terça-feira, 26 de maio de 2009

um ESPELHO no escuro



O que sou aonde vou? No retrato que me faço sempre encontro aquele abraço nunca dado. E, é o encontrar nos chás que faço diante do fogo que arde no tilintar das brasas que acendi os fantasmas que choro. Fazer amor é entrelaçar-se de querer: gostar de si. É chegar de longe para ficar perto. E num aconchegante abraçar-se para se sentir potente, energeticamente as palavras poetizar em versos rezados em prosa. Andar de vagar observa-se melhor, fica-se mais atento, não se perde o momento. O que é o viver se não se perder no presente... O tempo quando é calor intenso e o ar fica relativamente seco, penso que tenho que interagir e salvar a sede das minhas orquídeas que dá um nó na garganta. Ah! Tem que ver como ficam radiantes! Eletrizantes, Não sei quem mais fica em êxtase se eu, ou elas. Depois deste meu entretenimento e cuidados, elas em algum outro momento em sinal de agradecimento se apresentam com algum botão que calmamente se transforma em flor. Pro meu devotamento.
Andar acompanhado de ti, não é para imitar bichos, bichos não é para imitar pessoas. Vejam que falta de dignidade quando pessoas imitam bichos e bichos imitam pessoas. Você é meu bicho de estimação. E com tantos mendigos fedendo cão e querendo pão e, eu justifico não dando um trocado porque vão cachaçar-se. Ora, não sabem os incautos que a bebida é a válvula de escape social.
Um espelho no escuro não reflete minha solidão. As palavras chegaram como pássaros, pousaram e partiram. Sempre fica alguma coisa encravada mesmo que no inconsciente da gente, no mais fugaz do momento.
Quando fomos aquele passeio e passamos o dia todos juntos conversando, comendo, festejando, compartilhando estávamos todos como no mesmo nível de comportamentos. Mas depois do jantar e cada um mostrando-se impaciente, dirigiram-se a sala de visita, foram se sentando e ligaram a televisão. Fiquei a prestar atenção no comportamento: todos ficaram estáticos de silencio de palavras e o olhar de todos se afunilaram para o aparelho centrado naquela sala. O silencio de diálogos foram trocados pelo barulho do som e imagens do televisor, só faltaram ajoelhar-se diante do deus em oração de atenção e silêncio, quebrado no próximo comercial. Senti-me expulso- cartão vermelho – fui para outro ambiente. Ali naquela sala estavam todos juntos e só. Preferi ficar só acompanhado. Quando estou só e me deixo acompanhar pelo livro. Não me alieno nas imagens condicionadoras da televisão. Me aprofundo nos pensamentos e no crescimento e discernimento das imagens que me construo.
Não me quer ouvir falar do tempo. –É tolice não imaginar o veneno dolorido e muitas vezes fatal; da serpente colorida ou da aranha que enfeita e poetiza com suas façanhas de tecer seu habitat enquanto as infecções hospitalares envenenam sem que Deus possa interferir na ganância de riquezas e despudor dos homens deste planeta. A gripe espanhola no início do século XX matou mais de 50 milhões. Ainda esta por virem outras piores. Não aguarde o caos.

11 comentários:

Cida Cotrim disse...

A solidão se dá sozinho ou no meio da multidão, somos só e cada vez mais mal acompanhados, mesmo no meio da multidão, dos grupos, do nosso círculo. O mundo está muito focado no se dar bem, mas este se dar bem é normalmente realizado quando outros se dão mal. Este parece ser o grande mal do nosso mundo. Este processo não acontece sem consequências, e por isso o nosso mundo chegou onde chegou e só tende a piorar. Espero não estar aqui para ver o pior, porque o que já vi me basta.

Desnuda disse...

Li atentamente Irineu. Acho que tem toda razão. Fez um belo texto sobre a realidade que nos cerca. Mas ao ler, aliviou-me o coração, pois imagino que não muitos, mas há os que como você, mantêm a sensibilidade o quanto basta para que haja sim um oásis neste grande e populoso deserto nestes tempos de desumanização.


Grande beijo

Cida Cotrim disse...
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Maria Dias disse...

Vc gosta de flores...Especialmente das orquídias...Gosta de rosas?

Beijinhos de saudade!

Maria

Anônimo disse...

Olá amigo!Um espelho embaçado pode ser limpo, um espelho no escuro precisa de uma luz e ela pode está adiante, num simples clique do dedo.É uma questão de opção né mesmo?

Mariazita disse...

O “Lírios” assinala o Dia Mundial da Criança.
Queres ir conferir?
Um dia feliz.

Beijinhos
Mariazita

Maria Dias disse...

Ah perguntei das rosas pq postava sobre elas...simples assim!rs...

Ah!Passa no Avesso pq tenho um tema bem legal pra vcs comentar...

Beijinhos

Maria

Rose Tunala disse...

oi querido amigo,
passei por aqui para conferir suas letras e navegar outras águas, sair do marasmo.

Beijinhos

Mariazita disse...

Apesar de um pouco extenso, acabamos por não notar o tempo passar, ao ler este belo texto.
Gostei imenso.
Você gosta de orquídeas???
É a minha flor preferida, tenho algumas na varanda, neste momento apenas quatro estão floridas. São lindas!

Uma noite feliz.

Beijinhos
Mariazita

Mariazita disse...

Oi
Sabe que gosto muito do nome "Ireneu"? Escrevi um conto em que o nome da heroína era "Ireneia" - presumo que seja o feminino de Ireneu.
Agradeço as suas palavras no meu "Histórias", e em resposta à pergunta que deixou no ar, devo dizer-lhe que...uma vez que viram políticos todos os homens se transformam :)))

Um beijo
Mariazita

Mariazita disse...

"por que tantos blogs? pra se perder e depois se achar..."

Porquê a pergunta???

Será que estava pensando da Florbela Espanca:
"...que seja a minha noite uma alvorada
Que me saiba perder...p´ra me encontrar"

Ou é, simplesmente, uma crítica???

Também não são assim tantos. Apenas três.
Há quem tenha dois... e há quem tenha muito mais...