Até concordo com ele, que esporte nunca mata, mas somente quando se trata de longevo. Esta categoria de indivíduos costuma passar dos 85 anos, mesmo comendo “pedra moída” e tomando “sopa de tachinha” todos os dias. Creio que jamais escreveria o livro Esporte Mata se toda a humanidade fosse composta somente de longevos. Mas, como a maioria não é longeva, está sempre sujeita a vários tipos de doença. Mas como o esporte mata? O mecanismo de ação desse tipo de morte merece ser esclarecido.

Meu cunhado sofreu infarto aos 32 anos, jogando futebol de salão, mas não morreu porque deve ser meio longevo, isto é, sua expectativa de vida deve estar em torno de 75 anos de idade, porque seu pai faleceu com 76 anos e sua mãe com 74. A média de idade, nesse caso, é de 75. Mas a medicina não é como as ciências exatas. Às vezes os pais morreram muito jovens, mas alguns dos filhos se tornaram longevos. Isso ocorre com alguma frequência. Só não sabemos como pode acontecer.

Outro amigo meu teve infarto fulminante aos 55 anos de idade, também jogando futebol de salão. Isso aconteceu porque sua genética deveria ser muito desfavorável.

No tempo em que o método de Cooper estava no auge, todo mundo corria todos os dias no calçadão de Copacabana e nas praças de quase todas as cidades. De vez em quando, um caía estatelado e era levado para o cemitério.

Esse tipo de morte se dá do seguinte modo: como o indivíduo não é longevo, isto é, como em seu organismo predomina o hormônio da suprarrenal denominado glicocorticoide, cuja atividade é impedir a ação da insulina, que procura “limpar” o sangue, enviando para os tecidos o excesso de muitas substâncias, como a glicose, o ácido úrico, o colesterol, o LDL (colesterol “ruim”) etc. Nessas condições, todas essas substâncias tendem a aumentar no sangue. O aumento de LDL determina o aparecimento de placas de ateroma nas artérias e o espessamento delas, diminuindo o calibre desses vasos e, consequentemente, a nutrição do próprio coração, que finalmente se obstrui e constitui o infarto.

Havendo na maioria das pessoas a predominância do glicocorticóide, é natural a frequência do aparecimento do infarto. A prática de exercícios aeróbicos, como a corrida, a natação etc., irá antecipar muito esse desfecho, daí a razão de ser permitido dizer que esporte mata. A antecipação da morte está ligada ao esporte estressante. Ora, se ele é dessa natureza, aumenta a produção dos dois hormônios do estresse: a adrenalina e o glicocorticoide. Portanto, se há aumento de produção de glicocorticoide, é de se esperar que aumente também o LDL no sangue e, consequentemente, haja maior espessamento das placas de ateroma.

Há muitos anos pedi a alguns jovens do Minas Tênis Clube que dessem alguns “tiros” na piscina para eu medir a pressão arterial deles antes e depois desse pequeno exercício. Notei que a pressão de alguns estava em 9/12, isto é, era uma pressão convergente, indicando que a capacidade do coração deles era aquém do normal. Esses jovens, praticando esporte, estariam sujeitos a ter o que se chama de colapso, isto é, predispostos a ter uma parada cardíaca e morrer repentinamente. Aqui não entra aumento de LDL no sangue, formação de placa de ateroma e infarto. O mecanismo é diferente, mas esporte mata.

Esporte só não mata longevo, mas esse tipo de indivíduo pode ter infarto. Isso pode acontecer quando ele abusa da alimentação e fica com excesso de LDL no sangue. Sua insulina é mais eficiente, mas ele comeu demais e nem todo o excesso será enviado para os tecidos, ficando um pouco no sangue, para determinar formação de placa de ateroma, e um dia ele pode ser acometido de infarto, que geralmente não o mata.

Esporte só não mata longevo, mas a maioria das pessoas está sujeita a ser faturada por ele, principalmente nessa época de muita agitação em que vivemos. Atualmente há mais estresse do que há cinquenta anos, isto é, a produção de glicocorticoide está muito aumentada na maioria das pessoas. Muito cuidado, esporte mata!

Indivíduo muito musculoso geralmente tem mais força física. Mas não vá pensar que ele é também mais sadio e possa viver mais do que você. Isso não acontecerá nunca. Pelo contrário, ele tem menos saúde e viverá menos do que o indivíduo normal. A razão disso está na sobrecarga do coração do atleta para alimentar também todo o excesso de tecido que foi criado. Ele foi feito para ter músculos de dimensões normais. A natureza jamais os faria hipertrofiados. Não faria porque, se os fizesse assim, estaria contrariando a si mesma, isto é, a perpetuação da espécie, pelo que ela sempre lutou.

A aptidão atlética encurta a vida porque ela se liga ao excesso e todo excesso é causa de envelhecimento. Essa afirmação é outra maneira de dizer que esporte mata

RESOLUÇÃO BERTOLD BRECHT


Considerando nossa fraqueza os senhores forjaram
Suas leis, para nos escravizarem,
As leis não mais serão respeitadas

Considerando que não mais queremos ser escravos
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.

Considerando que ficaremos famintos
Se suportarmos que continuem nos roubando
Queremos deixar bem claro que são apenas vidraças
Que nos separam deste bom pão que nos falta

Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte

Considerando que existem grandes mansões
Enquanto os senhores nos deixam sem teto.
Nós decidimos: agora nelas nos instalaremos
Porque em nossos buracos não temos mais condições de ficar

Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte

Considerando que está sobrando carvão
Enquanto nós gelamos de frio por falta de carvão
Nós decidimos que vamos tomá-lo
Considerando que ele nos aquecerá
Considerando que os senhores nos ameaçam

Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte.

Considerando que para os senhores não é possível
Nos pagarem um salário justo
Tomaremos nós mesmos as fábricas
Considerando que sem os senhores, tudo será melhor para nós.

Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria do que a morte

Considerando que o que o governo nos promete sempre
Está muito longe de nos inspirar confiança
Nós decidimos tomar o poder
Para podermos levar uma vida melhor

Considerando vocês escutam os canhões
Outra linguagem não conseguem compreender
Devemos então, sim, isso valerá a pena
Apontar os canhões contra os senhores.

Texto fausto wolff – REVISTA BUNDAS N-78 – dez/2000.


Um humorista desconhecido disse que o Natal é a vingança de Cristo contra os que o crucificaram. Antes fosse. Os que pregaram o homem na cruz continuam faturando com a sua morte. É no período natalício que os veículos de comunicação em geral e a televisão em particular mais torturam este país. Um aluvião de bestas do apocalipse cai de uma só vez sobre a pobreza ignorante e a classe médias abobalhada: “Compre, compre, compre”. Milhões de crianças miseráveis querendo tênis Nike, bicicleta Calói, a boneca da Xuxa. Milhões de jovens alienados da classe média querendo automóveis, viagens, cartões de crédito e a pqp! Os ricos naturalmente estão cagando e andando para a tragédia anual. Sabem que em duas três décadas já não haverá mais consumidores; sabem que o Brasil se transformará numa grande favela onde ratos e miseráveis disputarão o lixo. Sabem também que seus filhos e netos estarão morando na Europa e nos Estados Unidos.

Sei da força do verbo, mas eu ODEIO o natal. Creio que só um homem odiaria mais do que eu: JC. Imagino sua reação ao descobrir que aqueles que há séculos dirigem a farsa do seu aniversário são os mesmos vendilhões que ele expulsou do templo. Os mesmos cujos bancos ele quebrou, obrigando a palavra bancarrota e dando início ao grande levante popular contra o imperialismo romano. Creio que vomitaria vendo Jader, FHC, ACM, Luiz Estevão e demais caricaturas humanas ajoelhados numa igreja fingindo-se cristãos para depois concordarem entre o Beluga e o Cristal: “O salário mínimo para 181 reais se não houver quebra de sigilo bancário”. Arrgh!

Ah, leitores, eu gostaria tanto de crer na história da adolescente bonita que acreditava trazer em seu ventre o rebento de Deus. Tão comovente a história do filho do carpinteiro que pregava o amor e a justiça. Sempre quis acreditar na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna, mas assim como Cervantes em relação ao homem de La Mancha me limito a gostar do homem de Belém. Gosto porque era pobre, ofendido e maltratado como nós. Depois, desde os tempos de Adriano, os ricos descobriram que podiam fazer bom uso dele. Encheram-no de jóias, perfumaram-no trancaram-no num palácio longe do povo para melhor poderem explorar esse mesmo povo.

Jesus Nasceu da hostilidade inconsciente de um Deus-pai que só favorecia os exploradores. Com o Deus-fillho, homem, pobre e sofredor, eles podiam se identificar, Nessa irmandade cristã primitiva, a assistência econômica. O apoio mútuo, o comunismo, enfim, tinham lugar destacado. Quando a classe dominante descobriu as vantagens do Cristianismo, Jesus tornou-se sócio do mercado, participe dos lucros com máscara de Papai-Noel. Quando os desgraçados reclamavam, os políticos, sacerdotes e usuários lhes diziam: “Cristo que é Deus foi crucificado e vocês não querem sofrer um pouco aqui na terra, mesmo sabendo que terão a eternidade no céu?” Palavras do Papa Clemente I: Os pobres devem agradecer a Deus por ter lhes dado os ricos para ajudá-los nas necessidades “. Mateus dissera aos nababos pouco antes do século II: Os gritos dos camponeses chegaram aos ouvidos do senhor das Hostes. Vocês viveram no luxo e no prazer, engordaram com a mortandade. Chorai e lamentai, pois o juiz está de pé às vossas portas”.

Falta de tato a minha, não é mesmo? A verdade, porém, é que depois do quinto uísque a dor no estômago passou, mas continuo achando que os festejos de Natal, como vem sendo realizado ultimamente, são um insulto ao aniversariante, uma festa pagã e de mau gosto; um crime contra a inocência infantil: uma cerimônia em homenagem aos reis Lucro & Consumo & Corrupção que tomaram o lugar de Baltazar, Melchior e Gaspar.
Srs donos das pompas do mundo, e se fosse verdade, hein? Se essa bela história da Carochinha fosse verdade? Se, realmente, na hora do Juízo Final Deus decidir que os últimos serão os primeiros? Haverá um inferno suficientemente quente para vocês que maltrataram os fracos, os humildes os trabalhadores, e camponeses? Por via das dúvidas, eu começaria a lutar menos pelo poder e mais pela justiça social conforme os ensinamentos de Jesus. Mas para isso vocês teriam de se comportar como seres humanos.

domingo, 8 de julho de 2012

Um discípulo caminhava com seu mestre, depois de algum tempo encontraram perto de um riacho, uma linda noiva, toda preparada, arrumada, pintada, penteada, aquele vestido lindo branco e comprido. Precisava atravessar aquele riacho.


O mestre não titubeou... Ajudou-a atravessar.

O discípulo ficou indignado. Como pode uma atitude assim? O mestre tem que se preservar. Porque assim ele tem contato com o corpo da noiva, vai sentir sua pele, seu rosto, seu perfume. Quis perguntar, mas, faltou coragem. Caminhavam, caminhavam, e aquelas perguntas de indignação não saiam de sua cabeça e todo momento a vontade de questionar o mestre, mas cadê coragem? Já lá pelo final de tarde, aquela pergunta que não lhe calava, por todo aquele percurso, resolveu desabafar:

-Mestre, estou para perguntar, mas fico sempre pensando e não tenho coragem.

-Ora vamos lá pergunte.

-Mestre porque atravessou aquela jovem noiva lá no riacho?

-Olha, eu carreguei a noiva só no percurso do riacho. E você vem carregando ela durante todo esse nosso percurso.
Violência no relacionamento AMOROSO.


A História

A menina é educada tendo sempre como perspectiva de vida o casamento. Durante toda sua adolescência ela vai sonhar com o príncipe encantado que a escolherá dentre todas as mulheres e a levará ao altar. Juntos eles construirão um lar feliz e alegre. Ele a protegerá de todos os perigos. Na intimidade ele se revelará apaixonado, ardente. Seus beijos revelam seus desejos. Suas carícias despertam sua sexualidade não suspeitada. È um mundo de sonho e encantamento. Foi assim que ela aprendeu nos contos de fada. È assim que acontece nas novelas e será assim com ela também.

A menina encontra seu príncipe e o sonho parece que vai se transformar em realidade: festas, presentes, beijos, flores carinho.

Mas um dia... Nervoso com as agressões cotidianas, ele chega em casa e grita por qualquer coisa. Ela se cala e compreende - “afinal, ele está nervoso”. Depois ele implica com sua comida, grita com as crianças; briga porque a casa não está arrumada. E é chamada de vagabunda. Ela engole seco. Doeu. Lágrimas escorrem e ela as esconde para não irritá-lo ainda mais.

Vagabunda... Essa palavra ressoa fundo “o que esta acontecendo? Tudo ia tão bem! Foi nervosismo, não se pode levar muito a sério. Amanhã, quando acordar, ele voltará a ser o que era. Tenho que Ter paciência, afinal ele é um pai tão bom! Nunca deixa faltar nada em casa...

Num outro dia, numa briga corriqueira por causa das crianças, ele lhe dá o primeiro tapa. Ela se assusta; e depois do primeiro muitos outros. O sonho começa a desmoronar...

Você já deve ter escutado, presenciado ou mesmo vivido uma história como essa; nesse momento, em algum lugar, ela deve estar se repetindo. Muito mais do que a história de uma mulher é a HISTÒRIA de Muitas mulheres. É algo que elas têm em comum. Por que será que se repete em tantas vidas.

De que violência falamos.
Por violência contra a mulher entendemos qualquer ato violento que tenha como determinação o gênero.
Para compreender esse fenômeno de forma mais profunda e sutil, baseamo-nos na conceituação de violência. Há violência quando se trata de um ser humano não como sujeito, mas como “coisa” e também quando se converte diferença (homem x mulher) em desigualdade (forte x fraco, dominante x dominado etc.).

A violência “perfeita” é aquela que obtém a interiorização da vontade e da ação alheias pela vontade e pela ação da parte dominada, de forma a fazer com que a perda da autonomia não seja percebida nem reconhecida. È aquela que resulta em alienação, identificação da vontade e da ação de alguém, com a vontade e a ação contrária que a dominam.
Essa conceituação nos instrumentaliza muito a pensar a questão da violência contra a mulher, em especial aquela que envolve parceiros, dentro e fora do âmbito doméstico.
Tradicionalmente entendemos por violência doméstica aquela que ocorre dentro do núcleo familiar, isto è, violência do marido para com a esposa, maus-tratos de crianças, violências contra os idosos, incesto, abuso sexual, estupro praticado pelo marido e outros.

Nesta cartilha, abordaremos um aspecto dessa violência: aquela que ocorre dentro de um relacionamento entre um homem e uma mulher sejam eles casados, companheiros ou noivos, e que podem se manifestar sob várias formas como abuso físico, emocional ou sexual, maus- tratos atos destrutivos etc.
Essa violência pode ocorrer tanto em lugares públicos (parques, prédios) como privados (em casa, no carro).
Pode também ocorrer todos os dias, uma vez por semana, ou de vez em quando. Pode deixar marcas no corpo e na alma. Como podemos ver não existe um padrão para a violência que um homem pode causar a uma mulher. Muitas vezes, aquilo que poderia parecer “normal”, dentro de um relacionamento, constitui de fato numa agressão grave aos direitos de existência da mulher.

COMO IDENTIFICAR UMA RELAÇAO VIOLENTA
Assim como existem diversas formas de manifestação da violência, o limite e a percepção da situação variam de mulher para mulher. No entanto, alguns indicadores podem lhe sugerir que uma relação violenta se configura quando:
Você tem medo do homem com quem vive.
Você não tem segurança em sua própria casa;
Além de você, seus filhos também são espancados;
Você se sente cansada de ser humilhada publicamente;
A sua vontade e ação ficam restritas pelo medo;
O seu companheiro passa a usar formas violentas para lhe obrigar a manter relações sexuais;
As atitudes do seu companheiro são tão drásticas que você sente que da próxima vez pode morrer;
Você começa a sentir no próprio corpo os efeitos da violência e do medo, através de dores de cabeça constantes, palpitações, tontura, mal-estar, desânimo, ulcera, frigidez, depressão e mesmo hematomas resultantes de espancamentos entre outros;
Você sente que a única saída é matá-lo ou se matar.

AS CARAS DA VIOLÊNCIA
Quando se fala em violência, acostumamo-nos a pensar em atos que provocam algum tipo de lesão física.
No entanto, o que percebemos é que a violência contra a mulher praticada pelo companheiro pode assumir várias formas, que muitas vezes ficam “mascaradas”. Você pode começar a identificá-las.

Violência Física
Empurra você, lhe dá tapas, lhe morde, lhe corta, lhe esmurra, lhe queima ou lhe cospe. Detém você contra sua vontade. Perturba ou ameaça você com uma arma mortal, seja um revólver, uma faca, uma navalha, um martelo, um machado, uma tesoura ou corrente. Abandona você, trancando-a dentro de casa. Deixa você sem assistência quando está doente ou grávida. Coloca você e seus filhos propositadamente em risco por dirigir mal e sem cuidado. Impede você de trabalhar e ao mesmo tempo não garante sua sobrevivência material

Violência Emocional
Diz que você é uma mulher estúpida, burra e louca;
Diz que você é uma prostituta, gorda e feia;
Diz que você nunca faz nada direito, que não é uma boa mãe;
Diz que nunca lhe desejou e que você não merece coisas boas;
Diz que sua mãe é uma prostituta;
Nega-lhe carinho, só para castigá-la;
Ameaça espancar você e seus filhos;
Impede você de trabalhar, Ter amizades ou sair;
Conta-lhe sobre suas aventuras amorosas;
Acusa-a de ter amantes.

Violência sexual
Força-a ter relações sexuais quando você não quer, ou quando está doente, colocando sua saúde em perigo;
Força-a praticar atos sexuais que não lhe agradam ou praticar sexo com sadismo;
Critica seus desempenho sexual;
Força-lhe a ter relações sexuais com outras pessoas ou presenciar outras pessoas tendo relações sexuais.
Conta-lhe sobre suas relações sexuais com outras pessoas.
Atos Destrutivos
Quebra os móveis, “revira” a casa, joga seus pertences na rua;
Destrói ou esconde seus documentos pessoais;
Destrói ou esconde seus bens ou objetos pessoais;
Roupas, fotos, ou qualquer coisa que seja importante para você;
Mata seus animais de estimação para castigá-la ou assustá-la.

EIS A QUESTÃO...
Perceber que está vivendo uma relação violenta já é um grande passo para a mulher começar a preservar sua dignidade e segurança.
Para muitas mulheres, os insultos, a brutalidade, a subordinação cotidiana ao homem é um fato comum, pois aprenderam a se resignar e a sofrer como suas mães e avós. É como na história anteriormente narrada.
As mulheres calam-se, engolem a seco, escondem suas lágrimas e se conforma. Fazem de tudo para não destruir seu casamento que, como aprenderam, “é para a vida inteira,” não querem que seus filhos cresçam sem pai, alimentam a esperança de que seu companheiro um dia mude.
Acabam se enganando, fingindo que aquela violência toda não está acontecendo com elas. Além do mais, é inerente a própria situação, que a mulher interiorize opiniões de seu companheiro sobre si mesma, que reforçam sua já baixa estima e contribuem ainda mais para o “atolamento” nessa dinâmica perversa.
Por algum motivo relativo a sua história de vida, ao seu psiquismo e a sua socialização, algumas mulheres interiorizam não apenas as opiniões do seu companheiro, como também suas vontades, seus desejos, anulando os próprios. Neste tipo de relação, a mulher passa a depender de seu companheiro para tomar qualquer decisão. Sente-se insegura e amedrontada para fazer qualquer coisa que contrarie o que ele espera dela, não conseguindo mais distinguir seus próprios desejos. Ela e o companheiro são um só.

Por razões sociais, econômicas, culturais, e principalmente por uma dificuldade interna de sair dessa situação, a mulher acaba, se tornando uma espécie de “cúmplice” do seu agressor - já que cúmplice é também aquele que conhece um crime e não o denúncia.
De fato existem muitas dificuldades concretas para a mulher que desiste de manter uma relação que não mais a satisfaz. Dificuldades em conseguir um trabalho com remuneração suficiente (especialmente se ela nunca trabalhou), em conseguir moradia, creche e tantas outras coisas. No entanto, o que se percebe é que os maiores obstáculos é a própria mulher que se impõe. Mesmo quando trabalha fora, sustenta a casa, cuida dos filhos, do orçamento, e de toda uma série de coisas que parecem impossíveis a um ser humano, ainda assim ela não consegue se dar conta de todo seu potencial, sua força. Parece que ela não pode abrir mão da proteção masculina.
Mas essa proteção tem um preço, e no caso do companheiro Ter atitudes violentas, o preço pode ser muito alto; a própria existência física ou psicológica da mulher.
O próprio sofrimento, a depressão, a falta de sabor e perspectiva de vida, além dos sintomas corporais incômodos (dores) de cabeça, tonturas, tremores etc.), vão dar o sinal de que há alguma coisa errada e apelar para que a mulher olhe para si e procure forças para mudar.
É importante perceber isso, pois se a mulher participa da construção desta história, tem também possibilidade de modificar a dinâmica desta relação ou de outras que venha a estabelecer. É através do resgate de si própria, de seus desejos, do reconhecimento de sua força, de seus recursos internos, que ela pode iniciar seu processo de mudança.

POR ONDE COMEÇAR?
l. –Denuncie
Nada justifica que um homem maltrate ou ameace uma mulher. Manter uma situação de violência impune é arriscar a própria vida. Denunciar ajuda a prevenir.
Procure uma delegacia imediatamente, pois as marcas da agressão são provas indispensáveis.
Na delegacia da mulher, a delegada anotará todas as informações que você fornece, realizando assim um boletim de ocorrência (B.O) este documento é muito importante e pode ser útil, inclusive no caso de uma separação litigiosa.
Depois de feito o B.O e no caso de ter havido agressão física ou sexual, você será encaminhada para fazer o exame de corpo de delito no instituto médico legal. Este exame descreve e comprova, os tipos de ferimentos sofridos.
Se houver testemunhas das ameaças ou agressões, peça para que elas deponham a seu favor; seus relatos também são importantes.
Estes primeiros passos são essenciais para se abrir um inquérito, que levará seu agressor a ser processado e punido conforme a legislação.
Muitas mulheres desistem deste processo por acharem desgastante e inútil. Mas, na maioria dos casos, a denúncia é a única forma de garantia mínima dos direitos da mulher.

2. Procure Apoio Psicológico e Orientação Jurídica.
É importante que a mulher que esteja sendo vítima de violência saiba que existem muitas outras em situações semelhantes. Toda situação de violência provoca marcas psicológicas graves, e, além disso, quando ela ocorre numa relação “amorosa”, é muito difícil para a mulher distinguir, os sentimentos amor/ódio, dependência/independência e tantos outros. Como já apontamos, a mulher nesta relação precisa aprender a redescobrir seus desejos. Nem sempre ela consegue percorrer este caminho sozinha e, por isso, pode ser de grande ajuda a busca de solidariedade em grupos de mulheres e/ou o apoio psicológico de um profissional, a fim de superar este momento crítico.
Muitas vezes a mulher tem dúvidas quanto aos aspectos jurídicos, tanto de um processo criminal, como quanto aos procedimentos necessários para efetivar uma separação. Neste caso a mulher deverá buscar orientação jurídica de um profissional sensibilizado para a problemática da violência contra a mulher.

A LEI E OS PROCEDIMENTOS LEGAIS

Lesão corporal
A lei: Art.l29 “ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem”
Pena: detenção de três meses a um ano.
O que fazer:
Grite por socorro, chame os vizinhos ou pessoas que possam impedir a agressão.
Se estiver muito machucada, vá direto a um hospital público onde há sempre um policial de plantão que anotará sua queixa.
Formalize a queixa numa delegacia de polícia, exigindo que se façam anotações no boletim de Ocorrências e que lhe deem uma guia para Exame de Corpo de Delito no Instituto Médico Legal. Esse exame é fundamental para processar criminalmente o agressor e até para lhe exigir, posteriormente, uma indenização pelos danos causados.
Se houve testemunhas da agressão, forneça na delegacia, seus nomes e endereços para que elas possam depor a seu favor.
Antes do exame médico no instituto médico legal, não se medique por conta própria.
Procure logo a assistência jurídica e um advogado.
Procure o apoio dos grupos de mulheres e instituições de defesa dos direitos da mulher.
AMEAÇA
A Lei Art. 147 “ameaçar alguém, por palavras, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave".
Pena; Detenção de um a seis meses.
CALÚNIA
A Lei Art. 138 “caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime".
Pena; detenção de seis meses a dois anos.
DIFAMAÇÃO
A Lei Art. 139 “Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação".
Pena; detenção de três meses a um ano.
INJÚRIA
A Lei Art. 140 “injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade e decoro".
Pena; detenção de um a seis meses.
O QUE FAZER:
A denúncia desses três crimes tem o mesmo encaminhamento;

Vá à delegacia e leve a queixa por escrito ou peça ao policial que a atender que anote as suas declarações.
Não tenha vergonha de contar o que lhe aconteceu com todos os detalhes, o que quer que tenha sido dito contra você. Havendo testemunhas, indique seus nomes para que elas possam depor a seu favor.
HOMICÍDIO
A Lei Art. 121 “matar alguém".
Pena; reclusão de seis a vinte anos”
O QUE FAZER:
Chamar imediatamente a polícia.
Não se deve, em absoluto, alterar a ou mudar a posição do corpo da vítima nem das coisas à sua volta.
A família da vítima deve contratar, se possível, um advogado(A), para funcionar como assistente do promotor na acusação.
O fato deve ser levado ao conhecimento da imprensa, de instituições de defesa dos direitos das mulheres, dos grupos feministas, de forma a sensibilizar a opinião pública.
A família e os amigos da vítima devem auxiliar na investigação policial e no trabalho de promotoria, de modo a ajudar a preservar a reputação da vítima que, certamente, será acusada de ter dado motivos ao seu assassinato.

COMENTÁRIOS
É muito comum a mulher não denunciar a agressão sofrida. Ela se cala por muito tempo, e quando decide fazer a queixa já tem uma história acumulada de agressões iniciadas há muito tempo. Não é, portanto, a primeira agressão que provoca a queixa, e geralmente não é esta a agressão que provocou danos físicos mais sérios. As mulheres procuram a delegacia para fazer a denúncia quando chegam ao seu limite, quando a agressão sofrida não pode mais ser suportada. É difícil determinar este limite que varia de mulher para
Mulher.
E por que as mulheres demoram tanto a tomar a atitude de denunciar? Por várias razões.
A CRENÇA DE QUE ESSA VIOLÊNCIA É TEMPORÁRIA, CONSEQUÊNCIA DE UMA FASE DIFÍCIL QUE O MARIDO ATRAVESSA;
O MEDO DAS DIFICULDADES ECONÕMICAS QUE ELA ENFRENTARIA NA AUSÊNCIA DO MARIDO;
O MEDO DAS DIFICULDADES ECONÔMICAS QUE ELA E SEUS FILHOS ENFRENTARIAM CASO O MARIDO, COM FICHA NA POLÍCIA NÃO ENCONTRE OUTRO EMPREGO;
A VERGONHA PARA OS FILHOS DE TEREM O PAI PROCESSADO.
A PENA DO MARIDO QUE ‘SÓ É VIOLENTO QUANDO BEBE’.
A VERGONHA DE SER VISTA PUBLICAMENTE COMO UMA ESPANCADA.

Esses motivos fazem com que a mulher aguente diariamente várias e várias agressões.
Esse processo é extremamente perigoso. Das agressões verbais ele passa ao espancamento e depois só resta o assassinato.
Aguentar pode significar ser assassinada a qualquer momento ou, talvez, tornar-se assassina.
Além de tudo, o fato da mulher demorar tanto tempo para dar queixa é um atenuante para sua denúncia,afinal “se ela demorou tanto tempo, por que resolveu dar queixa agora?”
Isto faz com que não levem muito a sério sua denúncia – “pode ser que ela esteja querendo somente dar um susto no marido e nesse caso não adianta instaurar inquérito policial porque ela pode retirar a queixa a qualquer instante... “Essa situação tem um peso muito grande na decisão da justiça sobre a validade ou não de se abrir um inquérito.
Em suma, a mulher não levar a sério o primeiro espancamento é não permitir que a levem a sério quando resolve denunciar.
Orientações jurídicas quando a opção é a separação
A separação nem sempre é a solução dos problemas da violência entre o casal. Para iniciar este processo a mulher deve ter claro que quer tomar esta decisão.
Numa relação conjugal violenta, o caminho a ser percorrido é bem mais árduo, mais desgastante; a separação amigável, em geral não é possível, já que o homem que tem o ‘hábito’ de maltratar a mulher, dificulta a separação, já que esta recusa é mais uma forma de violência. Quando a convivência se torna insuportável o que resta é o processo litigioso.

Em primeiro lugar a mulher não deve sair de casa antes de fazer uma “separação de corpos” onde o juiz dará um documento que a amparará e permitirá que ela saia de casa sem que se configure o “abandono do lar”. No entanto, caso esteja sendo maltratada, espancada, sofrendo qualquer tipo de violência física ou verbal, ela.deverá sair de casa, tendo o cuidado de antes dar queixa numa delegacia de polícia, onde o delegado fará um Boletim de Ocorrência (B.O) que deixará registrada e configurada a violência sofrida segundo as orientações acima.
Em toda separação litigiosa é preciso provar os maus tratos e/ou convivência insuportável através de documentos e/ou testemunhas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo dos tempos a mulher vem sendo vítima de um sem números de violências, das mais diferentes espécies e nos mais diferentes graus – desde as mais evidentes e declaradas, até aquelas que só se deixam entrever no limite da dignidade de cada uma.
Essa violência perpassa as raças, culturas e classes sociais. Muitas vezes justificada pela própria sociedade, que constitui sua semelhança na forma com que as questões da mulher têm sido encaradas.
Esperamos que de fato você tenha encontrado aqui algumas respostas (ou perguntas?) para suas dificuldades, e possa perceber que existem caminhos novos e possíveis.
Equipe da casa Eliane de Grammont
Reproduzido por IRINEU XAVIER COTRIM

Comandante Che Guevara - victor jara