quinta-feira, 6 de junho de 2013

Caminhava no centro velho de S.P, e vi uma cena que já virou rotina nestes tempos apocalípticos! No meio de tantos molambentos sentados ao léu. Uma senhora emborcada levemente gorda, com um monte de molambos, carregava no seu semblante um peso bem maior que o corpo, pedindo piedade, exalava um cheiro forte que inundava o espaço e o fedor espantava alguma beleza que possuía, talvez desde sempre na falta de autoestima que a negara!


A tristeza que senti, foi tamanha que fiquei com dó de mim! Como tem aumentado os deserdados, como tem aumentado o agronegócio, há varias publicações tentando alertar as autoridades que os venenos na agricultura, as químicas conservantes nos alimentos são os MAIORES causadores de doenças, entre elas, o câncer, e mesmo assim, tem aumentado os agrotóxicos, como tem aumentado os que roubam as terras dos índios, como tem aumentado os automóveis, como tem aumentado a corrupção! Como tem aumentado o latrocínio com ódio e mortes pra lá de sagazes. Mas porque escrevo estas questões? É, porque os moradores de rua aumentam na mesma proporção que aumenta os corruptos e corruptores, na mesma proporção que aumenta o agronegócio, o latifúndio, o agrotóxico. A copa do Mudo de 2014 já levou parte do meu imposto de RENDA, é preciso impedir o paraíso fiscal. O demônio anda a solta e a televisão não mostra. E com tantos demônios, o que salvaria a pátria mãe Brasil seria educação e cultura. Povos desunidos nas reivindicações e unidos no futebol, ai que mal.

Tem aumentado a população de rua, tem aumentado a população carcerária, tem aumentado as escolas, mas a qualidade tem diminuído qual o sentido? A EDUCAÇÃO familiar vai mal, a escola de mal pra pior, a saúde, está morrendo gente por falta de atendimento nos hospitais em todo o país.

Tudo aumenta? Não. O que não aumenta. A Ética, a verdade, entre outras tantas. Povo. Não acredite nas mentiras a televisão só veicula o que interessa ao sistema, aos interesses de classe. (Irineu) agora apresento a leitura do Brecht. Vale a pena ler...



Canção da Inocência Perdida

1 O que a minha mãe dizia

Não pode ser bem verdade:

Que uma vez emporcalhada

Nunca passa a sujidade.

Se isto não vale pra a roupa

Também não vale pra mim.

Que o rio lhe passe por cima

Breve fica branca, assim.



2 Como qualquer pataqueira

Aos onze anos já pecava.

Mas só ao fazer catorze

O meu corpo castigava.

A roupa já estava parda,

No rio a fui mergulhar.

No cesto está virginal

C'mo sem ninguém lhe tocar.



3 Sem ter conhecido algum

Já eu tinha escorregado.

Fedia aos Céus, como uma

Babilónia de pecado.

A roupa branca no rio

Enxaguada à roda, à roda,

Sente que as ondas a beijam:

«Volta-me a brancura toda».

4 Quando o primeiro me amou

Abracei-o eu também.

Senti no ventre e no peito

Ir-se a maldade pra além.

Assim acontece à roupa

E a mim acontecerá.

A água corre depressa,

Sujidade diz: Vem cá!



5 Mas quando os outros vieram

Um ano mau começou.

Chamaram-me nomes feios,

Coisa feia agora sou.

Com poupanças e jejuns

Nenhuma mulher se acalma.

Roupa guardada na arca,

Na arca se não faz alva.



6 E veio depois um outro

No ano que se seguiu.

Vi que me fazia outra

Com o tempo que fugiu.

Mete-a na água e sacode-a!

Há sol, cloreto e vento!

Usa-a, dá-a de presente:

Fica fresquinha a contento.



7 Bem sei: Muito pode vir

'Té que nada por fim. fica.

Só quando ninguém a usa

A roupa se sacrifica.

E uma vez que apodreça

Nenhum rio a embranquece.

Leva-a consigo em farrapos.

Um dia assim te acontece.



Bertold Brecht, in 'Canções e Baladas'