quinta-feira, 20 de setembro de 2012

sempre atual- vale a pena ler.

DISCURSO DE ÍNDIO SURPREENDE CHEFES DE ESTADO NA REUNIÃO DA CÚPULA EUROPÉIA




Dívida externa de quem, cara pálida?



Um discurso feito por Guaicaípuro Cuatemoc embasbacou os principais chefes de Estado da Comunidade Européia. A conferência dos chefes de Estado da União Européia, MERCOSUL e Caribe, em maio de 2002 em Madri, viveu um momento revelador e surpreendente: os chefes de Estado europeus ouviram perplexos e calados um discurso irônico, cáustico e de exatidão histórica que lhes fez Guaicaípuro Cuatemoc, cacique de uma nação indígena da América Central.



Eis o discurso:



Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a encontraram só há 500 anos. O irmão europeu de aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram.

O irmão financista europeu me pede o pagamento - ao meu país-, com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse.

Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu também posso reclamar pagamento e juros.



Consta no "Arquivo da Cia. das Índias Ocidentais" que somente entre os anos 1503 e 1660 chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.



Teria sido isso um saque? Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento!

Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, mata e nega o sangue do irmão.

Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos tirados das Américas!



Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos. Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.

Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "MARSHALLTESUMA", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, e de outras conquistas da civilização.



Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar:

"Os irmãos europeus fizeram uso racional, responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?”

Não. No aspecto estratégico, dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias formas de extermínio mútuo.

No aspecto financeiro, foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros, quanto independerem das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar, e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos em cobrar.

Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros que os irmãos europeus cobram aos povos do Terceiro Mundo.

Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça.

Sobre esta base, e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas à potência de 300, isso quer dizer um número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra.



Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?



Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para esses módicos juros, seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas.

Tais questões metafísicas, desde já, não nos inquietam, índios da América.

Porém, exigimos assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente e que os obriguem a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da forma que lhes permitam entregar suas terras, como primeira prestação de dívida histórica... "

Quando terminou seu discurso diante dos chefes de Estado da Comunidade Européia, o Cacique Guaicaípuro Guatemoc não sabia que estava expondo uma tese de Direito Internacional para determinar a Verdadeira Dívida Externa.

Agora resta que algum Governo Latino-Americano tenha a dignidade e coragem suficiente para impor seus direitos perante os Tribunais internacionais.

Os europeus teriam que pagar por toda a espoliação que aplicaram aos povos que aqui habitavam, e com juros civilizados.

veja onde encontrar o livro que escrevinhei.

http://www.scortecci.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=8178&friurl=:-REFLEXAO-EM-FORMA-DE-ORACAO-DO-TEMPO-E-NO-TEMPO-DE-CADA-UM--Irineu-Xavier-Cotrim-:

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Livro: As Bençãos do Meu Avô

“Quase todas as vezes que vinha me visitar, meu avô me trazia um presente. Eles não eram do tipo que as outras pessoas costumavam trazer: bonecas, livros, bichinhos de pelúcia. Minhas bonecas e meus bichos de pelúcia já desapareceram há mais de meio século, mas muitos dos presentes do meu avô ainda estão comigo.

Uma vez ele trouxe um pequeno copo de papel. Olhei lá dentro esperando encontrar algo especial. Estava cheio de terra.
Eu não tinha permissão para brincar com terra. Desapontada, expliquei isso a ele. Meu avô sorriu com ternura.
Depois pegou um pequenino bule de chá do meu brinquedo, levou-me até a cozinha e encheu-o de água. De volta ao meu quarto, colocou o copo com terra no peitoril da janela e me entregou o bule.
-Se você prometer que vai colocar água no copo todos os dias, alguma coisa pode acontecer, me disse ele.
Naquela época eu tinha quatro anos e meu quarto ficava no sexto andar de um edifício em Manhattan. Nada daquilo fez o menor sentido para mim. Olhei para ele com desconfiança.
-Todos os dias, Neshumele, ele repetiu.
E eu prometi. No início, curiosa para ver o que acontecia, cumpri a tarefa sem problemas. Mas, à medida que os dias foram passando e nenhum resultado se apresentava, ficou cada vez mais difícil lembrar-me de colocar água no copo. Após uma semana, perguntei ao meu avô se já era hora de parar. Balançando a cabeça, ele disse:
-Todos os dias, Neshumele.
A segunda semana foi pior, e comecei a me arrepender de ter feito aquela promessa. Quando meu avô apareceu outra vez, tentei devolver-lhe o presente, mas ele se recusou a aceitar, dizendo apenas:
-Todos os dias, Neshumele.
Na terceira semana, comecei a esquecer de colocar água no copo. Geralmente, só me lembrava depois de já estar deitada e, assim, era obrigada a levantar e cumprir a tarefa no escuro. Mas, não deixei de cumpri-la uma única vez. Até que, numa manhã, surgiram duas minúsculas folhas verdes que não estavam lá na noite anterior.
Fiquei perplexa. Dia após dia, elas iam ficando maiores. Mal podia esperar para contar para meu avô, certa de que ele também ficaria surpreso. Mas ele, é claro, não ficou. Com todo cuidado, vovô me explicou que a vida está em toda parte, escondida nos lugares mais simples e inesperados (grifo meu). Isso me deixou encantada.
-E, só precisa de água, vovô? -indaguei.
Delicadamente, ele tocou o alto de minha cabeça.
-Não, Neshumele, -respondeu meu avô. -Só precisa de sua lealdade.
Talvez esta tenha sido a minha primeira lição sobre o poder de servir, mas naquela época não entendi dessa forma. Meu avô não usaria essas palavras. Ele diria que precisamos nos lembrar de abençoar a vida ao nosso redor e dentro de nós. E, diria que, quando nos lembramos de que podemos abençoar a vida, somos capazes de reconstruir o mundo (grifo meu).

Meu avô era um estudioso da Cabala, os ensinamentos místicos do judaísmo. (...) De acordo com a Cabala, em algum momento, no início de tudo, o Criador dividiu-se em incontáveis centelhas, que se espalharam por todo universo. Há uma centelha de Deus em cada ser, em cada objeto, como uma diáspora de bondade. A presença imanente de Deus no mundo e em nós é encontrada diariamente nas formas mais simples, despretensiosas e comuns. (...)

Meu avô era um homem de muitas bênçãos. Elas foram prescritas há várias gerações, pelos rabinos mais importantes, e cada uma delas é considerada um momento de consciência --- um reconhecimento de que foi encontrada a santidade em meio à vida comum (grifo meu). As bênçãos não existem apenas para serem repetidas antes das refeições. Há bênçãos para os momentos em que lavamos as mãos, assistimos ao nascer do sol, perdemos um objeto ou o encontramos, bênçãos para quando algo começa ou termina. Até mesmo a mais humilde das funções corporais tem a sua própria bênção.

Meu avô era um rabino ortodoxo e dizia todas elas, batendo de leve em seu chapéu preto, em homenagem a Deus, muitas e muitas vezes, enquanto ia lidando com os menores detalhes da vida diária. (...)

Como jovem médica, eu pensava que servir a vida fosse algo dramático, repleto de ação e decisões tomadas em segundos. Uma questão de passar noites sem dormir e viajar em ambulâncias, enganando o anjo da morte. Um papel que só poderia ser desempenhado por aqueles que se preparam durante muitos anos. Agora sei que esta é a menor parte da natureza do ato de servir. Sei que o serviço é pequeno, silencioso e está em toda parte. Sei que sentimos com mais frequência através de quem somos do que através daquilo que sabemos (grifo meu). E que todos servem, estejam conscientes disso ou não.

Abençoamos a vida ao nosso redor muito mais do que percebemos. Muitas atitudes simples e comuns podem afetar profundamente os que nos rodeiam: um telefonema inesperado, um leve toque de mão, a generosa disponibilidade para ouvir, um afetuoso piscar de olhos, um sorriso amigo. Podemos abençoar estranhos e sermos abençoados por eles. Grandes mensagens vêm em pequenas embalagens O simples ato de devolver um brinco perdido ou de dar passagem para um carro no trânsito pode ser suficiente para renovar a confiança de uma pessoa na vida. (...) Quando abençoamos alguém, tocamos a bondade guardada nessa pessoa e desejamos que ela se desenvolva (grifo meu).

Tudo o que está sendo gerado em nós mesmos e no mundo precisa ser abençoado. Meu avô acreditava que Deus fez todas as coisas:
- Depende de nós fortalecê-las, alimentá-las e liberá-las sempre que for possível. Neshumele, --- disse ele - as bênçãos fortalecem e alimentam a vida da mesma maneira que a água”.

Autoria: Rachel Naomi Menem

Livro as bençãos do meu avô